BRASÍLIA - Defronta-se o governo não apenas com as acusações de mensalões, desvio de dinheiro público para o caixa do PT, vultosos recursos depositados pelo partido no exterior, caixa dois, cartões corporativos e aproveitamento ilícito dos recursos dos fundos de pensão. Existem questões igualmente graves. E obscenas. Tome-se a elaboração do orçamento para 2006, problema no qual Lula se debruçou nos últimos dias. Será outro escândalo, se os números continuarem como estão sendo encaminhados ao Congresso.
Governo desestrura Forças Armadas
Os recursos para custeio e investimentos das Forças Armadas sofreram corte de 50% com relação ao ano em curso. E já vinham sendo uma vergonha, há muito tempo. Não se trata de uma iniciativa do governo Lula. O sociólogo cortou horrores, antes dele também cortaram. O atual presidente segue o mesmo rumo.
Se mudanças não forem feitas pelo Legislativo, obrigará o Exército a deixar de convocar mais 50 mil recrutas, em 2006. De modo geral, rapazes que aprendem uma profissão e são entregues à sociedade como cidadãos. Os recursos para a alimentação de soldados, marinheiros e aviadores servirão para três dias na semana. Os uniformes precisarão passar de uma turma para outra.
Pior, no entanto, fica quando se fala não em renovação do equipamento bélico, mas apenas na manutenção do que já existe. A Marinha imobilizará seus cinco submarinos convencionais, interrompendo a construção de outros e, mais grave ainda, abandonará os planos do submarino nuclear, que se arrastam há anos. Não haverá condições para patrulhar as plataformas submarinas de petróleo, já hoje expostas a qualquer perigo externo. A Força Aérea continuará mais um ano sem a renovação dos caças necessários à substituição dos Mirage adquiridos em 1971. E assim por diante, sem falar do atraso tecnológico.
Essas coisas acontecem por falta de dinheiro, revanchismo contra os militares, coincidência, ou seguem um plano cuja finalidade é enfraquecer e anular as Forças Armadas dos países em desenvolvimento? Ficaria mais fácil para a Nova Roma concretizar o domínio total do planeta.
Conselho de Segurança, adeus
No Itamaraty, dá-se como caso perdido a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A posição contrária às nossas pretensões, adotada pela China e pelos países africanos, muitos dos quais até perdoamos as dívidas, acopla-se à resistência dos Estados Unidos. Para os nossos diplomatas, não se trata de derrota definitiva. Há que insistir, em especial quando acontecer uma reforma na própria ONU.
Existe um fator fundamental obstando a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança: não somos uma nação nuclear. Graças a D. Fernando I e a D. Fernando II, abrimos mão do direito de pesquisa nuclear livre, mesmo sem o objetivo de fazer a bomba. Assinamos o tratado de não proliferação de armas nucleares enquanto os países com assento permanente no Conselho de Segurança deixaram de fazê-lo. O poder militar ainda é o principal fator de decisão na comunidade internacional. O grave é que aceitamos a imposição externa sem tirarmos qualquer proveito. Resultado: mais frustração.
Perigo
A CPI dos Correios abriu a caixa-preta. Quebra-se o sigilo dos fundos de pensão, uma das maiores fontes do dinheiro irregular que abastecia os cofres do PT. A partir da próxima semana poderemos saber que bancos e empresas recebiam os bilhões dos fundos, certamente uma das compensações pelos empréstimos que nem o PT pensou em pagar, nem os bancos em receber. Os fundos de pensão representaram uma das mais inteligentes formas de livrar o funcionalismo das estatais da miséria das aposentadorias.
O funcionário era e continua sendo descontado num percentual de seus vencimentos, todo mês, enquanto a empresa, quer dizer, o governo, contribui com outro tanto, geralmente o dobro. Com o passar dos anos o pecúlio ascendeu a bilhões, e, como não podia ficar sob o colchão, nada mais natural do que investi-lo.
O perigo mora aqui, já que o governo nomeia os presidentes dos fundos e "sugere" onde eles deverão aplicar as fortunas. Aberta a caixa-preta, será possível verificar se as aplicações favoreceram empresas ligadas aos interesses do governo, mesmo em detrimento de sua rentabilidade. Será hora de se convocar Luiz Gushiken, ex-ministro da Comunicação Social e gestor informal dos fundos de pensão...
(Texto recebido por e-mail - sábado, 27 de agosto de 2005 07:08:30)