BODEI, Remo. Crises das filosofias da história. In: BODEI, Remo. A história tem um sentido? Tradução de Reginaldo Di Pietro. Bauru: EDUSC, 2001, pp. 55-59.
O autor apresenta basicamente quatro pontos de vistas acerca da atual crise do telos da história:
1- Droysen: fala da violência das forças elementares, onde há um fluir ininterrupto da vida global; é preciso dar sentido a fenômenos bem delimitados, ou seja, parece que o autor aponta aqui que em meio à uma aparente confusão de modelos, é necessário buscar o sentido em acontecimentos individuais, ou algo próximo a isso se possível;
2- Ranke: cada época é perfeita em si mesma, é o que afirma o autor; dentro de um âmbito maior, parece apontar para sentidos únicos da história, sem relações com a época antecessora nem a posterior, com isso pretende dar um sentido único às épocas, defendendo-se da dialética hegeliana;
3- Dilthey: compreender a história é questão hermenêutica por excelência, o historicismo mostra suas garras: consciência individual X espírito objetivo. O sentido da história passa a ser relativo a cada um, visto ser o instrumento hermenêutico o que dá noção de contexto de vida para o indivíduo baseado na história que tem conotação terapêutica. Por isso “tudo aquilo em que o espírito se objetivou, contém um elemento comum ao eu e ao tu”. P. 57
4- Nietzsche: Dentro da polêmica do historicismo, ele preconiza viver o instante presente como os animais, mas não se pode perder completamente a memória histórica, deve-se compreender que o esquecimento é saudável, que ficar vivendo de passado é loucura, e que é necessário uma vontade de poder para poder superar as dificuldades de cada época (niilismo), e viver de modo completo e consciente o sentido da história.
Enfim, podemos ver que a crise se dá sobre como interpretar o sentido da história, sendo que em cada pensador há um tipo diferente de posição frente a esse sentido. Todos revelam um certo tipo de crise, quer conceitual quer contextual. Afinal, a finalidade da história, em nossos tempos, não nos mostra com clareza qualquer meta, e fica a pergunta se realmente existe qualquer meta a ser alcançada...