Todos somos sugestionáveis. Uns mais, outros menos. Existem pessoas que se habituaram, desde cedo, a só agir em obediência às ideias e aos sentimentos dos outros. Têm vontade fraca e aceitam, sem questionar, as sugestões que lhes são dadas. São as famosas “vaquinhas de presépio”. Morrem de dificuldade na hora de dizer NÃO.
Somos essencialmente imitadores. A força de persuasão da moda está aí e não me deixa mentir. As novelas e alguns comunicadores têm conseguido mexer com a cabeça de muitos e até alterar comportamentos e o jeito de falar.
A sugestão pode vir também pela repetição. O provérbio diz que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. E é verdade. Certas coisas afirmadas repetidas vezes acabam por ser aceitas como verdadeiras. Cuidado, portanto.
As forças sugestivas também têm graus. Existem indivíduos que jamais serão bons vendedores ou candidatos bem-sucedidos no campo da política. Seus argumentos e seu todo não conseguem impressionar os ouvintes. Por outro lado, sabemos de pessoas que têm tanta confiança em si que conseguem influenciar favoravelmente os que estão à sua volta.
Hoje a propaganda virou arte. Há todo um aparato que pode reforçar a ideia que se quer passar. A voz deve transparecer a convicção de que o orador está imbuído. O tom deve ser natural e vigoroso (sem autoritarismo). A escolha das palavras também é importante. Tem palavras que são fortes por sua natureza. Os gestos e a postura exercem também grande influência. Tudo é válido quando o objetivo é impressionar.
O sucesso da sugestão está no fato de ser um apelo dirigido ao sentimento e às emoções mais do que à razão. É o sentimento a mola que faz mover as multidões. A História tem exemplos interessantíssimos de líderes que levaram milhares de pessoas a agirem de maneira impulsiva em obediência ao comando do chefe.
AUTOSSUGESTÃO
É quando a pessoa passa uma ordem à sua própria mente. Os casos de autossugestão multiplicam-se nestes tempos atribulados de crise. Cito alguns:
A jovem que perdeu o sossego porque “viu um vulto na casa”. Pode até ter visto mesmo, mas é bom lembrar que a sugestão e o medo fazem ver o que não existe (alucinação).
A família que ficou apavorada com o aparecimento de feitiço na soleira da casa. Adeus paz...
Outra jovem católica que passou a sentir calafrios e perturbações quando voltava de um terreiro, impressionada com as várias estátuas de Exu que lá encontrou.
Outras pessoas que se julgavam muito doentes e que melhoraram sensivelmente quando o último exame médico apresentou resultado negativo. Com a notícia, as dores e os achaques desapareceram como por encanto.
Muitas simpatias podem influir nas pessoas sugestionando-as, embora não tenham nenhum valor terapêutico.
Muitos distúrbios psicológicos graves que são levados aos divãs dos psiquiatras começaram pela autossugestão.
Que lições tirar de tudo isso? Diria apenas que a sugestão é uma poderosa arma de dois gumes. Oxalá o seu potencial fosse canalizado sempre para a construção de um mundo justo e fraterno, do qual as novas gerações pudessem dizer orgulhosamente, no futuro, “aqui vale a pena se viver”.