Se eu olhasse mais para fora, talvez não sentisse a nostalgia e a solidão prementes que engrossam meus veios interiores. O caso é que, um dia, um passarinho afirmou: você é poeta!Ingênua, acreditei e insisti em buscar a Poesia apenas nas próprias profundezas. Se eu pudesse desacreditar do passarinho e concentrar-me em coisas que realizo mecanicamente, quem sabe a descobrisse até mesmo nas gavetas entreabertas, de onde resquícios do anteontem, vestígios do ontem e prenúncios do amanhã, indecisos, não sabem se saem...para sempre ou se ficam...eternamente. Mas, não. Continuo a perseguir a Poesia dentro mim. E dentro de mim ela não está. Não sou poeta! Jamais fui... Xô, xô, passarinho mentiroso!
