Versão inglesa (para o New York Times): LIKE EVIL LIKES
À la santé!
Do chamamento à razão
Charles London fala (talvez pela última vez!) de problemas (finalmente) revelados sobre o governo e sua suposta confusão de línguas. A Babel dos idiomas, a língua preva oficial, e a língua pesada é um modo de ser apenas, não significam em absoluto qualquer estratégia dissoluta ou antinacional. Estejamos alerta para os verdadeiros objetivos governamentais. Não dêem ouvidos àqueles que querem denunciar as roupas do rei. Cuidem vocês, periodistas latinos, de publicar apenas o correto. Vocês sequer podem imaginar o que realmente se passa! Fiquemos todos nós de olho!
Desde os episódios recentes de Brasília muitos correspondentes estrangeiros deverão ter o cuidado de rever suas fontes antes de publicar em jornais de grande respeitabilidade aquilo que só eles sabem. De fato, alardear por aí, sem qualquer prova ou escrutínio do bom jornalismo, notícia difamante sobre a República da Língua Preva*, é intolerável, e sinal de impatriotismo não-brasileiro!
Eu, Charles London, escocês legítimo, quero afirmar sem medo, que governar não é para qualquer um! Tampouco é para quaisquer três ou quatro observadores da cena nacional tarefa das mais fáceis. Vejam bem, desde o espoucar da champagne inaugural não se escreveu uma linha que fosse a respeito do direito inalienável de alguém se libar à maneira familiar, tradicional, costumeira. À Presidência da República da Língua Preva adicionaram-se infinitos prazeres, onde os líquidos devem ser parte ínfima; que mal há nisso? De onde então tamanha indignação? O fato, inquestionável, de se encher a própria cara só dirá respeito a quem, por força de sua própria libido, só é capaz disso. Invejosos! Arrependei-vos!
Portanto, lavro aqui, indignado, a minha mais completa rejeição à denúncia infundada e improcedente que o governo de sua Lulência esteja comprometido por Baco, Dioniso, ou qualquer nome que tenha o deus da sacanagem líquida! O que dirão em seguida? Que outros bacos existem por lá? Que rolam outras coisas mais? Que ele é um comunista, um revolucionário? Onde estamos?
Dos pseudofatos
Quanto à insinuação maldosa que sua Lulência no final do expediente é incapaz de compor um quatro com as quatro pernas, quero novamente repudiar tão solerte alegação!
Quanto ao avião da República da Língua Preva, também maldosamente alcunhado Little Cane 51 (uma alusão rasteira ao seu combustível 100% nacional), deixo também consignada minha revolta. Prerrogativas são prerrogativas. O dinheiro para isso o povo democraticamente afiançou. Cobrem do povo então aquilo que acham ser um dispêndio inaceitável! Vejam por outro ângulo: poderia ser um navio com adegas imensas e custosas, cheio de salões de baile, o Titanic II! Então, o que diriam? Reclamariam das longas e cansativas viagens presidenciais, das mordomias luxuosas, estou certo!
Quanto à incitação solerte ao desrespeito à figura democraticamente modelar com out-doors revoltantes do tipo: SE GOVERNAR NÃO BEBA, SE BEBER NÃO GOVERNE, mirem o exemplo salomônico de quem houve por bem expulsar o jornalista americano de início e, logo, magnanimamente, revogar seu próprio edito. Eis aí exemplo de justiça, senso de realidade e sentido de oportunidade inigualáveis, possíveis somente na República da Língua Preva!
Do Mundo
Uma repercussão internacional rebarbativa seria inevitável. De pronto as agências de notícias internacionais, a mando da direita, enviaram dúzias de correspondentes para Brasília, Porto Alegre, e Mainardi (onde fica um tal de Ravena que sua Lulência desconhece taxativamente e que já tinha-o advertido para quem não ... em público), para entrevistá-los, ou quiçá, induzi-los a uma nova série de aleivosias contra o Brasil. E o Itamaraty silencia? E os investidores permitem?
Dos 500 dias de Sua Lulência
Charles London, senhores jornalistas, lhes afiança que não viu nenhuma comemoração dos súditos e de jornalistas súditos em efusivas manifestações assim como não viu nenhum protesto popular contra a infâmia assacada ao nosso presidente. O apreço sem preço que eles devotam ao titular da República da Língua Preva chega a ser comovente. Deles é que não viria, saibam todos vocês, detratores invejosos, o impedimento que sua Lulência republicana bebemorasse seus 500 dias de governo todos estes dias. E o Napoleão que não resistiu 100 dias? Por acaso algum jornalista credenciado recusou esse cálice?
Mais uma vez eu conclamo a vocês jornalistas: parem com essas aleivosias; larguem o pé presidencial! Parece que é vocês que bebem! Não viram nenhuma grandeza na frase presidencial na sua entrevista a Istoé?:
“Nenhum político neste país já bebeu com o povo como eu bebi”!
(*) royalties devidos a Macaco Simão
fonte (dos prazeres): planaltotorto@engov.br
Charles London
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Obs.: Sugiro que a TV Globo troque o nome da novela "Cabocla" por "A Caipirinha"... (F.M.).