Um conhecido jornalista da esquerda panfletária, em um dos seus freqüentes e apopléticos arroubos maniqueístas, já escreveu que “uma ditadura militar é uma violência contra os direitos dos povos equivalente a uma ocupação estrangeira. Tudo o que contra ela se fazia era justificado”.
Hoje colunista do jornal O Globo, o mesmo profissional destila o sempre renovado rancor a partir de um ritual da Igreja Católica, que ocorre nas noites das quintas-feiras santas, como neste 08 de abril de 2004: “Esta noite, depois da Procissão do Encontro, na mais triste cerimônia da liturgia católica, as velas dos altares serão apagadas uma a uma, até restar a derradeira, o Galo das Trevas, que, apagado por sua vez, inicia a vigília da morte do Senhor. É tempo de reflexão e, no silêncio dos sinos, de pensar nos anos de trevas que, no Cone Sul deste ocidente profundo, vivemos todos, a partir do golpe militar de 1964. Lembrar é uma maneira de se dificultar a repetição da tragédia”.
A obtusidade ideológica do escriba já tivera amparo em outras manifestações, nos antecedentes históricos do “golpe” - sejam por parte da imprensa, sejam de inspiração religiosa - ao menosprezar a opinião pública brasileira como se ela fosse massa inerme tangida por interesses de uma “extrema direita”: “O medo das classes médias era estimulado por manifestações religiosas, como o ‘Rosário em Família’, liderado por um padre americano, nascido na Irlanda, Patrick Peyton.
Foi ele um pioneiro das pregações religiosas pelo rádio e TV. Convidado a vir ao Brasil em 1964, mobilizou católicos nas principais cidades com o lema ‘a família que reza unida permanece unida’. Em seguida, organizaram-se as marchas da família com Deus pela liberdade, com o apoio dos governadores de São Paulo, Adhemar de Barros, do Rio, Carlos Lacerda e muitas organizações patronais. A marcha paulista, a 19 de março, mobilizou cerca de 300 mil pessoas. A do Rio, já depois da vitória do golpe, trouxe dois milhões para as ruas, a 2 de abril”. Para ele, Carlos Lacerda, expressiva liderança civil da época, era “velha vivandeira dos quartéis”. Em 1968, quando exercia o mandato de Deputado Federal, o misto de agitador e jornalista referiu-se aos quartéis como “valhacouto de gângsteres”, o que lhe valeu a cassação do mandato e foi causa imediata para a edição do Ato Institucional n° 5.
Tal trajetória profissional e política aponta claramente para Márcio Moreira Alves, radical opositor da contra-revolução de 1964 e histórico detrator das Forças Armadas e dos militares.
Tanto ódio, se não decorre de razões pessoais inconfessas, certamente advém da sua simpatia ou, mesmo, militância na revolucionária organização comunista Movimento Popular de Libertação. Todavia, a conjunção dos motivos de todo esse ressentimento provocou um desastrado apelo do parlamentar, que exortou na tribuna da Câmara dos Deputados, em 1968, as moças da época a não se enamorarem dos jovens cadetes de então...
De todo modo, as diatribes textuais de Márcio Moreira Alves ao longo da sua carreira não somente dão curso a um conhecido radicalismo. Muito mais do que isso, reforçam a verdade histórica de que o movimento de 1964, longe de ser um golpe, representou uma contra-revolução, impulsionada pelos segmentos mais expressivos da sociedade brasileira daquele momento. No seu mais recente artigo, o colunista de O Globo reporta-se inteiramente simpático e solidário à grei que fazia do Sindicato dos Bancários o espaço de manobra para subverter a ordem e tentar romper com o Estado de Direito, objetivando implantar no Brasil o regime comunista. Moreira Alves, assim, continua fiel à sua tese, segundo a qual tudo era lícito contra a “ditadura militar”. Daí se infere que assassinar, seqüestrar, roubar era um rol de ações válido e plenamente justificado.
Márcio Moreira Alves não faz jornalismo sério, isento, calcado em verdadeiras convicções democráticas. Coxo moral, abusa da liberdade de expressão para deturpar, enxovalhar e dar curso aos seu preconceitos e imposturas. Desleal, ofende a quem não está mais neste mundo para defender-se, como fez com Carlos Lacerda e como acaba de fazer com o ex-presidente Ernesto Geisel, a quem chamou de “calhorda desprezível”.
Para ele, qualquer baixeza continua válida na sua permanente e fossilizada luta contra a “ditadura”.
O Grupo TERNUMA, Sr Márcio Moreira Alves, repele a sua ignomínia e devolve-lhe o insulto. Deste episódio, ao apagar a luz da última vela que o Sr disse levar à reflexão, para nós surge a sombra do seu radicalismo calhorda das trevas.
Se lhe interessa, Sr jornalista, muitas das jovens de 1968 casaram-se com os cadetes de então e hoje, sexagenárias, vivem bem com as suas famílias, com a dignidade e a simplicidade que os modestos ganhos dos seus maridos lhe permitem. Algumas, no ato-público realizado pelo TERNUMA no 40° aniversário da Contra-Revolução de 31 de março de 1964, até ajudaram os seus esposos a cravar as cruzes das vítimas da insanidade que o Sr tanto defende.