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Artigos-->Armadilha Terrorista-eleitoral na Espanha -- 15/03/2004 - 11:31 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Armadilha Terrorista-Eleitoral na Espanha



Por Márcio C. Coimbra (*)

marciocoimbra@terra.com.br



Infelizmente os ventos do terrorismo voltaram a soprar pela Espanha. O banho de sangue realizado em Madri, entretanto, foi maior do que os habituais atos de terror patrocinados pelo grupo Pátria Basca e Liberdade (ETA), em atividade há 36 anos. Os atentados na capital espanhola foram cometidos com requintes de brutalidade e logística operacional jamais usados pelo ETA, entretanto, nenhum grupo terrorista conhece tão bem a Espanha, o melhor timing para o execução de um atentado, bem como os potenciais alvos em seu território.



A operação batizada de "Trens da Morte" nos leva praticamente a confirmar a suspeita de operação conjunta de organizações terroristas islâmicas e bascas com objetivos de influir nas eleições espanholas de 14 de março de 2004. O atentado foi em grande parte frustrado, visto que apenas 3 artefatos explodiram. Se todas as bombas explodissem, o número de mortos, que foi de 200, poderia saltar facilmente para 2.000. Apesar de frustrado em parte, o ato de terror pode ter gerado o resultado final esperado, ou seja, a retirada do Partido Popular (PP) do poder, e conseqüentemente, sua forte política de combate ao terrorismo basco (ETA) e internacional, abrindo livre caminho para a eleição de José Luis Rodríguez Zapatero, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).



Apesar de o governo espanhol, desde o princípio, apontar o ETA como principal responsável pelo ataque, passaram a surgir suspeitas e evidências da participação da Al Quaeda no atentado. Contudo, temos que lembrar que a rede de Bin Laden preocupou-se incansavelmente em mostrar-se como autora dos ataques, seja por meio de fax enviados para jornais, mensagens de email, cópias do Corão encontradas em furgões estacionados perto dos locais dos atentados e até um vídeo, com indicações de coleta para a polícia em uma lixeira ao lado de uma Mesquita.



A preocupação da Al Quaeda em mostrar-se autora dos atentados era diametralmente oposta à negativa do ETA em ter participado na operação. Isto geraria, claramente, reflexos na opinião pública espanhola, três dias antes das eleições gerais. Se todos acreditassem na Al Quaeda como autora individual dos ataques em Madri, os resultados seriam claros: enfraquecimento do governo Aznar, especialmente em função de sua política de aproximação com Washington e em seu incansável apoio na luta contra o terrorismo. O povo espanhol culparia indiretamente Aznar e o PP pelas mortes em Madri. Tudo isso geraria conseqüências óbvias, como o fortalecimento dos socialistas, que não aprovam o alinhamento com os EUA, bem como o veemente combate ao terrorismo patrocinado pela Casa Branca e países aliados.



Logo, os atentados tinham um claro objetivo: retirar do poder um dos principais aliados do presidente Bush, deslocando a Espanha de sua função estratégica na Europa no que tange ao combate ao terror. Vale lembrar que o timing dos atentados para gerar reflexos nas eleições foi perfeito.



Até o dia dos atentados, a relação de Aznar e seu partido, o PP, com os espanhóis era a melhor possível. Desde que chegou ao poder, deslocando os socialistas de La Moncloa, em 1996, Aznar imprimiu uma forte agenda liberalizante, promovendo um audacioso processo de desestatização e importantes reformas no mercado de trabalho. A economia, outrora fraca, tornou-se pujante, um exemplo para toda Europa. Assim, as taxas de crescimento da Espanha giravam no dobro da média européia, gerando mais de 3 milhões de empregos (um em cada quatro criados na Europa).



O combate duro ao terrorismo foi também sua marca, realizando as mais importantes prisões das últimas décadas, que encarcerou diversos líderes do ETA, jogando seu braço político na ilegalidade após um brutal ataque em Santa Pola, Alicante, em 2002. Números irrefutáveis que levaram facilmente Aznar ao segundo mandato, em 2000. Tive, felizmente a oportunidade de visitar a Espanha em 1996 e novamente em 2002. As mudanças proporcionadas por Aznar eram nítidas, da Galícia à Catalunha.



Hoje, sem poder concorrer à reeleição, o Chefe do Conselho de Ministros indicou Mariano Rajoy, que perdeu o pleito para Zapatero, do PSOE em função dos atentados de 11 de março. Seria ingenuidade acreditar que não existem conexões entre as células e os diversos grupos terroristas. A ação do dia 11 de março em Madri evidencia a cooperação entre o ETA (principal beneficiado pela derrota do PP) e a Al Quaeda (beneficiado com a queda de um líder aliado de Washington).



Assim como estes, vários outros podem operar em conjunto, especialmente quando a conseqüência gerada é benéfica para ambos. Infelizmente o povo espanhol caiu na armadilha montada pelos grupos terroristas com vistas a retirar do poder seu principal opositor. A operação, se teve este objetivo, foi um sucesso. A opinião pública espanhola, infelizmente, foi manipulada. Devemos nos atentar para ações estratégicas similares em países aliados na luta antiterror que passarão por eleições em breve.



Artigo redigido em 14.02.2004 Em Brasília, DF.



(*) Márcio Chalegre Coimbra, é advogado, sócio da Governale - Políticas Públicas e Relações Institucionais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB - Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE - Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) articulista semanal do site www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br. Tem artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv e www.hacer.org) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro "A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano", Ed. Síntese - IOB Thomson (www.sintese.com).



***



Obs.:



Guardadas as devidas proporções, a morte de 3 metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional, anos atrás, em ação desastrada do Exército para debelar uma greve geral, foi também um "timing" perfeito, que ajudou as esquerdas a eleger Luiza Erundina para a prefeitura de São Paulo (F.M.).









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