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Artigos-->Al-Bolívar: o canal anti-EUA -- 26/07/2005 - 17:58 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Canal anti-EUA



Telesur pretende ser a Al-Jazira do continente. Apesar do convite de Hugo Chávez, presidente Lula preferiu se manter afastado do projeto



TV da esquerda latina faz sua estréia hoje



Lucas Figueiredo

Do Estado de Minas



O sonho não acabou – apesar dos escândalos que assombram o Partido dos Trabalhadores no Brasil. Estréia hoje, em transmissão mundial, a Telesur, o canal de TV por satélite que pretende ser, para a América Latina, o que a TV Al-Jazira representa para o mundo árabe. Patrocinada pelos governos de esquerda e progressistas da Venezuela, de Cuba, da Argentina e do Uruguai, a Telesur terá o slogan “Nosso norte é o sul”. Chamado a fazer parte da frente midiática anti-EUA e anti-CNN, o presidente Luiz Inácio da Silva declinou do convite. Agora, amargando seu pior momento no governo, Lula testemunhará os presidentes Hugo Chávez, Fidel Castro, Néstor Kirchner e Tabaré Vázquez assumirem, juntos, o papel de liderança da esquerda latino-americana.



A idéia de criar um canal que servisse de contraponto à emissora norte-americana de notícias CNN e às grandes redes de TV latino-americanas surgiu logo após o golpe sofrido pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, em abril de 2002. Na época, contando com o beneplácito da Casa Branca, as TVs privadas da Venezuela não só apoiaram o golpe, como chegaram a patrociná-lo. Assim que retomou o poder, por intermédio de um contragolpe, Chávez começou a articular a criação de uma TV inspirada na Al-Jazira. A emissora do Catar surpreende o mundo, com suas imagens exclusivas da guerra do Iraque e um olhar diferente em relação aos países árabes. A Telesur vai transmitir em espanhol e português.



No ano passado, já com o aval de seus colegas de Cuba, Argentina e Uruguai, Chávez propôs a Lula que o governo brasileiro também entrasse na lista de co-patrocinadores da Telesur. O presidente brasileiro preferiu ficar de fora da iniciativa, pois temia uma indisposição diplomática com Washington. Como desculpa por sua posição defensiva, Lula afirmou a Chávez que o governo brasileiro pretendia patrocinar seu próprio canal, a TV Brasil Internacional.



Mesmo sem contar com apoio direto do governo do PT, a Telesur terá como parceiro a Radiobrás. A estatal brasileira, que opera as rádios e TVs do governo federal, deverá fornecer à Telesur seu próprio material. O mesmo deverá ocorrer com a TV Senado e com cinco emissoras públicas estaduais do Brasil. Assim, a Telesur poderá exibir um programa produzido pela Radiobrás e, no bloco seguinte, imagens cedidas pela Al-Jazira, com quem também tem convênio. Em breve, os brasileiros poderão assistir a Telesur. A emissora negocia com canais pagos que operam no Brasil.



Programação



Sediado em Caracas, o canal terá correspondentes em Bogotá, Brasília, Buenos Aires, Cidade do México, Havana, La Paz, Montevidéu e Nova York. O conteúdo da TV defverá ser 50% informativo – noticiários, entrevistas e debates – e 50% de filmes e documentários. A programação jornalística será a vedete da emissora. Os produtores prometem mostrar aquilo que a CNN não mostra – como imagens inéditas da tortura praticada por soldados norte-americanos presos na base militar de Guantánamo. A emissora também dedicará espaço privilegiado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entre outras iniciativas populares.



Cacifado pelo fato de a Venezuela deter mais de 7% das reservas mundiais de petróleo, Chávez vai bancar 51% dos custos da TV, cujo capital inicial é de US$ 10 milhões. Em seguida vem Argentina (20%), Cuba (19%) e o Uruguai (10%). A escolha da data da inauguração – 222º aniversário de nascimento de Simón Bolívar, libertador das colônias no continente americano e patrono do governo chavista – dá o tom revolucionário da estação. A Telesur, aliás, já é chamada de Al-Bolívar, numa referência direta à América Latina, a Simón Bolívar e, indiretamente, à Al-Jazira.



Antes mesmo de ser inaugurada, a Telesur já conquista fãs e desafetos. No site da emissora (www.tvsur.net), há mensagens parabenizando a iniciativa. Do Brasil, entre outros, escreveram Jader Tadeu Fantin (“Chega da cultura americana em nossas casas! Queremos ouvir falar da nossa terra, do nosso povo comum, ver nossos filmes! Queremos saber dos nossos revolucionários, da nossa história magnífica! Venha para o Brasil, Telesur!”) e Eduardo Lopes de Carvalho (“O povo brasileiro está cansado de tanta alienação. Queremos Telesur no Brasil!!!”). O brasileiro Andrei Gurgel criou uma comunidade no Orkut para os admiradores da Telesur.



Já o jornal colombiano El Tiempo, alinhado com o governo pró-EUA, acusou a Telesur – que já transmite experimentalmente para os quatro países que o patrocinam – de fazer campanha para o grupo separatista basco ETA. Isso porque uma das peças publicitárias da emissora tem como pano de fundo a música A Luz de Tieta, de Caetano Veloso, que tem como estribilho “eta, eta, eta, eta”. A guerra da informação vai começar.



Três brasileiros farão parte do Conselho



“O Brasil vai acabar aderindo à Telesur”. A opinião é do jornalista e escritor Fernando Morais, um dos três brasileiros que já integram o conselho da emissora. “Os países que patrocinam a Telesur têm governos progressistas ou de esquerda, e, sendo assim, chama a atenção o fato de o governo petista não ter aderido ao projeto”, observa o autor de “A Ilha”, “Olga” e “Chatô”, entre outros sucessos. Além de Fernando Morais, farão parte do conselho responsável pela linha editorial da emissora o cineasta Walter Salles Jr (“Terra Estrangeira” e “Central do Brasil”) e o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna.



No Conselho Assessor da Telesur, os brasileiros estarão ao lado de grandes nomes como o do argentino Adolpho Perez Esquivel (Prêmio Nobel da Paz de 1980), o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, o diretor de cinema cubano Julio Garcia Spinoza e o astro das telas norte-americano Danny Glover (de “Máquina Mortífera”). A direção-executiva da Telesur também contará com a presença de um brasileiro – o jornalista Beto Almeida, presidente da TV Comunitária de Brasília.



“Já houve várias tentativas de se criar um veículo de comunicação de massa mais à esquerda, mas sempre no formato impresso. O problema er que o número de analfabetos é muito grande. Agora, pela primeira vez, a esquerda terá a oportunidade de competir com o establishment de igual para igual”, comenta Fernando Morais. “A Telesur vai ter a oportunidade de colocar no ar aquilo que não interessa à CNN e aos grandes canais comprometidos com o status quo. Será um canal antiglobalização, antiimperialismo, que vai dar voz a quem não a tem. As pessoas agora vão ter a opção de virar o dial para ver o que diz o outro lado”, prevê o escritor. (LF)



(Correio Braziliense, seção “MUNDO”, 24 de julho de 2005, pg. 24)









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