Aproveitando que o Brasil ainda não o conhece como deveria, o novo presidente do PT, Tarso Genro, aplicou ontem à imprensa nacional uma conversa difícil de engolir. Ao dizer que “o PT é um partido sério”, utilizou como argumento uma mentira. Aliás, escancarada mentira. “Nós administramos Porto Alegre por 16 anos e não houve uma única denúncia”. Além disso, Tarso ainda afirmou que "Valério, para nós, é uma figura secundária. O que interessa saber é qual é o trabalho - entre aspas - que o Delúbio desenvolveu".
Se Tarso não sabe qual era o “trabalho” de Delúbio Soares, talvez saiba qual era o “trabalho” de Diógenes de Oliveira aqui no RS, pertinho dele, dos petistas e do PT gaúcho. Mas se não lembra, o colunista o ajudará a refrescar a memória. Aliás, há políticos que costumam não conhecer ou esquecer os fatos de acordo com as conveniências do momento. Mas há fatos que ficarão marcados para sempre por estes pagos, por mais que tentem apagá-los. E isso nos permite afirmar que a história de Delúbio Soares, o caixa do PT nacional agora desmascarado, guarda profundas semelhanças com a história de Diógenes de Oliveira, o caixa do PT local também desmascarado. Petistas fanáticos, ambos eram arrecadadores, ambos se envolveram com o que não deviam, ambos acabaram flagrados com a boca na botija.
Diógenes era o caixa do PT gaúcho. Foi caixa da campanha vitoriosa de Olívio Dutra para governador. É um ex-guerrilheiro até com homicídio na ficha, que fazia a interface entre o PT, empreiteiros que tinham interesses nas licitações do governo e gente da jogatina. Foi presidente do Clube de Seguros da Cidadania, uma entidade criada para “fazer” dinheiro, recebendo grandes doações para projetos de caráter social que terminaram desviadas para outras funções, como por exemplo, a compra da sede do partido na avenida Farrapos. Um negócio de fachada, uma “lavanderia”, como apontou à época o relator da CPI da Segurança (2001), deputado estadual Vieira da Cunha (PDT).
Quando a bomba estourou, sobrou lama para todos os lados. Descobriu-se então que Diógenes, falando em nome do governo, tinha dito ao chefe de Polícia, delegado Tubino, que achacasse bicheiros de maneira torpe, vil. Queria dinheiro sujo para as atividades do PT, enquanto este publicamente levava adiante sua pregação religiosa de que era a virgem no bordel da política. Mas Tubino gravou a conversa. Além de Diógenes, à época se dizia que o vice-governador Miguel Rossetto havia sido gravado em circunstâncias suspeitas. Tubino não nega. Nesse meio tempo, até uma agenda pessoal foi apreendida – com autorização judicial - na casa de Diógenes. Tinha nomes cifrados de altas autoridades públicas, entre elas o então governador Olívio Dutra, tratado carinhosamente por “Truta” na página do dia de seu aniversário.
Assim como fez com Delúbio Soares e Silvio Pereira em nível nacional, o PT jogou tudo para cima de Diógenes. Então ele, homem da copa e cozinha do governador Olívio, acostumado a freqüentar o Palácio Piratini com a mesma desenvoltura de Delúbio e Pereira no Palácio do Planalto, matou no peito com o ímpeto do guerrilheiro na alcova. Chegou a receber uma reprimenda do PT gaúcho por "falta grave". Grande piada.
Hoje sabemos que o modo de operar do PT nacional é similar ao modo de operar do PT gaúcho. Não dá mais para esconder. Mistura arrecadação de campanhas, corrupção e crime organizado. O Rio Grande do Sul só não soube disso antes pela covardia de setores importantes da imprensa gaúcha, que mesmo invadidos em suas redações, optaram pela política da subserviência a um projeto político corrupto e totalitário.
O curioso é que o PT e seus líderes locais e nacionais nunca sabem de nada. Não sabiam aqui no RS. E agora não sabem lá em Brasília. Assim como Olívio não sabia de Diógenes, Lula não sabia de Delúbio. E Tarso agora diz que quer saber.
O negócio é fazer de conta que a gente não sabe quem é essa turma toda.
*
OPINIÃO DO LEITOR
De Luiz Fernando Dexheimer Rodrigues: “Diego, só não podemos estar surpresos com os acontecimentos. Merecemos tudo isto. Quem colocou esta gente no poder, não com meu voto, merece o que está acontecendo. E tudo isto já aconteceu em menor escala aqui no RS, sabemos disto.
Entregamos o país a um bando de despreparados, guerrilheiros, terroristas e assaltantes de bancos alguns deles, porque prometeram o paraíso a este pobre povo, mais despreparado e analfabeto e incapaz de crítica e análise consciente dos acontecimentos nos últimos tempos.
Este "PT", que trancou um monte de projetos nestes anos todos, impediu um monte de melhorias nestes anos todos, fez terra arrasada de qualquer bobagem que escolhiam para tumultuar os governos nestes anos todos, fez uma oposição estudantil nestes anos todos.... Como iria se esperar que fizessem um governo maduro e decente, e não ideológico e tendencioso para proveito próprio? Não pode ser surpresa.
Achei muito bem feito o episódio do Olívio: ele desprezou e humilhou tanta gente e tantas instituições sérias no período dele no governo gaúcho, que recebeu o próprio veneno e castigo do amigo, irmão, companheirão Lullinha paz e amor.
Se esse coitado (e despreocupado, pois o dele e os dos deles melhorou muito) não manda nem no jardim do palácio, onde os jardineiros fazem estrelas vermelhas por conta própria, como vai comandar esse país? E o "PT" que era o único sabedor de controlar contas públicas, só não consegue controlar o próprio dinheiro? Eles não discutem nem fazem orçamento participativo dentro do partido? Isto é só para consumo externo?
A punição a esta besteira histórica de eleger o Walessa dos pobres, deveria se estender somente aos que votaram nesta fraude. E ele continua com as bravatas, pois é a única ferramenta que ele sabe usar. Ele continua no palanque ou na porta das fábricas dando discursinho de oposição estudantil... Criticando as elites... mas ele é a elite. É rico, não trabalhou a metade da vida, agora brinca de trabalhar (na presidência de um país!!!), e continua a iludir os pobres que tanto quer mostrar que está interessado em ajudar... E vai ficar mais rico pois arrumou um bom salário para o resto da vida...
É a maior fraude eleitoral da história deste país.
É a primeira vez na história do país que o presidente faz força para ser o "corno", desculpe a expressão. Não sabia de nada do partido, não sabia de nada da companheirada. É muito deboche para cima da população!!! Quanta mentira, quanta enganação... E justamente dos únicos sérios, honestos, transparentes e bem intencionados da pobre e podre política brasileira...”
(DiegoCasagrande.com.br - nº 971 – Porto Alegre – terça-feira – 26 de julho de 2005)
***
Comentário:
Félix Maier
Diógenes é o assassino do soldado Kozel Filho, explodido em uma guarita do Exército, em São Paulo, no quente ano de 1968. Diógenes também é o assassino de um oficial americano, cometido na mesma época dos "anos de dinamite". Dizem que Diógenes, atualmente, está borrando as bombachas, com medo de ser assassinado pela CIA.
Assim como Diógenes do Dinamite, que matou no peito a falcatrua petista no Rio Grande (jogo do bicho), para inocentar Olívio Dutra ("que nada sabia"!!!), da mesma maneira Delúbio & Cia matarão no peito as maracutaias petistas em nível nacional, para tentar salvar a pele do Sapo Barbudo ("que também nada sabia...").
Será que essa arraia miúda conseguirá convencer a população que apenas eles são os culpados pelo tsunâmi de lama que cobriu o Planalto Central? É provável que sim, com a blindagem com que Lulla está sendo revestido pela mídia e até pelos partidos de oposição, especialmente o PSDB (que teme que os respingos da sugeira podem atingir o governo FHC), e o apoio que Lulla, mesmo se for considerado culpado, terá das "falanges" totalitárias (CUT, MST, CNB do B, PC do B, CPT, UNE e empresários "orgânicos" ao Partido da Trapaça), que prometeram realizar demonstrações de força nas ruas e no campo.
Sem essa, Lulla e demais petistas, de dizer em público que a ellite é a culpada pelos desmandos vistos atualmente no governo federal. Mesmo porque se há uma ellite, essa ellite é o Partido da Truta (PT), que canalizou rios de dinheiro para si, ao mesmo tempo em que pessoas morriam sem atendimento médico nas filas dos hospitais e crianças indígenas morriam de fome no Mato Grosso.
