Nota da Tradutora: A arbitrariedade ditatorial do presidente Chávez perdeu a noção dos limites legais, absolutamente. Abaixo segue um artigo do jornalista Gerardo Reyes, onde ele revela que cinco foram pessoas “desnaturalizadas” neste final de semana mas, sem dúvida alguma, mais jornalistas deverão engrossar essa lista macabra, digna de qualquer ditador que não admite nada que não sejam louvações e paparicos aos seus medíocres, ridículos e criminosos feitos. A Venezuela já é, infelizmente, a nova Cuba da América do Sul. A próxima será o Brasil...
Em uma confusa seção, o congresso da Venezuela, controlado pelo oficialismo, aprovou na quinta-feira à noite uma moção para solicitar a retirada da cidadania do empresário dos meios de comunicação, Gustavo Cisneros. Após divulgar-se a iniciativa, sem antecedentes na história republicana da Venezuela nem de nenhum governo democrático do continente, alguns legisladores do oficialista Movimento Quinta República (MVR), que não assistiram ao debate, manifestaram seu desacordo alegando que foi feita a título pessoal e sem consultar o agrupamento.
Outros deputados chavistas que levantaram sua mão de forma distraída para respaldar a proposta, apresentada pela deputada Iris Varela, trataram infrutuosamente de corrigir seu voto na secretaria da entidade ao conhecer o alcance da mesma, segundo relatou uma testemunha a El Nuevo Herald.
“É uma proposta ambígua, tal e como aparece na imprensa”, comentou a El Nuevo Herald o deputado chavista Tarek William Saab, presidente da comissão política do Congresso.
Saab, que não esteve presente na audiência legislativa, explicou que preferia não fazer comentários sobre os argumentos esgrimidos por sua companheira de bancada para sustentar a controvertida moção. “Devem procurá-la, pois foi ela quem a apresentou”, comentou Saab de Caracas.
Na sexta-feira não foi possível comunicar-se com Varela.
Todavia, o também deputado do MVR, William Lara, assegurou ao jornal El Nacional que embora não tivesse estado presente na votação “votaria com as duas mãos”. “Estas pessoas assumiram uma conduta sistemática que prejudica a segurança da nação e perturba o clima de paz em que se vive”, assegurou Lara, ex-presidente da Assembléia Legislativa.
A moção inclui a retirada da cidadania dos jornalistas da oposição Napoleón Bravo, nascido em Caracas, Martha Colomina, espanhola de nascimento e Norberto Mazza, nascido no Uruguai. Os dois últimos adotaram a cidadania venezuelana há vários anos.
De acordo com Varela, o governo deve despojar da nacionalidade os cinco, por haver mantido uma atitude “anti-patriótica”.
O requerimento foi aprovado na quinta-feira apenas pela bancada oficialista que controla 53 por cento da Assembléia Nacional.
Cisneiros, que nasceu em Caracas em 1945, é proprietário da estação televisiva Venevision e é o principal acionista individual da Univision, a maior cadeia hispânica dos Estados Unidos. Robert Alonso é proprietário da fazenda onde esta semana foram presos 88 prováveis paramilitares que, segundo o governo venezuelano, foram recrutados para promover um complô anti-governamental.
O empresário recebeu a notícia durante uma viagem de Nova York à Los Angeles, onde assistiu a uma reunião de trabalho com executivos da Univision, explicou Antonieta Mendoza de López, vice-presidenta da Organização Cisneros.
“É um novo ataque na campanha de descrédito que, de forma reiterada, o executivo nacional impulsiona contra Gustavo Cisneros, por ser um dos democratas mais emblemáticos da Venezuela e do continente”, disse Mendoza a
El Neuvo Herald.
A executiva é a mãe do prefeito opositor do município de Chacao, Leopoldo López, que foi imputado por “instigação à rebelião”, por termitir a operação da Praça Altamira, onde se refugiaram vários militares dissidentes.
Desde a sexta-feira da semana passada, antes que seproduzisse a prisão dos prováveis paramilitares, Chávez havia assinaldo, ao menos em três ocasiões, que Cisneiros era um dos financiadores e promotores de uma suposta confabulação contra seu governo.
No começo da semana, oficiais das polícias judiciária e política da Venezuela e da Guarda Nacional, ocuparam durante seis horas uma fazenda cafeeira de Cisneiros a 70 km de Caracas. Mondoza disse que os oficiais revistaram “até a última almofada” da casa colonial da fazenda, porém não confiscaram nenhum objeto.
De acordo com experts consultados por El Nuevo Herald, não existe nenhum procedimento que permita privar da nacionalidade os venezuelanos de nascimento. A Constituição prevê que a “nacionalização venezuelana por naturalização só poderá ser revogada mediante sentença judicial”.