No próximo dia 23 de outubro será realizado em todo o Brasil, um referendo, ou seja, uma consulta ao povo para que este se manifeste a respeito do comércio de armas e munições no País. A pergunta é duvidosa. Ela seria mais transparente se fosse assim: você é a favor ou contra a posse e o porte de armas?
Todos deveríamos andar desarmados. Mas os criminosos não pensam assim e carregam armas das mais sofisticadas. Nós recebemos de Deus o presente da vida. E, para conservá-lo, necessitamos de bens materiais que o agressor quer nos tirar e que temos o dever de proteger.
Deus, ao transmitir vida aos animais, lhes confiou armas para se defender: a abelha pelo ferrão; a cobra pelo veneno; a lebre e o cervo, a velocidade; o gato, os dentes e as garras afiadas; o cachorro, a terrível mordida; o burro e o cavalo, os coices devastadores; o touro, os chifres; a outros, o mimetismo como disfarce e etc. A nós, o Criador não concedeu nenhuma destas armas, mas nos conferiu a inteligência para descobrirmos meios mecânicos para nossa defesa.
Os prováveis duzentos e sessenta milhões de reais que serão gastos neste referendo, teriam melhor resultado se fossem empregados na educação das crianças, na segurança do povo e na recuperação de criminosos. A pessoa humana não deveria usar armas, mas a razão, e cumprir o mandamento de Jesus:
“Ama teu próximo como a ti mesmo.” ( Matheus 22:39 ).
Entretanto, sempre existem os maus, que se afastaram dos ensinamentos de Nosso Senhor e não respeitam seus semelhantes.
Se o “sim” vencer, e vier a lei do desarmamento, todos deverão ficar desarmados. Mas quem não vai se desarmar serão os criminosos. E, sabendo que estaremos sem proteção, multiplicarão seus ataques às pessoas e às residências. Eu não possuo nenhuma arma e não aprovo a fabricação e o comércio de armas de fogo, mas enquanto o Governo não desarmar os bandidos, nos proporcionando segurança, opto pelo uso de armas de fogo defensivas. Se o desarmamento realmente acontecer, seremos todos ovelhas indefesas.
E quando as ovelhas estão indefesas, os lobos atacam!
(*) Padre Antônio Lorezatto é Reitor da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e Capelão do Hospital Divina Providência de Porto Alegre – RS.
O Papa João Paulo II também se pronunciou sobre o direito à legítima defesa em documento oficial da Santa Sé. Numa das passagens, ele diz:
"Num mundo assinalado pelo mal... existe o direito à legítima defesa mediante o uso das armas. Este direito pode tornar-se um sério dever para as pessoas que são responsáveis pela vida dos outros, pelo bem comum da família ou da comunidade civil em geral. Só este direito pode justificar a posse ou a transferência de armas" (Pontifício Conselho para Justiça e a Paz, "O Comércio internacional dos armamentos: uma reflexão ética", em: Origins 8 [24], 7 de Julho de 1994, pág. 144).