Esposas de astros do PT mudam-se para Brasília e já têm até emprego público. Com o governo petista, Brasília começou a registrar um fluxo diferente depois do expediente das sextas-feiras. Em vez de promover tumulto no aeroporto, com pencas de funcionários graduados pegando um avião para passar o fim de semana no Estado de origem, a cúpula do governo tem ficado na capital federal. Os petistas já escolheram restaurantes e bares preferidos – que ficam apinhados de gente nas noites de sexta-feira – e montaram seu cardápio de lazer dominical, com caminhadas pelos parques ou idas ao cinema. A explicação para o fenômeno não se encontra num súbito encanto com as qualidades de Brasília, mas com um lado mais prático da vida – o dinheirinho no fim do mês. Ao contrário da tendência verificada em governos anteriores, as mulheres das autoridades petistas mudaram-se para a cidade de mala e cuia e já conseguiram o fundamental: um emprego – público, de preferência. Entre os dezessete ministros que foram morar em Brasília, treze estão acompanhados de suas respectivas companheiras. Das treze companheiras, seis já estão no batente. Margareth, mulher do ministro Antonio Palocci, da Fazenda, uniu o útil ao agradável: está ao lado do maridão, mora numa bela residência às margens do Lago Paranoá, a mesma que era ocupada pelo ministro Pedro Malan, e ainda obteve um tremendo aumento salarial. Em meados do ano passado, Margareth, médica sanitarista, fez concurso para trabalhar na prefeitura de Ribeirão Preto, então comandada pelo marido. Havia só uma vaga. Ela tirou o primeiro lugar. Passou a ganhar 1.120 reais. Agora, contratada como assessora da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), recebe 4.850 reais mensais – um aumentinho de mais de 300%. Precavida, Margareth conseguiu o emprego na capital federal e só depois, ou oito dias depois, é que se desligou da prefeitura de Ribeirão. Maria Rita, mulher do ministro da Casa Civil, José Dirceu, também aumentou a renda. Socióloga, concursada do governo paulista há 27 anos, Maria Rita ganhava 5.189 reais. Agora, como assessora da presidência da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), órgão do Ministério do Planejamento, recebe 7.000 reais por mês. Brasília tem sido uma bênção para algumas companheiras. Há quatro anos, Sonia, esposa do ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, aposentou-se no Banco do Brasil, aproveitando um plano que estimulava a demissão, o chamado PDV. Morando em São Paulo, tentou a sorte com uma pequena empresa, não teve sucesso e resolveu dedicar-se ao lar, ganhando a aposentadoria do BB. Ao se mudar para a capital federal, as coisas melhoraram. Foi contratada pela deputada Selma Schons, do PT do Paraná, por 3.500 reais, para prestar assessoria. Mas já trocou de emprego. "A companheira Sonia achava que teria tempo disponível para trabalhar aqui, mas descobriu que não tinha", diz a deputada. "Aí, a gente decidiu que ela iria para um gabinete em que não precisasse trabalhar em tempo integral." Sonia, hoje, trabalha no gabinete do deputado Paulo Bernardo, do PT paranaense, que não informa quanto paga à mulher do ministro, nem o tamanho do expediente que ela cumpre.
Margareth Rose Silva Palocci
Cônjuge: Antonio Palocci, ministro da Fazenda
Profissão: médica sanitarista
Cargo: assessora da presidência da Fundação Nacional de Saúde
Nomeação: fevereiro de 2003
Salário: 4 850 reais
Maria Rita Garcia
Cônjuge: José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil
Profissão: socióloga
Cargo: assessora da presidência da Escola Nacional de Administração Pública
Nomeação: março de 2003
Salário: 7 000 reais
Márcia Milanésio Cunha
Cônjuge: João Paulo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados
Profissão: jornalista
Cargo: assessora da presidência do Serviço Social da Indústria (Sesi)
Nomeação: março de 2003
Salário: 6 000 reais
Sonia Lourdes Rodrigues Berzoini
Cônjuge: Ricardo Berzoini, ministro da Previdência
Profissão: bancária aposentada
Cargo: assessora no gabinete do deputado Paulo Bernardo (PT-PR)
Nomeação: maio de 2003
Salário: Não informa
*Parafraseando Bóris casoy: Isto é no mínimo, uma vergonha!