Repercute muito a carta assinada pela ex-secretária Sandra Oliveira, que com seu depoimento ajudou no impeachment do presidente Collor. Foi ela quem denunciou como foi gestada a farsa da chamada Operação Uruguai. Além de enviar sua carta para todos os 513 deputados federais e 81 senadores, a mesma foi reproduzida em alguns dos principais jornais do país. “Sinto uma enorme tristeza ao ver que o Brasil não mudou depois do impeachment de Collor: o povo brasileiro continua à mercê dos desmandos de sucessivos governos, a miséria aumenta, tudo continua igual (ou pior)! (...) É absurdo o presidente Lula dizer que daria um cheque em branco ao Dep. Roberto Jefferson e dormiria tranqüilo... É absurdo ver a cúpula do PT - Dirceu, Genoíno e Mercadante, entre outros, manobrar para abafar a criação da CPI dos Correios. É impossível retornar ao passado. Mas, se eu pudesse, jamais teria denunciado Collor na farsa da Operação Uruguai! Eu tinha a esperanç! a de que poderia viver, com a destituição de Collor, num Brasil melhor, com mais dignidade, honestidade e justiça social” afirma ela, cuja filha que estava esperando à época foi chamada de “bebê do impeachment” e “bebê da esperança”.
O curioso é que Sandra não conta na carta que na ocasião da CPI que levou ao impeachment, cortejada pelo PT e pelos petistas, recebeu até proposta de Waldomiro Diniz, assessor da bancada na Câmara. “Ele me propôs criarmos uma Ong contra a corrupção”, relata ela. $anta ironia.
A carta de Sandra é um apelo aos políticos. “Vocês deveriam ter a dignidade de trabalhar para o país e não contra ele”, escreveu.
(www.opinião livre.com.br - nº 928 – Porto Alegre – quarta e quinta-feira– 25 e 26 de maio de 2005)