Sto Anselmo começa dizendo que “cremos, pois, com firmeza, que tu és um ser do qual não é possível pensar nada maior” , e logo em seguida, aponta os dois caminhos para que essa prova seja verdadeira, são necessários ter na inteligência a idéia desse ser que é impossível pensar algo maior e compreender que ele existe realmente. Para que compreendamos seu raciocínio apresenta o exemplo do quadro, onde o quadro passa da idéia do pintor para a realidade. No caso de Deus, temos na mente a idéia de que é Deus um ser impossível de se pensar algo maior, contudo, se Ele existisse somente na mente de quem o pensou, fica evidente que existirá algo maior, portanto não existe somente na mente mas também na realidade donde provém esse pensamento.
Este é o desenvolvimento do argumento da prova da existência de Deus, sua validade pra época foi de imenso valor, pois respondia a questões sérias acerca do Deus Cristão, contudo, é um argumento invalido, conforme ressalta o comentário:
O conceito que temos de Deus é o de um ser perfeitíssimo e, logo, Deus deve também existir realmente, do contrário não mais seria perfeitíssimo, faltando-lhe a existência. Em realidade, o argumento ontológico não vale: porquanto não podemos, no nosso conhecimento, passar da ordem lógica para a ordem ontológica, das idéias aos fatos, mas deve-se passar das coisas às idéias, da ordem real à ordem ideal.
Podemos perceber o matiz religioso da época dos apologétas da igreja no início do primeiro milênio, quando a fé estava fortemente ameaçada pelo misticismo e as correntes desvirtuadoras do cristianismo. No mais, Sto Anselmo parte de uma linha platônico-agostiniana, onde as idéias ainda se fazem presentes fora das coisas, sendo possível pensar algo separado do ser pensante e nele ao mesmo tempo.
Concluindo, temos o argumento da existência de Deus desenvolvido e aplicado por Sto Anselmo onde ele parte da idéia da existência de Deus presente e fora da mente da pessoa. Como vimos, mistura as ordens ontológica e lógica para fundamentar seu argumento.