O grupo do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, 40, o Carlinhos Cachoeira, venceu uma concorrência para serviços de loteria oficial durante a gestão de Olívio Dutra (PT) no governo do Rio Grande do Sul. Dutra foi investigado em 2001 por suposta conivência com o jogo do bicho.
Em vídeo, Ramos aparece negociando termos de um edital de licitação no Rio de Janeiro com Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil).
A empresa ligada a Ramos, a única a apresentar proposta na licitação gaúcha, foi declarada vencedora em julho de 2001, mas, seis meses depois, o governo revogou a licitação. Com base na declaração oficial da vitória, a empresa entrou na Justiça, que concedeu liminar para obrigar o governo Dutra a assinar o contrato.
"Havia uma fumaça, uma suspeita de qualquer coisa, mas que nós não poderíamos identificar; então, recorremos ao interesse público para cancelar", disse o subsecretário de Fazenda de Dutra e autor do ato de revogação, Odir Pinheiro Tonollier. A decisão do governo foi tomada um mês após o final da CPI do Bicho, criada pela Assembléia Legislativa gaúcha.
A estratégia de Ramos de usar uma empresa em nome do irmão para entrar no mercado gaúcho foi confirmada por um ex-sócio do goiano, Messias Antônio Ribeiro Neto, que foi dono extra-oficial da Gerplan, autorizada a operar jogos em Goiás. Em depoimento prestado cerca de dez dias atrás aos procuradores José Roberto Santoro, Marcelo Serra Azul e Mário Lúcio Avelar já no decorrer das investigações sobre o vídeo, Ribeiro Neto contou que "o contrato do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul teve a peculiaridade de serem firmados [sic] pela empresa de lixo de Anápolis, Capital Engenharia e Limpeza".
Segundo Ribeiro Neto, Ramos procurou-o, em data não informada, "em razão de precisar de contratos para a implantação do jogo eletrônico no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro". O empresário disse que conseguiu apoio de um grupo francês mas, no momento dos "contatos finais", Ramos não os recebeu. Mais tarde, disse Ribeiro Neto, descobriu que "empresários coreanos é que deram suporte ao negócio no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, através da empresa Combralog [Companhia Brasileira de Loterias Governamentais]".
Segundo Ribeiro Neto, a Capital e a Picosoft formam "um consórcio" que também atuaria na loteria on-line do Rio. Segundo o site da Combralog, ela é formada por "Capital do Brasil" e pela Picosoft.
O MJDH (Movimento de Justiça e Direitos Humanos) do Rio Grande do Sul localizou em seu acervo, com base numa lista de nomes e empresas enviada pela Folha, documentos que atestam que o bicheiro de Goiás entrou no mercado lotérico do Rio Grande do Sul usando uma empresa aberta em nome de seu irmão, Sebastião de Almeida Ramos Júnior, 37, a Capital Construtora e Limpeza Ltda., de Anápolis (GO).
"O Brasil está vendo agora o que já sabemos há tempos no Rio Grande do Sul, o envolvimento do PT com o bicho", disse Jair Krischke, presidente do MJDH.
A Capital ficou responsável, desde o final do governo Dutra, e até 2010, pela distribuição e comercialização dos bilhetes das loterias estadual e instantânea, a elaboração de planos de jogos com os projetos econômico-financeiros, a criação da rede de revendedores e "aquisição e guarda de bens que vem a constituir a premiação a ser distribuída".
Logo após vencer a disputa, a Capital depositou, a título de "seguro-garantia", R$ 2,91 milhões numa conta bancária do Departamento de Despesa Pública da Secretaria de Estado de Fazenda. A empresa pretendia comprovar sua capacidade financeira. O governo aceitou o depósito em 3 de dezembro de 2001. No mês seguinte, a licitação foi revogada. O leque de atuação da Capital, explicado no contrato social, é bastante amplo: vai dos serviços de loterias à limpeza urbana, passando por construção de prédios e pavimentação asfáltica. O valor do depósito feito pela Capital foi pouco inferior ao seu capital social declarado à época, R$ 3,1 milhões
(Por Rubens Valente. Publicado originalmente pela FolhaOnline, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004)
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Obs.: Essa é a ética das vestais grávidas petistas, a mesma ética que norteou Lênin: "O fim justifica os meios".
Dizem que o PT sempre foi imaculado, só agora estão aparecendo uns podres aqui e ali. Mentira. Há muitos anos o PT se encontra envolvido em maracutaias, desde que começou a governar as primeiras prefeituras em São Paulo.
Na época, um petista, Paulo de Tarso, fez acusações sérias contra o PT, que obtinha favores em esquemas de corrupção em várias prefeituras paulistas. O que aconteceu? Nada! Apenas o alcagüete Tarso foi expulso do Partido, nada mais foi feito. As acusações, na época, envolviam o próprio Lula, que teria adquirido um apartamento milionário com um cheque de um empresário. Além de comprar um veículo utilitário acima de suas posses. Isso saiu na imprensa.
Em novembro de 1998, após a 3º derrota como candidato a presidente, Lula teve problemas com a Polícia Civil de São Bernardo do Campo, tema abordado pela Folha de S. Paulo, com o título "Em depoimento, Lula não comprova renda" ("INQUÉRITO: Fonte de recurso para imóvel não é apresentada"), onde, no 2º parágrafo, se lê: "Inquérito aberto a pedido do Ministério Público de São Paulo investiga supostas irregularidades na compra do imóvel, ocorrida em 1995, pelo valor de R$ 189 mil". Em seu depoimento à Polícia, Lula "não apresentou documentos que comprovariam as fontes dos recursos para a compra do seu apartamento" - prossegue a Folha. "O petista disse, no seu depoimento, segundo o delegado, que o cheque de R$ 10 mil encontrado na sua conta foi depositado pelo amigo e advogado Roberto Teixeira, a quem havia vendido um automóvel Omega por R$ 40 mil. O valor, de acordo com o depoimento, era equivalente a uma das quatro parcelas da venda do carro. O cheque encontrado na conta de Lula, no entanto, não pertence a Teixeira. Está em nome de Sérgio Lorenzoni, irmão do empreiteiro Dalmiro Lorenzoni, construtor do prédio onde Lula possui o apartamento de São Bernardo" - continua a Folha.
A "cachoeira" de escândalos petistas, portanto, é bem anterior à que apareceu em público semana passada, quando a revista "Época" mostrou a bandidagem feita por um auxiliar direto do cubano-brasileiro José "Daniel" Dirceu, Waldomiro Diniz, que pedia favores ao "empresário do bicho", Carlinhos Cachoeira, para campanha eleitoral dos petistas Geraldo Magela (DF) e Benedita da Silva (RJ), além da pessebista Rosinha Garotinho (RJ).
A "cachoeira" de escândalos que engolfa as vestais grávidas do PT á mais volumosa que as Cataratas do Iguaçu. Relembremos algumas delas:
- No Rio Grande do Sul, o governo petista se envolveu no jogo do bicho, comprovado nas imagens gravadas em que Diógenes de Oliveira (o bandido que explodiu o soldado Kozel Filho em São Paulo), o PC de Olívio Dutra, pedia à Polícia para "aliviar" a pressão sobre o jogo do bicho local. A lotérica local também foi encampada por um bicheiro.
- Em Santo André, Celso Daniel foi morto em circunstâncias ainda não elucidadas pela polícia, tendo como pano de fundo um esquema de propinoduto que envolvia doação de dinheiro de empresas de ônibuas (fato comprovado), que seria destinada para a campanha presidencial de Lula, em que José Dirceu seria o "caixa 2" (fato a se apurar; essa a razão de o PT "exigir" o fim daquele inquérito, e Zé Dirceu fazer sua guerrilha particular contra os procuradores do Ministério Público).
- No Distrito Federal, em 1998, foi desviado dinheiro de uma entidade de funcionário públicos, a Asefe, para políticos do PT em campanha eleitoral, que ficou conhecido localmente como "vale-eleição". Cristóvam Buarque, então Governador do DF, teria recebido R$ 200 mil. Outros políticos, tanto do PT quanto de outras siglas canhotas, teriam recebido somas menores. Quem fez essas graves acusações? Dois militantes petistas. Que, como Paulo de Tarso, foram sumariamente expulsos do Partido das Vestais Grávidas...
Bem, isso foram só alguns exemplos. Teríamos muitos outros, a começar com os gafanhotos de Flamarion Portela, em Roraima. O caso Waldomiro foi apenas o penúltimo. O último pode estar ocorrendo exatamente neste momento.
Alguém, aí, em sã consciência, ainda acredita que existe essa história de "partido ético"? Ora, é tudo farinha do mesmo saco, carne e unha, bagos e estrovenga.