
993300>Nesta hora, que também já senti e fiquei com o cérebro bloqueado, como hei-de proceder? Assim:
Miguel de Sousa Tavares, embora por impositivo profissional se estabelecesse em Lisboa, nunca deixou de desmonstrar seu profundo e permanente afecto pela Invicta Cidade, donde é natural.
Jornalista em todas as vertentes, comentador entre todos os parâmetros e ultimamente escritor de promissor sucesso, é dotado de um carácter que, como soer é dizer-se, tem génes de família de peixes que sabiam eximiamente nadar. Todavia, teve sempre o cuidado de ganhar a sua independência cívica exclusivamente por si mesmo.
O Miguel acaba de perder a presença física de sua mãe porque inexoravelmente a vida tem por aí o fim e quiçá, ainda por enquanto indemonstrável, um ingnoto princípio, cuja eventual essência coloquêmo-la, para melhor nos aproximarmos do busílis, em meditação face ao zero.
Miguel Sousa Tavares, para já, tem o inefável conforto de saber que a memória de sua mãe usufrui de honrosa cadeira entre os maiores vultos da literatura, e também decerto que se orgulha por outrossim saber de antemão que cada vez mais os escritos de sua progenitora a vivificarão permanentemente.
Por conseguinte, as felicitações do futuro acobertam até à insignificância os pêsames deste dolorido momento e sobretudo o inevitável abutricismo que vai seguir-se.
António Torre da Guia |