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Artigos-->DE COMO EU ESCREVI PAPAI MATOU MAMÃE -- 21/05/2004 - 13:50 (Marco Antonio Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Papai matou mamãe é um poema que considero denso, repleto de emotividade, que quando o releio, chego sempre a chorar.

A história contada neste logo poema surgiu de uma forma pouco usual, que agora me predisponho a contar.

Lá pelo final de 1987, retornava da faculdade de economia, que cursava à noite na Universidade Católica de Salvador, e como não tinha carro naquela época, me servia do transporte coletivo disponível na cidade.

Pois bem, nesta mesma viagem me aconteceu algo sobrenatural: uma presença um tanto sutil se manifestou em meus pensamentos e me apresentou, numa questão de segundos, ou menos, todo um espetáculo cênico, um monólogo, onde o personagem narrava sua vida de dissabores desde que seu pai matou sua mãe.

O espetáculo veio inteiro em minha mente, com cenários, figurino, iluminação, movimentação de cena, pois haviam outros personagens, mudos, que representavam as lembranças do dito protagonista.

Aquilo me assustou a princípio, mas também me deixou fascinado.

- Que beleza!

Pensei naquele momento, considerando a estranha ocorrência como uma manifestação sobrenatural, uma comunicação com outro plano.

Desde minha infância e mais fortemente na adolescência, experimentei fenômenos psíquicos, espontâneas ou não, e desde o falecimento de minha irmã naquele mesmo ano, busquei e encontrei muitas respostas no espiritismo, do qual tomei conhecimento somente depois de sua passagem.

Ao chegar em casa fui tomado de uma estranha compulsão para escrever aquela história, como uma peça teatral.

Praticamente passei a noite em claro, escrevendo, desenhando os quadros referentes às cenas que estavam e até hoje estão, vivas em minha mente, como uma memória de um fato físico experimentado.

Aquela compulsão não parou por ali.

No trabalho e na faculdade, por quase uma semana, começava a escrever as falas e orientações de cena, chamando a atenção dos que me rodeavam, pela velocidade com que eu manuscrevia aquele texto.

No entanto, a cada palavra que eu deitava no papel, uma sensação ruim se apossava de mim.

As palavras eram amargas, destilavam ódio e ressentimento, desespero e maldade, que causavam tremendo mal-estar em mim.

Uma certa noite, estando em casa somente eu e minha mãe, senti novamente a necessidade de escrever a peça, que tinha como nome o mesmo que dei ao poema: Papai matou mamãe.

Mas como já havia me decidido, engavetei todos os manuscritos e me recolhi.

Não tardou muito para que uma grande confusão mental me tirasse do leito, pois as imagens e falas do protagonista da tal peça não paravam de desfilar dentro de minha cabeça.

Sei bem o que acontecia. Eu era vítima de uma obsessão, como se costuma falar entre os espíritas.

Sabia desde o início, mas não me importei, pois não costumo seguir regras com facilidade, portanto transgredi feio o que os orientadores do centro que freqüentava diziam a respeito de contatos com seres sobrenaturais.

Para aliviar a tenção, resolvi tomar uma ducha fria, mas eis que durante o banho a coisa foi ficando mais difícil.

As vozes em minha cabeça eram altas, como gritos, e eu comecei a discutir com aquelas vozes que diziam que eu tinha que escrever a tal peça.

Decidi que não o faria, e que destruiria tudo.

Ao sair do banheiro, dirigi-me à minha escrivaninha, quando fui jogado sobre uma poltrona, como se alguém invisível quisesse me dominar.

Neste momento eu falava para aquela força que não faria nada que estava me forçando a fazer, e para surpresa minha, comecei a falar como aquela entidade.

Minha voz mudou de tom e minha boca não obedecia minha vontade, discutindo eu comigo mesmo, de forma acalorada.

Minha mãe, que assistia a toda aquela comédia, ficou apavorada. Não sabia se havia alguma coisa sobrenatural mesmo ou se eu estava ficando louco. Pra dizer a verdade, nem eu sabia mais.

Mas enfim consegui dominar aquela força e me apossei dos originais, queimando-os.

Naquele momento experimentei uma grande paz, e também um grande pesar.

Aquela entidade jamais me abandonou daquele dia em diante.

Agora mesmo quando escrevo estas palavras, sinto que há algo presente.

Durante todos esses anos, surgiam as lembranças da peça, viva como no início.

Sei que se me dispusesse a escreve-la outra vez, sairia tudo como antes, mas não quero escrever algo odioso.

No ano passado, novamente aquele ser me inquiriu sobre a história, ao que eu propus que poderia escreve-la se tivesse algo de bom a se tirar dali.

Alguns dias depois, comecei a esboçar um conto, mas, numa viagem do trabalho para casa, mais ou menos uns vinte quilômetros, comecei a montar o poema, mentalmente.

Cheguei em casa em prantos, mas muito feliz, pois quitaria essa conta do passado.

Escrevi o poema em poucos minutos, e vi que tinha algo a dizer, que poderia ajudar alguém, como estava me ajudando e àquele ser.

Ao final perguntei se ele queria por seu nome na obra, que sabia ser tanto ou mais dele do que minha, mas ele não o quis.

Tudo isso pode parecer bobagem para os céticos, mas eu vivi tudo, neste últimos 17 anos.

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