Se o governo continuar com o discurso (ao meu ver equivocado) de que o sistema de cotas - nas universidades públicas -, para os nossos irmãos de pele negra, visa, tão-somente, reparar a grande injustiça que foi o trabalho escravo, realizado por seus antecedentes, quase sempre sem observância da dignidade da pessoa humana. E se levarmos em conta que o trabalho escravo não se fez com observância das garantias dos direitos básicos e fundamentais de moradia, alimentação, educação, assistência à saúde, entre outros, somos forçados a concluir: os milhares de brasileiros de pele branca, que hoje ganham até R$260 reais por mês, teriam direito, líquido e certo, ao mesmo benefício, como forma de reparar a flagrante injustiça a que estão obrigados, por força da insensibilidade e hipocrisia de alguns parlamentares. Sem falar nos trinta e cinco milhões de brasileiros que estão abaixo da linha de pobreza e miséria absolutas. Sem emprego, e sem esperanças. Mas com direito ao voto.
