Durante os 15 dias em que permaneci no Rio de Janeiro, algumas coisas me assustaram. Dentre elas, posso colocar em destaque a maciça propaganda petista, que é feita acintosamente, por todos os meios disponíveis e sem olhar custos.
Por toda parte se encontra uma grande quantidade de publicações que apresentam as versões mais incríveis e deturpadas dos acontecimentos presentes e passados, retratando os petistas como os protetores dos pobres e oprimidos.
No balcão de uma loja de turismo, por exemplo, havia uma pilha com cerca de 500 exemplares do jornaleco BAFAFÁ, de distribuição gratuita, que se intitula defensor da opinião pública e que tinha, como manchete de primeira página a ANISTIA. Deste artigo, só para dar uma idéia do conteúdo, extrai o seguinte:
Um quarto de século após ser decretada a anistia não atingiu seus objetivos. Enquanto milhares de perseguidos pela ditadura não receberam nenhuma reparação os sicários e torturadores gozam de todas as vantagens. Estão ai, impunes e desafiadores, tripudiando sobre a situação de suas vítimas, numa inconcebível violência contra elas.
Ora, quem acompanha o noticiário e toma conhecimento do festival de indenizações milionárias que são distribuídas entre os "anistiados" filiados do PT, não obstante nunca terem sido cassados - e ainda que qualquer prejuízo tenham sofrido, como os casos flagrantes de Ziraldo, Cony e do próprio Lula - se surpreende com estas alegações sem qualquer fundamento. Principalmente se considerarmos que pouquíssimas foram as vítimas dos atentados terroristas que receberam pífias compensações, e grande o número daqueles que foram afastados de seus cargos mediante simples acusações incomprovadas de participação em tortura ou repressão antiterrorista.
Ao longo de 16 páginas são desfilados acres artigos contra todos aqueles que se opuseram ou se opõem contra os desígnios marxistas do atual governo, e que se encerram, na última página, com uma acirrada defesa da criação do Conselho Federal do Jornalismo.
Inúmeros outros jornalecos e folhetos de natureza equivalente são igualmente distribuídos gratuitamente pela população, num custoso processo de tenaz propaganda, incutindo na mente dos desprevenidos uma versão adocicada e velada da doutrinação marxista, esta utopia que a prática já demonstrou ser não apenas improdutiva como também nociva e geradora de miséria e sofrimento, onde quer que tenha sido instalada.
O mais surpreendente ainda é que esta ação sutil tem sido encarada com benevolência e tolerância, sem que provoque reações e respostas a altura das nossas elites pensantes, que parecem estar adormecidas ou terem sido cooptadas.
