993300>Sempre que posso, ausento-me do pensamento e não faço absolutamente nada. Considero que tenho um enorme e benigno defeito: nunca me levo a sério. Tenho a mania de dizer "sim" a tudo, a quase tudo. Creio que o maior erro da minha vida foi ter comprado alguns carros usados que, após imediatas avarias, vim a descobrir que anteriormente tinham andado a servir programas partidários. Gostava imenso de ser parecido ao escrivão Bartleby e ser capaz de dizer que preferia não escrever nada. Pode ser que um dia possa vencer meus preconceitos literários e consiga ler um livro de Saramago, a partir das primeiras cinco páginas, até ao fim. Mandasse eu no mundo e nos homens, incluindo eu mesmo, e deixaríamos todos de ser comedores de cadáveres dos "animais". Esqueço-me sempre de agradecer algumas simpatias que recebo e deveria ter mais cuidado com as respostas sinceras que persisto em dar, o que me traz bastantes desafectos. Na TV portuguesa, já não tenho pachorra para aturar as piadas estúpidas do Herman José. Se há coisa que me enfurece, são os maus tratos às crianças, velhos e animais. Detesto quando ouço ou leio os argumentos da tradição para justificar cerimónias e actos que envergonham a humanidade do tempo hodierno. Não consigo resistir a qualquer género de provocação. Às vezes, quando dou por mim e matuto, interrogo-me se terei ou não génes masoquistas. Fico embaraçado sempre que alguém se refere elogiosamente a algo que eu escreva ou faça. Comovo-me facilmente com pessoas abandonadas e com o olhar dos animais aprisionados. De momento, a maior alegria que me poderiam dar, era que surgisse um clube qualquer que ganhasse decisivamente ao F.C. do Porto. Ando farto de ser campeão azul... Quanto à Usina, e se fosse o Waldomiro, assinantes seriam todos aqueles que pagassem, com acesso a regalias de fazer inveja aos outros. Aos não assinantes, deixava-os completamente à vontade, reduzidos à escrita que quisessem efectuar, sem números nas leituras ou qualquer classificação. Dava-lhes acesso pleno a que vissem os resultados dos assinantes para aguçar-lhes o apetite de pertencerem à "cambada"...
Oh... António... Como a vida parece tão simples. Entendo perfeitamente porque há mais de meio mundo a complicá-la... Mas... Logo que revelo meu entendimento, que é favorável ao ser humano, aparece logo a habitual catervazinha a criticar-me e a censurar-me. Um primor de gente!... Ainda hoje, ao apresentar um pequeno trabalho, porque cometi um involuntário lapso de inserção que deformou a "home", veio logo um "amargo" com trampa nos dedos ferir-me gratuitamente a sensibilidade, irrelevante pormenor a que atribuo enorme importância: é o ponto 0,00000000001 onde toda a trampa da humanidade começa a tecer as malhas da guerra.
Torre da Guia = Portus Calle
|