Resumo: Não há outro jeito senão o de colocar as pessoas em seus devidos lugares: políticos no crime organizado e criminosos na desorganizada e decadente política.
"Ó deuses imortais, que República possuímos? Em meio a que ralé vivemos?" (Marco Túlio Cícero, 63 a.C.)
A revista Veja desta semana mostrou, de forma escancarada, a face bandida que alguns políticos brasileiros pensaram poder ocultar ad infinitum, sem se darem conta de que o número de olhos que os vigiam aumenta a cada dia.
Ficamos sabendo que o deputado federal pelo PMDB/RJ, André Luiz, ex-segurança do marginal Castor de Andrade (fato certamente omitido durante sua campanha), não satisfeito em tentar extorquir milhões do bicheiro Carlinhos Cachoeira para alterar o rumo da CPI da Loterj, ainda declarou ter assassinado oito pessoas! O prefeito de Macapá, João Henrique, do PT/PA (aquele partido que sempre pregou "ética" e "moralidade", mas sem explicar qual era o seu conceito de ética e de moralidade), foi acusado de participar de "um curioso esquema de manipulação de licitações públicas que beneficiava empreiteiras", desviando recursos antes destinados até mesmo a uma creche e a um hospital de cancerosos (é essa a ética e a moralidade do PT!). O também filiado ao PT (partido bom esse!), Flamarion Portela, ex-governador de Roraima, teve o mandato cassado pelo TSE sob a condenação de "usar a máquina pública para fins eleitorais". Andou contratando mais de 5 mil servidores fantasmas, cujos salários eram repassados, por meio de procurações, aos bolsos de "deputados e pessoas ligadas ao governo".
Mas o desfile de maus elementos na política nacional não pára por aí, não. Há também aqueles - muitos! - que só votam a favor de projetos do governo federal mediante a prévia liberação de "emendas parlamentares", cujo dinheiro, se realmente aplicado nas obras a que dizem destinar-se, por certo já teria promovido um enorme desenvolvimento em praticamente todos os cantos do Brasil.
Isso tudo serve para demonstrar que esses políticos não representam o povo coisíssima nenhuma. Representam, isso sim, única e exclusivamente seus próprios interesses individuais, passando por cima dos eleitores, que, curvados, como na brincadeira do "pula carniça", nem conseguem avaliar o peso do pulador em suas costas.
E há ainda os Waldomiros Diniz, os chupadores de sangue do Ministério da Saúde, os comedores de dinheiro do programa "Primeiro Emprego" e dos demais programas "sociais" que só servem para engordar as contas bancárias de quem, descaradamente, rouba a população, mantendo na mesma inércia social e econômica todos aqueles em nome dos quais eles são criados.
Sem falar naqueles outros políticos, raposas velhas, que de tanto tempo no poder, sabem perfeitamente qual o caminho das pedras - aquele caminho certo e sem perigos - que os levará ao aumento de seu patrimônio pessoal sem as indesejáveis intromissões de jornalistas, promotores ou membros dos Tribunais de Contas nacionais. Estes conhecem, como ninguém, a "arte da política".
Diante de tamanha sem-vergonhice, que atitude pode tomar o crédulo eleitor lá dos grotões do País, que nem sabe ao certo para que servem os políticos que, com palavras doces, foram lhes pedir seus votos? Que diferença pode haver entre a impotência desses eleitores e a daqueles que, tendo alguma instrução, conseguem perceber a malandragem dessas rapinas das urnas?
Ora, não podemos mais admitir que riam na nossa cara enquanto tiram o nosso dinheiro! Até quando os políticos brasileiros vão continuar nos fazendo de idiotas? Até que ponto vão prosseguir em seus desmandos? Até quando vão pedir votos, com fala mansa e olhar angelical, para depois de eleitos vestirem a pele de lobo que esconderam do eleitorado durante suas campanhas?
Se é para roubar, matar, extorquir, corromper, mentir, melhor que enveredem desde logo para o caminho do crime, na certeza da impunidade, ao invés de ficarem nos enganando com discursos melífluos e promessas que jamais irão cumprir. E pior: fazendo crescer em todos nós uma raiva generalizada de políticos, que aumenta na mesma medida em que tomamos conhecimento dos escândalos que não param de sacudir o País, de norte a sul.
Se é para ser desonesto, ladrão e assassino, melhor que mostrem, desde logo, essas suas "qualidades", para que, à míngua de qualquer outra alternativa, possamos, entre um e outro, escolher pelo menos os que não as ostentam em grau tão elevado.
Se é para dizerem, com a maior sem-vergonhice, que são anjinhos inocentes, quando todas as evidências demonstram a sua canalhice, melhor que tentem algum papel no teatro ou nas novelas de TV, em que poderão fazer-nos entrar no mundo do faz-de-conta, sem que com isso nos sintamos iludidos.
De nada serve a propaganda que o TSE costuma divulgar em período eleitoral para que "prestemos atenção" nos candidatos que se apresentam e façamos a "escolha certa". Se a tônica de todas as campanhas é sempre a maravilha que todos eles anunciam como resultado líquido e certo da honestidade, da competência e do amor pelo Brasil que todos eles dizem ter, é absolutamente impossível prestar atenção àquilo que não é mostrado. A escolha será sempre errada.
Por tudo isso, já estou quase convencida de que o melhor mesmo é votar em quem se disser bicheiro, narcotraficante, assassino e bandido de qualquer gênero. Estaremos, ao menos, dando nossos votos com a certeza de que jamais seremos enganados. Alguém já ouviu falar de um bicheiro que não tenha honrado sua dívida com apostadores? Ou de um traficante que não tenha efetuado a entrega do produto aos consumidores? Ou de um bandido de aluguel que não tenha cumprido a sua parte no contrato?
Não há outro jeito, portanto, senão o de colocar as pessoas em seus devidos lugares: políticos no crime organizado e criminosos na desorganizada e decadente política. Carlinhos Cachoeira já!