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Artigos-->Defesa de Cuba = defesa do comunismo na América Latina -- 27/09/2004 - 15:02 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“A defesa de Cuba passa pela revolução socialista na América Latina e no mundo”



por Marcos Jesus Concepcion Albala (*) em 23 de setembro de 2004



Resumo: Saiba porque grande parte dos países sul-americanos, incluindo o Brasil, têm apoiado a ditadura de Fidel Castro.



© 2004 MidiaSemMascara.org



Nota: Esta entrevista não reflete o pensamento nem a linha editorial do Mídia Sem Máscara. Entretanto, o publicamos por acreditar que deva ser do conhecimento dos seus leitores a importância e enorme contribuição que a “Revolução Permanente” de Cuba exerce no processo de comunistização não só da Venezuela, mas de toda a América Latina e quiçá do mundo.



A partir desta entrevista, é possível compreender melhor porque quase todos os países da América do Sul têm dado um irrestrito apoio à tirania do ditador Castro, inclusive o Brasil.

A entrevista foi editada no dia 17 de setembro de 2004 na Venezuela, do site comunista “El Militante”, uma organização da “Corrente Marxista Revolucionária” com sede em todos os países da América Latina, México e Espanha.



Celia Hart, comunista cubana, internacionalista e defensora da revolução bolivariana na Venezuela, participou em nosso país de diferentes reuniões organizadas pela “Fundación Federico Engels” e “El Militante”. Nos últimos meses Celia publicou diferentes trabalhos na web de El Militante, como “La bandera de Coayacan”, “La revolución cubana y el socialismo en un solo país”, e recentemente “El 15 de agosto tomamos el palacio de invierno”, trabalhos que tiveram um forte impacto internacional. Membro do Partido Comunista de Cuba e filha de dois dirigentes históricos da Revolução Cubana, Armando Hart e Haydé Santamaría, conversamos com Celia sobre a atualidade da revolução latino-americana, a situação de Cuba após o colapso do stalinismo e as perspectivas para o socialismo.



El Militante (EM) – Que balanço fazes dos acontecimentos políticos que têm sacudido o continente latino-americano nos últimos anos?



Celia Hart (CH) – Vivemos uma situação revolucionária em escala internacional, devido à globalização capitalista e à atitude do imperialismo. No continente latino-americano esta situação revolucionária percorre todo o território, na Venezuela bolivariana, na Bolívia, Peru... inclusive em países como o México, onde até há pouco tempo parecia que o imperialismo tinha o país sob controle, observa-se uma ascenção revolucionária. Estamos em um momento ótimo para intervir, organizar e conduzir o continente aonde queiramos.



EM – Tua implicação com a revolução na Venezuela é muito grande. Escreveste artigos, estás organizando atividades de solidariedade em Cuba... Que mensagem levarias como revolucionária que vive em uma ilha onde a revolução triunfou, aos trabalhadores, aos camponeses, aos oprimidos da Venezuela e a todos aqueles que no mundo se mobilizam em defesa desta revolução?



CH – A primeira coisa é voltar-se completamente em defesa e pelo triunfo do processo revolucionário na Venezuela. Isso não quer dizer, algumas pessoas podem me interpretar mal, que há que fazer tudo o que diga o comandante Chávez. Creio que todos os trabalhadores da Venezuela têm um dever que lhes transcende como nação isto é, que pela primeira vez em muito tempo, (talvez o antecedente pudesse ser a II República espanhola e a frustrada revolução espanhola), Chávez tenha ou não lido do marxismo, identificou com clareza o imperialismo e a oligarquia como o inimigo de classe. Isto significa que a única maneira de conseguir a libertação da Venezuela como nação, da opressão do imperialismo, é da mão da revolução social. Embora Chávez diga que isto não é uma revolução socialista, os fatos têm que ser interpretados não pelo que as pessoas dizem, senão pelo que são. Aí está o inimigo de classe, e é inevitável que a revolução social se dê vinculada a todas as reivindicações do povo oprimido. Internacionalmente, todos os que lutamos pela causa dos trabalhadores e cremos que a solução dos problemas deste planeta está na revolução socialista, temos que nos comprometer com esta revolução até a medula.



EM – Em um dos teus artigos “A revolução cubana e o socialismo em um só país” que gerou uma polêmica pública muito positiva, defende-se a revolução cubana desde uma perspectiva internacionalista e sua continuidade na revolução latino-americana e mundial. Além disso, fazes um balanço muito crítico sobre “o socialismo em um só país”, questionando de maneira demolidora essa idéia anti-marxista de que é possível edificar o socialismo dentro das fronteiras nacionais em um país isolado, algo que ficou manifestado depois do colapso da URSS. Que balanço fazes deste debate e sua relação com Cuba?



CH – Para mim sempre foi muito importante o pensamento de Trotsky, do mesmo modo que Marx, Engels ou Lenin. Depois de escrever “La bandera de Coayacan” defendendo a necessidade de Trotsky, tinha que dar um passo a mais em minha própria reflexão. Eu sou marxista e creio na luta de classes, sou uma amante de minha revolução, creio que Fidel Castro e Che Guevara são uns internacionalistas tremendos, muito martianos e este último, José Martí, é um personagem que há que estudar muito mais, pois ele odiava as fronteiras e o único sentido que lhe dava à independência nacional no século XIX, era com o objetivo de que o imperialismo ianque não tomasse o controle da América Latina e do mundo; ele tinha um forte instinto internacionalista. Portanto, para mim era essencial tomar as idéias de Trotsky e seu internacionalismo frente à minha revolução e em defesa dela. É certo que há um enlace, sou física e estou convencida de que isto é assim.



Queria, além disso, que ficasse claro para meus camaradas em Cuba, porque estava tomando a Trotsky neste momento: precisamente pela revolução cubana e porque seu sentido é a revolução na América Latina e a revolução mundial. Se lês os textos de Fidel ou do Che, te dás conta de que o único sentido que pode ter a revolução cubana é a revolução no mundo. A solução à revolução cubana, em sua defesa e sua continuidade depende do mundo, da revolução internacional. Aí estão as lições da história, por isso creio que Trotsky que foi tão relegado e caluniado, algo que ninguém me explicou, neste momento é ainda mais necessário. Eu perguntei em inúmeras ocasiões, por que lemos Gramsci, por que há que ler a Mariategui, Rosa Luxemburgo e por que não Trotsky? A ligação entre minha revolução e Trotsky é evidente.



EM – Acabas de dizer que temos que nos basear nos fatos e não só nas definições. O Che é um símbolo da revolução cubana, porém também da revolução internacional. Foi, além disso, Karl Marx quem explicou a necessidade da revolução mundial, do internacionalismo e quem cunhou o termo de “Revolução Permanente” em seus escritos sobre a revolução alemã de 1848. Lenin, que não fez mais do que aplicar na prática o programa marxista, sempre teve como sua primeira prioridade a organização internacional dos trabalhadores, a III Internacional e a revolução mundial, à qual considerava mais importante que a própria revolução russa. Neste sentido, a figura do Che tem relação com isto que estamos dizendo?



CH – Absolutamente. Além disso, à medida em que o tempo transcorre, as coisas se vão tornando mais claras, os fatos se vão clareando. Eu digo que o Che iniciou a era da revolução permanente na América Latina porém, não somente isso. Creio que ele foi o continuador dessas idéias até converter-se no símbolo da juventude mundial. A mim não me importa, sinceramente, que o Che tivesse lido ou não Trotsky, porém ele foi um internacionalista que participou incondicionalmente da revolução cubana. Era um revolucionário do mundo, liberando a batalha lá onde houvessem oportunidades revolucionárias. Para mim, a afirmação do Che de fazer da América Latina muitos Vietnames, o converte no melhor discípulo de Trotsky. Ele renunciou a responsabilidades muito importantes em Cuba, com a convicção de que era necessario para o triunfo da revolução internacional. Lhe faltaram coisas seguramente; os comunistas da Bolívia lhe traíram, porém ele deu o passo, se comprometeu, por isso o Che tem que ser nosso símbolo.



EM – Neste momento, todos os trabalhadores conscientes, todos os comunistas temos a obrigação de nos comprometermos firmemente com a defesa das conquistas da revolução cubana e contra o bloqueio criminoso dos EEUU, que pretende acabar com a economia planejada e a revolução, e restabelecer o capitalismo em Cuba. Porém, os marxistas entendemos que o futuro da revolução cubana se resoverá não apenas pelas próprias forças revolucionárias que há em Cuba, senão pela arena da luta de classes internacional. Sem a extensão e o triunfo da revolução socialista na América Latina, a ameaça da restauração capitalista em Cuba se fará cada dia mais real. Qual é tua opinião a respeito?



CH – A revolução cubana converteu-se, sem dúvida, em um símbolo e se eu a defendo não é por ser cubana ou haver nascido na Ilha, senão pelas mesmas razões pelas quais também defendo a rvolução de outubro na Rússia. Para mim, têm o mesmo valor. Alguns compatriotas podem pensar: como que uma martiana pode defender estas proposições? Eu lhes respondo com o que sempre defendeu Martí: a independência de Cuba era um meio para conseguir resolver os problemas do mundo e acabar com a dominação imperialista. Alguns colocam José Martí em um plano patriótico vulgar.



Minha revolução surgiu na década de sessenta, com um claro compromisso de classe e a única maneira de triunfar era como revolução socialista. O próprio Castro, em uma carta que enviou à revolucionária Celia Sánchez, me chamou assim por ela, afirmava: “quando esta guerra terminar, começará para mim uma guerra que não acabará jamais”. Pode-se ler nas entrelinhas o que Fidel queria dizer. Também é certo que as revoluções quando triunfam tendem a estabilizar-se, necessitam assegurar a vida cotidiana das pessoas e se consolida um aparato administrativo. Lembro-me de que minha avó paterna dizia a meus pais, ao cabo dos três ou quatro anos da revolução: “porém, olhe Armando, já ganhamos; agora vamos viver, não?” e minha mãe dizia: “quando ganhamos?”, demonstrando o instinto revolucionário de não parar, de não acomodar-se.



O certo é que o problema que supôs o desenvolvimento do stalinismo impregnou os processos revolucionários em todo o mundo. A vitória de Stalin sobre a internacional, sobre as idéias comunistas, foi a maior traição da história contra as idéias revolucionárias. Tratou-se de arrebatar o internacionalsimo às idéias e o programa do comunismo, e agora estamos vivos para recuperar o autêntico conteúdo do internacionalismo para os comunistas. Inclusive em Cuba tínhamos, antes da revolução, o velho Partido Comunista (o Partido Socialista Popular) integrado por bons militantes porém, com um corte político stalinista tremendo! É uma autocrítica que os comunistas temos que fazer, pois levamos durante muito tempo o peso morto do stalinismo em nossas costas, ou não o combatemos o suficiente, ou não fizemos o que tínhamos que fazer e portanto ele ganhou.



Nessa situação, a revolução cubana fez frente ao imperialismo norte-americano e triunfou. Muitos dizem que sem a URSS isso não teria sido possível. Eu, ao menos, não vejo nada claro nesse racocínio, não é nada evidente que fosse assim. Creio que ninguém parava Fidel e, na melhor das hipóteses, é possível que ainda estivéssemos lutando. O certo é que em um determinado momento a URSS nos forneceu petróleo, armas, um fluxo muito importante de recursos materiais que nos permitiu fazer obras maravilhosas em muitos terrenos, porém esse não foi o único papel que teve em meu país. Penso que analisando-o criticamente, pudíamos ter prescindido disso. A URSS nos traiu durante a crise dos mísseis. O povo cubano estava disposto a tudo naquele momento e, quando finalmente chegou-se ao acordo entre a URSS e os EEUU, nenhum cubano participou da celebração. O stalinismo e a burocracia são um mal que persiste em toda revolução triunfante e a maneira de combatê-la é a revolução mundial.



A história em Cuba nem sempre foi muito bem explicada. Eu tive que ler Trotsky casualmente e quando as conheci, eram as minhas idéias. A burocracia em meu país também calou em núcleos do Partido Comunista com suas tendências conservadoras, buscando a tranqüilidade, o “status quo”. Agora, dado o momento no qual se encontra a revolução cubana, é mais necessário continuar a luta e, para mim, a defesa de Cuba e suas conquistas revolucionárias passa pela revolução mundial e em primeiro lugar, pelo triunfo da revolução socialista na América Latina.



(*) Marcos Jesus Concepcion Albala é diretor geral de Argos Is-Internacional.

Fonte: lavozdecubalibre.com

Tradução: Graça Salgueiro









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