Começa hoje a 14ª Cúpula Ibero-americana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desta vez não vem. Pena. Um dos principais temas da cúpula, cujo lema aliás é "Educar para Progredir", é a possibilidade de usar investimentos em educação como se fosse pagamento da dívida externa.



Justifica Roberto Tovar, o chanceler anfitrião: "Em uma América Latina que continua produzindo pobres, não há dúvida de que a chave para sair dessa situação é fundamentalmente a educação".



Sei que você vai dizer que essa idéia não funciona, porque o dinheiro acabará não sendo usado nem para a dívida nem para a própria educação. Será desviado para alguma conta em paraíso fiscal de algum malandro com amizades no governo.



O problema nem é esse. O problema é que os países latino-americanos continuam parecendo cachorro correndo atrás do próprio rabo. Assim: seus governantes acham que pagar a dívida é sagrado; mas pagá-la significa cortar e cortar investimentos em tudo o mais, inclusive em educação; então, tratam de, periodicamente, inventar alguma maneira de driblar o pagamento da dívida em vez de ir direto ao ponto, que é o reconhecimento de que a dívida é "impagável" nas condições atuais.



Note-se a enrolação no Brasil: pouco tempo atrás, anunciou-se o aumento do já obsceno superávit fiscal (destinado exclusivamente ao "sagrado" pagamento da dívida) com o argumento de que evitaria que os juros tivessem que sofrer ainda mais aumentos.



Pois bem: depois desse anúncio, o BC aumentou os juros duas vezes, mas nem foi reduzido o superávit fiscal nem se fala mais no assunto.

Pensando bem, é até melhor mesmo que Lula não venha. Não tem o que dizer, a não ser as platitudes e metáforas pobres de sempre.



PS - Esqueci de informar que a viagem à Costa Rica é a convite da Associação de Jornalistas Europeus, da Fundação Novo Jornalismo Ibero-americano e da Corporação Andina de Fomento. Perdão.