SLOTERDIJK, Peter. Regras para o Parque Humano: uma resposta à carta de heidegger sobre o humanismo. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2000, p. 37-57.
Sloterdijk vai dizer que o ser humano poderia até ser definido como a criatura que fracassou em seu ser-animal. Ao fracassar como animal, esse ser indeterminado tomba para fora de seu ambiente e com isso ganha o mundo no sentido ontológico. (P.34) Ora, para heidegger o ser humano é o pastor do ser, e o local em que esse emprego é válido é a clareira, ou o lugar onde o ser surge como aquilo que é. (p. 27)
A domesticação é tratada como fonte complexa, de difícil entendimento para um animal que se transformou em humano, capaz de repetir a façanha. (p.36) Essa domesticação tem que ver com casa, que tem que ver com teoria, que é concatena, por Sloterdijk, como um olhar para fora da janela, olhar que capacitaria as pessoas a teorizar, a trabalhar para domesticar o outro. (p. 37) Toda essa digressão nos faz lembrar de Nietzsche, que faz da vida um Eterno Retorno, compreendendo nessa própria vida a questão da animalidade do homem. A domesticação é um dos pontos mais intensos da crítica nietzscheana.
Ora, o conflito entre o ser criado para a pequenez e o para a grandeza é colocado como a “face velada da clareira” (p.40), visto serem os padres, os professores, e porque não os políticos os responsáveis pela grande força atuadora na domesticação que voltou-se para o próprio ser humano. (p.41) Desta questão surgem os conceitos de criação e educação, pois quando alguns estão preocupados em domesticar, uma grande maioria não entende o porquê deles no mundo e diante deste mundo. (p.44)
O passo seguinte é buscar referências históricas para o “parque humano”. Essas referências se encontram em Platão (p. 48), “desde o Político, e desde a República, correm pelo mundo discursos que falam da comunidade humana como umparque soológico que é ao mesmo tempo um parque temático; a partir de então, a manutenção de seres humano em parques ou cidades surge como uma tarefa soopolítica”. (p.48)
Como enfrentar as desigualdades entre os homens? È a pergunta principal do parque humano; para Platão existe uma arte da criação, da domesticação, onde os seres humanos são controlados e nivelados a fim de serem uma comunidade pacífica e saudável. (p.53) Essa arte da criação é realizar pelo “sábio”, visto ser ele quem restou após os deuses deixarem os homens. (p.55)
Finalizando, o autor sugere que agora foram os sábios que deixaram os homens, sobrando apenas suas cartas. Entretanto, já não há os capacitados, os amigos para a leitura completa dessas cartas, sobrando para os arquivistas a tarefa de investigá-las... mas como são arquivistas... A história parace ser a resposta, mas com muito trabalho para discernir em meio à confusão do esquecimento. (p.57)