Minha esposa, como as demais mulheres, fica aborrecidíssima com a minha negligência em relação às datas mais significativas : o dia do nosso casamento, o dia internacional das mulheres, o seu aniversário, dentre outras. Toda vez que esqueço de, pelo menos, parabenizá-la, ela se torna uma fera pronta pra me devorar. Com jeitinho tento contornar a situação, pedindo-lhe mil desculpas, alegando que o esquecimento é motivado pelo meu temperamento, que não dá a mesma importância pra datas, festas, etc. Com muito custo, ela me perdoa.
Hoje, 10 de outubro, é dia do meu aniversário. Por incrível que pareça, até o momento em que escrevo, ela ainda não me parabenizou. Não sei se me prepara alguma surpresa pra mais tarde.
A lição que tiro desse fato é a seguinte:
Ainda que, realmente, meu temperamento contido não me faça criar grandes expectativas quanto a festas e comemorações, por ser minha esposa, uma certa melancolia me abate nessa hora por ela ter se esquecido, ou deliberadamente ter deixado pra depois um simples “parabéns”; por isso agora compreendo o quanto ela deve sofrer com os meus esquecimentos, já que o sofrimento dela é elevado à décima potência!
E quem sabe ela, ao ter consciência do seu esquecimento, compreenda que eu não delibero magoá-la quando também me esqueço. Quiçá ambos aprendamos com aquilo que, às vezes, deploramos um no outro.
