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Artigos-->A Poesia de Elder Oliveira -- 02/11/2004 - 14:44 (Cleberton Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A POESIA DE ELDER OLIVEIRA: FORÇA E ENCANTAMENTO.*



“Escapam da ávida pira só os poemas.”

Ovídio



Malungos e vapores & outros poemas é o livro de estréia de Elder Oliveira , vencedor do Prêmio de Poesia Prof.ª Zélia Saldanha, promovido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, edição 2000.

Um conjunto de 77 poemas, o livro apresenta uma variedade de estilos e formas que vão desde os poemas em versos livres e temas cotidianos aos poemas em métrica tradicional e tom mais sublime.

Poeta lírico, sem derramamentos sentimentais, Elder Oliveira trabalha sua poesia sob a luz de uma inspiração pungente e uma técnica em constante burilação.

No poema-título Malungos e Vapores, o eu lírico aparece metamorfoseado em três figuras emblemáticas da força poética de Elder:



Mensageiro

de água das estâncias

e corpo de espelho.

Hei de polir a pedra

no limo dos caminhos



Cavaleiro

guapo de estepes

gen dos invisíveis.

Brutamonte fera

coração de seda



Violeiro

dos tangos e fandangos

e calangos e congadas.



Um mensageiro da palavra, um cavaleiro com coração de seda e um violeiro de estro firme e fluido, são imagens que perpassam todo o livro, como que afirmando a sua voz em sintonia com uma poética que dialoga diretamente com a tradição oral da cultura brasileira.

Já em Cardume, apresenta-se uma outra dicção, a de uma poesia com tonalidade surreal:



Livros atravessam séculos

Quilômetros de velhos pântanos

Onde piranhas entediadas beijam

Os pés de seus poetas preferidos



Neste poema curto, Elder consegue surpreender pela força da imagem prosaica quando quebra a solenidade dos dois primeiros versos (Livros atravessam séculos / Quilômetros de velhos pântanos ) com a presença insólita de piranhas entediadas que “beijam os pés de seus poetas preferidos”. Um poeta sem halo, como queria Baudelaire, e sem musas pálidas. Mas rodeado de piranhas (quais? as de osso ou as de espinha? ) que ainda reconhecem a voz encantadora dos poetas.

Aprofundando-se nos sentimentos, na memória, no seu eu profundo e desta viagem retornando para despertar a emoção do leitor, como disse Ruy Espinheira Filho na orelha do livro, Elder Oliveira no poema Confidência nos convida a saborear “outra cidade”:



O sabor da cidade

Não ficou na gente

Nem nos peixes

Nem nas casas



Mas no velho chafariz

Onde a gente se afogou



O poeta “confidencia” ao leitor os segredos da sua vivência humana e traz à tona o mapa lírico de uma cidade afogada em sua memória.

Eis aí a força e encantamento de um poeta da nova geração, editado e divulgado graças a um concurso literário promovido por uma instituição universitária. Essa é uma das verdadeiras funções da Universidade, estudar e publicar novos escritores que darão contínua vitalidade à tradição da Literatura Brasileira. E entreguemos à pira o nosso futuro! Sem remorsos passadistas.







Cleberton Santos

Poeta, crítico e mestrando em Literatura e Diversidade Cultural na UEFS.



* Artigo publicado na Tribuna Cultural, do jornal Tribuna Feirense. 31/10/2004, nº 115





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