Era só mesmo o que estava faltando: Luís Gushiken, chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, pretender dar lição de jornalismo à imprensa brasileira. Antigo militante da OSI (Libelu), falta-lhe autoridade moral até para abordar o assunto.
Um critério importante é o critério da agenda positiva. O cidadão precisa ver o lado positivo das coisas. Leitores, telespectadores e ouvintes estão ansiosos para saber aquilo que germina em termos de coisas boas, - disse ele.
Onde estão as coisas ou os empreendimentos positivos ? Na liberação de verbas para deputados votarem a reforma da Previdência massacrando servidores ativos, inativos e pensionistas?
Foram positivas aquelas filas de octogenários nas agências do INSS, para provar que estavam vivos?
Também foi positivo usar uma propriedade particular como se fosse do governo, para enganar o público com a agricultura familiar?
Nada mais positivo, para o serviço público e para a imprensa, do que combater a corrupção ou a picaretagem em favor de um partido ou de um governo. Terá sido positivo usar todos os recursos, possíveis e imaginários, para abafar a CPI do Waldomiro, aquele escroque que tinha seu gabinete ao lado do presidente da República e negociava, com verbas do Orçamento, a aprovação de matérias no Congresso, como ocorreu com a reforma da Previdência? 81% da população pediram a CPI.
O que esse Gushiken devia reconhecer é que foi graças a essa imprensa, que ele hoje censura, que o candidato Lula da Silva chegou ao poder. Nunca um líder sindical recebeu tantas manchetes e tanta promoção. Como profissionais, os jornalistas estão em sindicatos vinculados à CUT que o PT domina. Modéstia à parte, sou um dos não engajados. Claro que, homem de confiança de Lula, o ideal para ele seria o modelo de Cuba (que o PT não considera ditadura), só com jornais aplaudindo o governo, já que os jornalistas que ousaram criticá-lo estão na cadeia.
O sr. Gushiken deve ficar só na vontade, que também consola...
(*) Themístocles de Castro e Silva é jornalista e advogado