Ler obras antigas pode se tornar em excelente exercício de pesquisa, ou gostoso passa-tempo, para aqueles que não precisam mais do que satisfazer simples curiosidades. Encontrei em um “sebo” dois volumes dos Clássicos Jackson, volumes XXIII e XXIV (W.M. Jackson Inc.), editados em 1952. Trata-se Heródoto, História, primeiro e segundo volumes, dos quais selecionei alguns temas interessantes.
Para os amantes da “loira gelada” aqui vai uma informação: os egípcios enchiam a cara da preciosa bebida, sendo provavelmente os inventores da cerveja. Quem pensa que numerologia é invenção moderna, se engana redondamente, pois tal “ciência” já era aplicada também no Egito, informa-nos o historiador.
Ainda sobre o Egito, Heródoto joga um balde de água fria naqueles que dizem ter sido usada uma técnica que ainda desconhecemos, para a construção das famosas pirâmides. Teria sido no muque, na força bruta mesmo, a poder de rabanete, alho e cebola, consumidos aos montes.
Há 2500 anos, na agricultura já se conheciam várias espécies que chegaram até os dias de hoje. Além de alhos, cebolas e rábanos, lentilha, fava, canela e alface eram conhecidos dos antigos. Sem falar no trigo, cujo noção de seus primeiros cultivos se perde no tempo. Interessante mesmo é que Heródoto também nos fala do algodão e... do milho, contrariando informações atuais de que o Zea maids é nativo do continente americano. A menos que naquela época houvesse um bom comércio entre os continentes (perdoem-me o cinismo), haja visto que o continente Atlante,"além das Colunas de Hércules" já era famoso. E se alguém duvida da capacidade dos antigos em percorrer o mundo, Heródoto dá noticias do Contorno da África, dois mil anos antes das caravelas hispano-luzitanas.
A terra é redonda? Heródoto fala sobre essa questão.
Para terminar, conclui-se que Jesus não foi o último, nem o primeiro a receber a pena de crucificação. Quem se constituía em ameaça aos velhos sistemas, não se surpreendia se entre as possíveis penas, pegasse a crucificação. 500 anos antes de Cristo soldados vencidos nas guerras eram pendurados aos milhares, satisfazendo o ego, ou aplacando a ira dos vencedores.
Ler Heródoto é bastante cansativo, principalmente para quem não se interessa por usos e costumes de povos antigos e nem pela sucessão de batalhas durante as infindáveis guerras greco-persas. Mas, para quem gosta de garimpar informações, as pérolas encontradas nesses registros antigos compensam os esforços.