Francisco José Alcaraz anunciou que as mobilizações não terão “precedentes na História da Espanha, ante a negligência do Governo espanhol em sua luta com o bando terrorista ETA”. Além disso, explicou que o objetivo da convocatória será de que as vítimas e a sociedade transfiram o Governo que “não pode estar de costas para a cidadania, levando à rendição ante um bando de terroristas em nome de todos”.
O presidente da AVT indicou que a convocatória está previsivelmente aprovada, depois de haver um consenso entre todas as delegações regionais, em uma reunião da Junta Diretora da organização nos próximos dias. As mobilizações, segundo Alcaraz, serão provavelmente em finais de setembro.
Rajoy insta Conde-Pumpido a que atue “contra aqueles que descumprem a lei”
O presidente do Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, instou o Procurador Geral do Estado a que atue “contra aqueles que descumprem a lei”. Nesse sentido, criticou que Conde-Pumpido não atuasse contra o PCTV e não tomasse medidas cautelares contra Rafael Díaz Usabiaga, “que é membro do Batasuna”.
“O Procurador Geral do Estado tem uma obrigação capital, que é exercer a acusação contra aquelas pessoas que descumprem a lei, e há dois ou três casos nos últimos dias nos quais não o fez”, acrescentou. Junto a isso, qualificou de pouco adequadas as declarações de Conde-Pumpido acerca de que o final da ETA esteja próximo.
Durante uma entrevista na “Ruedo Ibérico” da Antena 3, Rajoy assinalou que “se o Governo e o Procurador Geral do Estado dizem que a ETA vai acabar, só pode ser por duas razões: primeiro, porque estejam negociando ou porque tenha tido alguma revelação”, em resposta à possibilidade de que o Procurador esteja colaborando com a estratégia de possibilitar um cenário para conseguir uma trégua do bando terrorista.
O líder do PP lembrou que há duas vias para lutar contra o terrorismo. A primeira, que se demarca no Pacto pelas Liberdade e contra o Terrorismo que subscreveram naquele dia o PP e o PSOE, que passa por utilizar a lei e os instrumentos do Estado de Direito. A segunda, acrescentou, é negociar com os terroristas “em troca de não se sabe o quê”. Eu tenho a segurança de que o Governo optou por esta segunda fórmula, neste momento, e optou rompendo o que havíamos acordado e o que havíamos feito durante muitos anos, que foi muito útil para debilitar a ETA”, acrescentou.
O secretário geral do Partido Popular foi o encarregado de abrir a sessão de controle do novo curso político espanhol. Sua pergunta, dirigida à primeira vice-presidente do Governo, María Teresa Fernández de la Vega, compilou as últimas informações sobre a negociação com a ETA oferecidas pela cadeia COPE. Acebes começou com a pergunta registrada e que consistia em saber se o Governo está fazendo algo para instar a ilegalização do PCTV após as últimas novidades judiciais. Para o secretário geral, “existem centenas de provas que confirmam que o PCTV, Batasuna e ETA são a mesma coisa”, ao que, a seu juízo, une-se ao fato de que “agora o juiz imputa a vários membros desse partido por pertencer ao bando armado, acrescentando que cumpre mandado da ETA. Porém, os senhores” – acrescentou – “continuam sem instar a ilegalização, descumrindo de forma escandalosa a Lei dos Partidos”.
Nesse ponto Acebes referiu-se à notícia da cadeia COPE – “meios de comunicação”, disse – sobre a possibilidade de que “estão negociando uma trégua e, além disso, pagando um preço político antecipado”. Lembrou também o que expressou Cándido Conde-Pumpido na abertura do ano judicial e na presença do Rei: O Procurador Geral clama o fim próximo da ETA porém na realidade é a claudicação do Estado na luta contra o terrorismo”.
Além disso, acrescentou, a única coisa que a ETA busca é “acabar com a Espanha”. A principal acusação do líder do PP foi que “o Governo oculta informação aos cidadãos”. Pelo contrário, disse Acebes, “o PP e centenas de milhares de cidadão que se manifestaram em Madri só pedem uma coisa: negociação e rendição ante a ETA, em nosso nome, NÃO”.
De la Vega contestou sem apresentar novidades, pendente apenas do tom: “O senhor termina como começou, senhor Acebes, usando o terrorismo como arma audaciosa contra o Governo. Lamento”, concluiu.
Nesta quarta-feira, a cadeia COPE na Espanha, anunciou que o Governo basco e o Governo central chegaram a um acordo para o reagrupamento de presos do bando terrorista ETA, como passagem prévia para uma libertação massiva. É a condição imposta pelos terroristas para uma trégua definitiva. Ambos os Executivos já têm um calendário que aponta os meses de janeiro-fevereiro como início das transferências, uma vez que a competência sobre prisões tenha sido tranferida para o Governo basco.
De fato, o Executivo de Vitoria já trabalha na adaptação das três prisões bascas para acolher os presos etarras. Fontes próximas ao Executivo basco calculam que, uma vez que a ETA verifique o início real desse processo, a trégua definitiva do bando poderia chegar em um ano. As mesmas fontes apontam o último trimestre de 2006 para o início da terceira e mais delicada fase: a excarceração dos presos do bando.
O governo socialista teria exigido esse calendário para “preparar a opinião pública com tempo suficiente para uma libertação massiva”. Entretanto, o ministro do Interior, José Antonio Alonso, negou hoje (15.09) que se tenha pactuado a aproximação de presos e a transferência de competências. Por sua parte, o porta-voz do PP no Parlamento basco, Leopoldo Barreda, qualificou como muito grave a possibilidade de que se reagrupem os presos da ETA.