Quando, em 75, o valente guerrilheiro, oficial do Exército cubano, José Dirceu, dirigente do Molipo (Movimento de Libertação Popular), desistiu
definitivamente, inteligentemente e a tempo, da luta armada, porque quase todos os seus companheiros já tinham sido mortos, voltou de Cuba e foi esconder-se em Cruzeiro do Oeste (no Paraná), com o nome aristocrático de Carlos Henrique Gouveia de Melo, lá ele logo se fez amigo de dois jovens advogados de Umuarama,
a 25 quilometros dali: um "japonês" e um "italiano".
Essa história todo mundo já sabe. Mas há outras coisas interessantes.
Serraglio
O descendente de italiano chamava-se Osmar Serraglio. Depois de ver seu amigo Carlos Henrique virar dono de armarinho, boutique de pobre, casar-se, ter um filho talentoso e Zeca Dirceu virar prefeito, Serraglio dedicou-se a
ajudar a fundar e, sobretudo, ampliar a Unipar, a Universidade de Umuarama, hoje um riquíssimo mastodonte didático, com 18 mil alunos.
E logo se elegeu deputado federal, deputado da Unipar e de José Dirceu. Ficou lá na Câmara silencioso, apagado, como deputado do baixo clero. Mas ativíssimo no Ministério da Educação e no Conselho Nacional de Educação.
Há pouco, houve eleição na Camara para escolher um novo ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). Dirceu jogou pesado para eleger Osmar Serraglio. Por gratidão? Certamente também. Mas, sobretudo, para herdar os votos de Serraglio em Umuarama e Cruzeiro do Oeste, para o filho prefeito Zeca, já candidato a deputado federal em 2006. Ganhou Nardes, de Severino.
Imposto por Dirceu para relator da CPI do Mensalão, o Serraglio de Cruzeiro do Oeste vai ser relator de Dirceu e não da CPI. Quem viver, verá o que o Serraglio vai fazer para "empizzar" a CPI. Será outro José Mentor. Na CPI do Banestado, Mentor ajudou os banqueiros apontados pelo Ministério Público a nem sequer chegarem à CPI. Serraglio vai querer blindar Dirceu.
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Comentário:
Félix Maier
A CPI do Banestado não deu em nada, foi abortado pelo Petê. Porém, o PTPol (Interpol do Petê) conseguiu um arquivo que nenhum serviço secreto do mundo conseguiria: a quebra dos sigilos fiscais de milhares de empresários brasileiros que não tinham nada a ver com as falcatruas em pauta (remessa ilegal de dinheiro para o exterior, algo em torno de 30 bilhões de dólares; alguns falavam em 90 bilhões).
O cubano-brasileiro e araponga José "Daniel" Dirceu conseguiu para o Petê um arquivo valioso, que poderá ser utilizado para achacar milhares de empresários no futuro (se é que já não estão sendo achacados).