Esta foi a manchete do Pravda de 23 de agosto: "Pregador americano Pat Robertson exorta os EUA a assassinarem o presidente Hugo Chávez". [*] E o subtítulo: "Cuba e Venezuela unem Estados latino-americanos para confrontarem a crescente agressão imperialista dos EUA". De acordo com o Pravda, a América exporta liberdade a países da antiga União Soviética enquanto seus vizinhos latino-americanos criam um "centro de resistência ativa...". Os principais sujeitos neste centro de resistência são o presidente venezuelano Hugo Chávez e "o insubmergível Fidel Castro". Os dois líderes comunistas apareceram juntos na TV cubana, declarando que a "America é a ameaça número um". De acordo com o presidente Chávez, "o grande destruidor do mundo, e a maior ameaça...é representada pelo imperialismo americano".
Pense sobre isso por um instante. A maior ameaça não é a Al Qaeda. A maior ameaça não é a China Vermelha ou o ressurgimento soviético sob Vladimir Putin. Nem mesmo um Irã armado de ogivas nucleares ou uma América Latina varrida por revoluções comunistas são ameaças. O presidente Chávez, que defendeu a causa de Saddam Hussein e doou milhões à título de financiamento dos esforços de guerra do Talibã, disse em 8 de agosto que a América é "o império mais selvagem, cruel e assassino que já existiu na história". Trata-se de um raciocínio marxista-leninista: "O socialismo é o único caminho...[para] salvar o mundo ameaçado pela voracidade do imperialismo americano". Chávez proferiu estas palavras (no começo do mês) no 16º Festival Mundial de Estudantes e da Juventude, um encontro comunista cuja primeira versão ocorreu na Tchecoslováquia, ainda durante a Guerra Fria. De acordo com o modo de raciocinar tipicamente comunista, os terroristas do 11 de setembro e os narcoterroristas colombianos (isto é, as FARC) são aliados na luta contra o imperialismo americano. A verdadeira nação terrorista são os EUA. Os crimes de Stálin foram cometidos para conter os americanos. As atrocidades de Mao e Pol Pot foram necessárias para detruir os puxa-sacos do imperialismo americano dentro da China e do Camboja. Os expurgos comunistas na Coréia do Norte, Vietnã e nos Estados vermelhos da África foram necessários para garantir a vitório do socialismo. Dado que a América é o maior dos males "que já existiu na história", então medidas drásticas serão sempre justificadas.
Em termos de história "politicamente correta", os ditadores do mundo comunista sempre foram os mocinhos. Os líderes americanos foram sempre os bandidos. É útil, claro, denunciar Stálin e Pol Pot. Eles se foram, então quem os defenderá? O presidente russo, Vladimir Putin, camufla suas crenças comunistas. Ele é um novo homem – um homem cujos crimes ainda não foram totalmente documentados. Mas, mesmo assim, ele segue os caminhos de Lênin e Stálin. De acordo com Peter Baker e Susan Glasser, do Washington Post, "Putin ameaçou cortar o pênis de um repórter francês quando este lhe questionou as táticas russas usadas para amedrontar civis chechenos". Brutalidade será sempre uma característica do comunismo política. É o tom usado por Chávez e Castro. O Livro Negro do Comunismo documenta crimes, terror e repressões cometidos pelo regime de Castro – antecipando assim o terrorismo de Chávez. "Durante as repressões dos anos 60, entre 7.000 e 10.000 pessoas foram mortas e 30.000 presas por motivos políticos", relata o Livro Negro. Castro formou comitês de bairro "para a Defesa da Revolução", para que seus seguidores ficassem de olho nas "atividades contra-revolucionárias". O resultado foi controle social rígido de estilo totalitário. Pode-se ouvir por aí gente ignorante falando da vibrante economia cubana e da liberdade que goza sua população. Mas nonsense é nonsense, mesmo que envernizado pela falsa fachada do regime.
Alguns leitores, como sempre acontece, vão se queixar, afirmando que "o verdadeiro" país totalitário são os EUA. Mas ninguém está trocando Miami por Havana. É fácil identificar um país totalitário: sua população vota com os pés – ao deixar o país (mesmo correndo riscos pessoais). Para condenar o imperialismo americano, os totalitários contam uma mentira atrás da outra. Eles são os grandes desvirtuadores da história. E eles infiltram sua propaganda perigosa nos discursos políticos de europeus e americanos. Consequentemente, as massas, imprudentes quanto ao discurso comunista disfarçado, enguliram a Grande Fábula do imperialismo americano. Perguntem a qualquer pessoa se ela acha que a América é a principal ameaça do mundo e lhes mostrarei alguém que escolheu a revista ou o jornal errado – sem perceber o viés ou pedigree ali contido.
Os nazistas acusaram a América de ser um Estado judaico e culparam os judeus por iniciar a II Guerra Mundial. Os comunistas acusam a América de serem um Estado imperialista e se preparam para acusar os americanos de começarem a III Guerra Mundial. Já está na ponta da língua. A propaganda já cumpriu seu dever. E quando a economia americana vacilar, a propaganda vai ficar cada vez mais evidente até que ela comece a se assemelhar à velha cantilena stalinista (insistindo que, se o mundo quuiser conhecer novamente a paz, terá de destruir a América). O comunismo vê a si mesmo como o principal movimento para conter o imperialismo (americano). Há muitas décadas, o fundador da União Soviética, Vladimir Lênin, disse: "Nós, que lutamos contra o imperialismo, representamos uma aliança que exige grande solidariedade militar, e qualquer tentativa de persuasão desta solidariedade será vista como um fenômeno totalmente inadmissível, como uma traição aos interesses da luta...".
Num documento militar russo intitulado "Marxismo-Leninismo sobre Guerra e Exército", lemos: "O aprofundamento da crise geral do capitalismo nos anos do pós-guerra e as intensificações de suas contradições tornaram as políticas imperialistas mais avestureiras. Ela agora constitui um perigo ainda maior aos povos, à paz e ao progresso social. Os imperialistas estão preparando uma nova guerra mundial, e têm reiteradamente provocado crises internacionais que levam a humanidade às vésperas de um conflito termonuclear".
De acordo com os comunistas russos, "O imperialismo americano tornou-se a força mais agressiva da reação imperialista internacional. Ele é marcado por um ódio mortal pelo socialismo e pelo movimento revolucionário...". Se você acha que essa maneira de pensar não se aplica mais às atuais políticas de Moscou e Pequim, então você não entendeu a situação. O pretexto da democracia, o truque de adotar o capitalismo (na China e na Rússia) são manobras estratégicas de longo prazo. A Cuba de Fidel Castro e a Venezuela de Hugo Chávez têm um papel a desempenhar, na medida em que disseminam o comunismo na Bolívia e na Colômbia. Atente para o tom geral: Todos os terroristas que se opõem à América são justificados em seu terrorismo. Stálin foi justificado em seu terrorismo, e Pol Pot e Mao e Kim Jong Il. Todos foram justificados porque a América – dizem eles – é o inimigo da humanidade. A América é o verdadeiro mal. "Somos os mocinhos", dizem os comunistas.
A propaganda comunista tem objetivos estratégicos. Sujar o nome da América, questionar as motivações americanas e agrupar os descontentes. Há apenas uma razão por que os comunistas fracassaram ao dominar o mundo. A razão são os Estados Unidos (isto é, o imperialismo americano). Sem armas nucleares americanas que contenham as armas nucleares soviéticas, o resto do mundo estaria fadado a uma camisa-de-força totalitária. Faz sentido, portanto, que Hugo Chávez e Fidel Castro queiram destruir os Estados Unidos. Faz sentido que ambos estejam obcecados em lutar numca futura guerra contra a América. Creio, dadas as circunstâncias certas, que eles provocariam tal guerra, e estariam mesmo dispostos a sacrificar seus respectivos países. De acordo com Georgie Anne Geyer, que entrevistou Castro quatro vezes, "a ambição de Catro sempre foi maior que a ilha de Cuba". Conforme Geyer explicou, "os países, em geral, não representam nada a esses homens e suas enormes pretensões... .
Hugo Chávez e Fidel Castro não são pessoas normais. Quanto a Pat Robertson, ele não deveria ter sugerido medidas violentas contra um chefe-de-Estado estrangeiro. Como a morte do presidente Kennedy mostrou (e as fracassadas tentativas de assassinar Castro), os líderes americanos são bem mais vulneráveis a medidas violentas do que líderes totalitários.
Pat Robertson, ex-candidato a presidente dos EUA pelo Partido Republicano e apresentador do programa evangélico diário Clube 700, recomendou no dia 21 de agosto de 2005 que o líder da Venezuela, Hugo Chavez, seja assassinado.
"Houve um golpe do povo para derrubá-lo", disse Robertson. "E o que o Departamento de Estado dos EUA fez sobre isso? Virtualmente nada. E como conseqüência, dentro de 48 horas esse golfe foi desfeito. Assim, Chavez voltou ao poder. Mas tivemos uma chance de agir. Agora ele destruiu a economia venezuelana, e ele vai transformá-la em base de lançamentos para infiltrações comunistas e extremismo muçulmano em todo o continente".
Sobre o aliado Fidel Castro, Robertson declarou: "Sabe, não sei sobre essa doutrina de assassinatos. Mas se ele acha que vamos assassiná-lo, penso que realmente devemos ir em frente e fazer isso".
"É muito mais barato do que começar uma guerra ¼ e não acho que os envios de petróleo impedirão", acrescentou Robertson. "Mas esse homem é um perigo terrível e os Estados ¼ essa é nossa esfera de influência. Por isso, não podemos deixar isso acontecer".
Chavez está se tornando mais violento em sua atitude de condenar os EUA. Domingo, quando apareceu com Fidel Castro, ele disse: "O imperialismo dos EUA ¼ é o grande destruidor do mundo, e a maior ameaça .
Chavez estava respondendo a comentários que o Secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld fez depois de visitar o Paraguai e o Peru na semana passada. Referindo-se às agitações sociais na Bolívia que tiraram do poder dois presidentes em menos de dois anos, Rumsfeld falou com os jornalistas que Venezuela e Cuba vêm influenciando a Bolívia "de um modo que não ajuda .
Incomodados com o relacionamento íntimo entre Castro e Chavez, Rumsfeld e outras autoridades repetidamente disseram que os dois homens estão fomentando instabilidade na América Latina. Os dois líderes têm firmemente negado as acusações.
"Temos a Doutrina de Monroe, temos outras doutrinas que já anunciamos", declarou Robertson. "E sem dúvida, esse é um inimigo perigoso ao sul dos EUA, controlando uma imensa reserva de petróleo, que poderia nos causar danos muito sérios. Temos a capacidade de removê-lo, e penso que chegou a hora de exercermos essa capacidade".
Ele concluiu seu comentário dizendo: "Não precisamos de outra guerra de 200 bilhões de dólares para nos livrar desse ditador durão. É muito mais fácil que agentes secretos façam o trabalho e então terminem a missão".
Aliás, há evidência de que Chavez não está somente apoiando movimentos comunistas na América Latina, mas também revoltas muçulmanas.
Conforme WorldNetDaily noticiou, um desertor militar venezuelano afirma que o Presidente Chavez desenvolveu ligações com grupos terroristas como a al-Qaida, até mesmo fornecendo para esse grupo 1 milhão de dólares em dinheiro após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
Juan Diaz Castillo, major da Força Aérea que foi piloto de Chavez, revelou a WorldNetDaily através de um intérprete que "o povo americano precisa acordar e se conscientizar do inimigo que têm a apenas três horas de vôo dos EUA".
Diaz disse que ele fez parte de uma operação em que Chavez deu 1 milhão de dólares a al-Qaida para despesas de mudança de local, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.
(*) Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política na Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense (http://www.financialsense.com/), é autor de The Origins of The Fourth World War e mantém um website: http://www.jrnyquist.com/
"Quando todas as armas forem propriedade do governo, este decidirá de quem serão as outras propriedades." Benjamin Franklin