por André Arruda Plácido (*) em 05 de agosto de 2005
Resumo: “Seu eu for (candidato), com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez...”. Zagalo deveria cobrar direitos autorais do presidente Lula.
Ainda na campanha, quando insistia que o PT e Lula seriam a maior farsa “na história desse País” fui criticado por alguns. Empossado Lula-lá, outros até diziam que eu era um “elitista” do “mundo novo possível” então realidade.
Pois bem, pouco mais de dois anos e meio do governo(?) do povo, veio a queda de José “Repilo” Dirceu – quem repeliu tudo em seu depoimento à CPMI e até arrancou gargalhadas ao dizer que nunca foi arrogante -, José “assinei sem ler” Genoino, Sílvio “Land Rover” Pereira, Delúbio “Poblema” Soares e Luiz “Globalprev” Gushiken. Também os deputados petistas que se lambuzaram no melado do capital satanizado por Marx vindo de Marcos “Mensalão” Valério: João Paulo Cunha (R$ 200 mil), Paulo Rocha (R$ 920 mil), João Magno (R$ 350 mil), Josias Gomes (R$ 100 mil), Professor Luizinho (R$ 20 mil) além dos diretórios petistas: Nacional (R$ 4,9 milhões), Distrito Federal (R$ 605 mil), Rio Grande do Sul (R$ 1,2 milhão), Rio de Janeiro (R$ 2,67 milhões) e Santa Catarina (R$ 550 mil).
Depois de o filho de Lula, Sandro, ser contratado do PT paulista desde 2002 para “prestar serviço de informática à distância” – o escritório fica em São Paulo. Sandro mora em São Bernardo e os funcionários jamais viram o rapaz no prédio – mas que afirma aos amigos na Internet que “continua vagabundeando e tentando terminar a faculdade” e que tem “fingido que trabalha um pouco”. Sandro parece seguir os passos do pai, que no campeonato disputado com FHC de quem viaja mais, tenta “governar à distância”. Também depois de a Gamecorp, produtora que tem como um de seus sócios Fábio Luis, outro herdeiro de Lula, receber investimento de R$ 5 milhões da Telemar - negócio intermediado pela DBO Trevisan, de Antoninho Trevisan, amigo pessoal de Lula e integrante do Conselho de Ética Pública da Presidência da República! -, das malas de dinheiro, caixa dois, contratos irregulares, dólares na cueca e muitas outras histórias que fariam de Stephen King um aprendiz dos contos de terror, veio o pior: Agora é Lula!
É que o maior alcagüete “da história da República”, Roberto Jefferson, disse à Folha que foi por orientação de Lula que Marcos “Mensalão” Valério e o tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, foram a Lisboa conversar com Antônio Mexias, ministro de Obras de Portugal e antes administrador do Banco Espírito Santo Investimentos. O banco é acionista da Portugal Telecom, que segundo Jefferson, seriam as instituições envolvidas em um esquema de arrecadação de recursos para o PTB e PT. Mexias disse a um jornal português que Valério se apresentou como “consultor do presidente do Brasil”. Em depoimento à CPI do Mensalão Jefferson disse que os partidos receberiam R$ 12 milhões cada, mas a trama não deu certo. Disse ainda que Valério não agiu sozinho porque não possui a “chave do cofre” e que a “matriz da corrupção” está no Palácio do Planalto. Dirceu era muito próxima a Lula...
Já o deputado José Borba (PMDB-PR), responsável pelo saque de R$ 2,1 milhões de contas de Valério, teria utilizado o dinheiro para pagar o apresentador Ratinho por uma entrevista de Lula em seu programa em 2004. Segundo o Estado de S. Paulo, pessoas próximas ao presidente afirmaram que a “entrevista-churrasco” era parte de uma estratégia para alavancar a popularidade de Lula, na ocasião abalada por greves do funcionalismo e invasões do MST. O custo teria sido alto por conta da participação de Bruno e Marrone que chegaram a cantar junto com Lula.
Anthony Garotinho subiu o tom no coral dos indignados: “Cassaram um presidente da República (Collor) que ganhou um Fiat Elba. O filho do presidente Lula ganhou R$ 5 milhões da Telemar, o que equivale a 250 fiats Elba”.
Enquanto isso o presidente Chávez, quer dizer, Lula, monta um palanque por dia para umas trezentas pessoas de seu “curral” para fazer o que mais gosta: discursar e culpar a imprensa pelos atos do PT e de seus amigos mais próximos. “Seu eu for (candidato), com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez...”. Zagalo deveria cobrar direitos autorais. “Eu não devo a minha eleição a favor de ninguém; devo ao povo desse país, que acreditou e que votou em mim e é a ele que prestarei contas”. Para isso precisa descer do palanque...
É a triste realidade. Como afirmou Mikhail Bakunin: “Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo”.
(*) O autor é professor de comunicação, escritor e jornalista, graduado em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (PR) e especializado em Comunicação e Liderança pelo Haggai Institute, de Cingapura.