No noticiário da Band, dia 27 deste, uma notícia ilustrou bem a falência institucional da autoridade nesse país violento. O fato se passou em Belo horizonte. Um bandido, com farta ficha policial, tentou assaltar uma empresa. O vigia, que possuía porte de arma, atirou. Certamente no intuito de afugentar o criminoso. A polícia prendeu o vigia e o bandido. O vigia ficou preso durante quatro dias, acusado de desrespeitar o Estatuto do Desarmamento. Foi solto, mas está em liberdade provisória. O bandido? O delegado soltou imediatamente.
O que se poderia esperar da parte do Estado diante dessa aberração? No mínimo uma indenização ao vigia por danos morais, além da expulsão do delegado que merecia, por sua vez, experimentar o ambiente da cadeia. O delegado foi apenas afastado e mais adiante, provavelmente, voltará e continuará a cometer abusos e injustiças. Dá para confiar nesse tipo de autoridade?
Em meio à crise que assola o país, no dia 26 desse agitado outubro o presidente da República foi comemorar no Rio de janeiro, num hotel de luxo, seu aniversário. Em mais um ambiente cinematográfico foi homenageado e ganhou “Parabéns pra Você”, cantado por Fafá de Belém que depois abraçou efusivamente o presidente Luiz Inácio tal qual uma Monroe morena enlaçando seu charmoso Kennedy. A musa das Diretas-já homenageou também em tempos idos Teotônio Vilela, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Mas como o presidente Luiz Inácio diz ter o corpo fechado, tudo bem.
Enquanto o presidente se divertia a valer, Gilberto Carvalho, seu chefe de gabinete, homem de confiança, companheiro de longa data – como era Waldomiro Diniz com relação ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu – era acareado na CPI dos Bingos com os irmãos do prefeito assassinado, Celso Daniel.
Carvalho seguiu a tradicional tática petista: desqualificou os irmãos, acusou um deles de desequilibrado, assumiu o papel de vítima, negou, negou e negou que tivesse dito ao Dr. João Francisco Daniel que transportava dinheiro extorquido de empresários de Santo André para alimentar o caixa 2 da campanha presidencial de Luiz Inácio. E para não perder o costume afirmou que por trás da atitude dos irmãos em busca de justiça se escondiam interesses da oposição.
Carvalho foi auxiliado pela tropa de choque petista. A senadora Ideli, como sempre estridente, de tudo fez para impedir que o senador Álvaro Dias lesse trechos de uma fita altamente comprometedora para Gilberto de Carvalho e outros companheiros. Também o senador Arns, em estilo Santo Ofício, tentou fazer com que Bruno Daniel caísse em contradição ao inquiri-lo sobre detalhes desnecessários, relativos a uma das vezes em que Carvalho falou aos irmãos sobre do transporte do dinheiro. Só faltou perguntar a cor do prato do bolo de aipim que Carvalho saboreara na casa de João Francisco enquanto contava sobre seus temores com relação o transporte de mais de um milhão de reais que seriam entregues a José Dirceu. Mas se alguém perguntar ao presidente Luiz Inácio se ele sabia de alguma coisa a respeito dessas misteriosas ocorrências ligadas a sua campanha, naturalmente ele dirá que nada sabe, nada viu e nada tem a ver com isso. Dá para confiar em alguma autoridade do PT?
No Congresso se assiste ao estrebuchar do deputado José Dirceu. Desesperadamente ele manobra para não ser cassado. Perdeu fragorosamente na Comissão de Ética por 13 voto a 1 e imediatamente seu advogado recorreu de novo ao STF. Zeloso de suas atribuições, o ministro Eros Grau ordenou que o relatório que pede a cassação seja refeito, o que enseja ao advogado de José Dirceu solicitar a anulação da sessão da Comissão de Ética que indicou a cassação.
O STF tem dado a depoentes das CPIs como, por exemplo, Delúbio Soares, o bode expiatório do PT que recentemente foi expulso do Partido o que confirma sua culpa, o direito de mentir e não ser preso. O ministro Jobim é também muito solicito com os companheiros. Se tudo isso é legal não parece legítimo. Portanto, pergunto: podemos confiar na autoridade de todos os ministros do STF? E o que Dirceu quer provocar, uma crise entre o Legislativo e o Judiciário para que prevaleça o Executivo? Lembremos que o Camarada Daniel só chora diante de Fidel Castro, seu ídolo e modelo.
Como evidência da falência do governo Lula, também em matéria de segurança, dinheiro e drogas foram roubados dentro das sedes das Polícias Federais do Rio e de São Paulo. Dá para confiar nessas autoridades?
Enquanto isso, um silêncio profundo caiu sobre a febre aftosa e seus calamitosos prejuízos. Leilões estão suspensos, frigoríficos fecham as portas, o agronegócio, esteio de nossa balança comercial, sofre profundo abalo enquanto cresce o número dos países que embargam a carne brasileira. Dá para confiar na autoridade desse governo? Eu não confio.