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Artigos-->SOBREVIVÊNCIA NO MAR (1) -- 27/08/2001 - 15:00 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Em virtude dos últimos acontecimentos envolvendo acidentes com embarcações e aeronaves no litoral brasileiro, onde inúmeras vidas foram ceifadas, sinto-me no dever dar a minha contribuição, após ter navegado cerca de vinte e cinco anos pelos mares de todo o mundo.

Lógicamente pela vastidão do assunto, procurarei sintetizá-lo de forma a poder passar o essencial àquelas pessoas que de forma esporádica ou não, venham a se aventurar em passeios, pequenas travessias ou cruzeiros marítimos.





SALVATAGEM



Entende-se por salvatagem os meios utilizados para garantir a sobrevivência e manutenção da vida humana no mar.

Após o acidente com o transatlântico Titanic em 1912, onde cerca de 1500 pessoas perderam a vida, as autoridades mundiais sentiram a necessidade de se reunir e estabelecer normas e diretrizes para a construção de embarcações e dos acessórios a serem utilizados pelos navegantes em todo o mundo. Criou-se então a IMO, Organização Marítima Internacional, órgão da ONU, uma espécie de FIFA para assuntos marítimos. Todos os países que possuem frotas mercantes se associaram a IMO, obrigando-se a cumprir as normas editadas pelo Comitê.



Para se ter uma idéia da necessidade dessa regulamentação, no naufrágio do Titanic, não havia embarcações salva-vidas suficiente para a retirada de todos os passageiros, o que verdadeiramente foi o fator decisivo para tão grande número de mortes, já que a baixa temperatura da água reduziu em muito as chances de sobrevivência. Atualmente os navios e barcos de grande porte só podem ser construídos se tiverem um número de barcos salva-vidas (baleeiras) suficiente para abrigar na proporção de uma vez e meia o número da lotação de passageiros prevista na construção da embarcação,ou seja, se o navio tiver a sua lotação prevista para cem passageiros, deve ter barcos salva-vidas para cento e cinqüenta pessoas, bem como coletes salva-vidas para todos os passageiros, inclusive um número determinado de coletes para crianças e pessoas de grande porte físico.

Mesmo com todo o rigor da lei, foi possível ainda ocorrer um acidente como o do naufrágio do Bateau Mouche no Rio de janeiro.





EQUIPAMENTOS DE SALVATAGEM OBRIGATÓRIOS



- Coletes salva-vidas

- Balsas infláveis

- Embarcações salva-vidas ( proporção de 1.5 a lotação da embarcação)

- Rações sólidas e líquidas

- Foguetes pirotécnicos para sinalização em emergência.

- Palamentas – Uma série de acessórios auxiliares como apitos, canecos,

Lanternas, rádios VHF portáteis, bóias circulares, etc....









PROCEDIMENTOS ACONSELHÁVEIS PARA EVITAR TRANSTORNOS NO MAR





-Saiba que nem todos os marítimos ou embarcações têm permissão para sair em

mar aberto, porém isso constantemente vem ocorrendo. Uma pescaria em uma lagoa

ou dentro de uma baía é bem menos perigosa do que a mesma atividade em alto-

mar.





-Jamais saia para o mar sem saber préviamente as condições meteorológicas para a

área em que você navegará as quais podem ser obtidas através de contato via

rádio, no canal 16 VHF ,com a estação costeira da Embratel em todo litoral

brasileiro como : Rio –Rádio , Santos-Rádio, Vitória –radio, Olinda –Rádio e

outras. Os aviões comerciais só levantam vôo depois de saberem as condições

meteorológicas, bem como os navios em geral, no entanto uma embarcação de

recreio pode negligenciar este procedimento e você ser surpreendido em alto-

mar por um temporal ou uma frente fria, que levanta ondas enormes.

Os noticiários da TV e o programa de rádio a Hora do Brasil fornecem também um

quadro da situação em todo o Brasil.





-Ao embarcar e antes de zarpar para uma pescaria, passeio ou um cruzeiro marítimo, procure obter orientação sobre se há coletes salva-vidas para todos os passageiros.



-Peça ao comandante da embarcação uma demonstração de como vestir o colete

salva-vidas adequadamente.



-Verifique se em seu camarote há um colete para cada leito.



-Procure saber se a direção do Iate clube foi avisada sobre a sua viagem, bem

como se a Capitania dos Portos local tem conhecimento de seu plano de viagem.



-Verifique se na embarcação há os números dos telefones da Capitania dos Portos

local, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil.



-Procure checar se os equipamentos de radiocomunicação estão operacionais, pois

ir para o mar sem comunicação com terra é suicídio.



-Procure ler todas as instruções afixadas nos equipamentos de salvatagem, quanto

ao seu uso. Normalmente são instruções curtas e objetivas que trazem grande

benefício para o uso correto do dispositivo.



-Seja curioso! Pergunte tudo que julgar necessário.







O MAR NÃO É LUGAR PARA AMADORES





Para que alguém se aventure ao mar, é necessário que haja no comando da operação, uma pessoa devidamente habilitada , através de um curso e correspondente Carteira de Inscrição e Registro ( CIR ) do Ministério da Marinha para conduzir com segurança o grupo.

Após a análise de vários acidentes marítimos, chegou-se a conclusão de que na maioria das vezes houve falha humana associada à negligência a princípios básicos de salvatagem. O resultado é: várias vidas ceifadas por erros primários ou desconhecimento de normas elementares de sobrevivência no mar.





Neste último acidente com uma lancha no litoral de São Paulo, onde morreram sete pessoas, para mim que sou do ramo, é quase inexplicável como ninguém foi capaz de vestir um colete salva-vidas ou agarrar-se á uma bóia circular, acessórios obrigatórios em todas as embarcações.

O trecho do naufrágio, nas proximidades das Ilhas Queimadas Grande e Pequena, é uma área de intenso tráfego marítimo, com embarcações entrando e saindo do porto de Santos com direção ao Sul ou de lá provenientes. Um náufrago com um colete salva-vidas, numa balsa inflável ou mesmo agarrado à uma bóia circular tem uma chance enorme de ser avistado pelas inúmeras embarcações em trânsito pelo local.

Nesses casos nem sempre é aconselhável querer nadar em direção à praia, pois a noção de orientação em alto-mar fica prejudicada e você pode se afastar cada vez mais de terra, o que dificultaria as buscas.





No acidente com a lancha no Litoral paulista a distância de terra era algo em torno de dez à quinze milhas náuticas, que correspondem a cerca de vinte e cinco quilômetros. Para cobrir esse percurso o náufrago teria que ter um estupendo condicionamento físico ou ser um triatleta, isso sem levar em consideração as possíveis condições adversas de mar. Nessas situações mais vale tentar manter a tranqüilidade e flutuabilidade, uma grande vontade de viver, muita garra e fibra, aguardando a chegada da brigada de salvamento. Evitar beber água salgada e procurar flutuar (o colete lhe garante flutuação indefinida bem como as bóias circulares). Com a temperatura da água do mar a cerca de vinte um graus Celsius, é possível permanecer-se por muitas horas dentro d`água. Em águas mais frias as chances vão diminuindo e ocorre então a Hipotermia, onde a temperatura do corpo se iguala a do meio ambiente , levando a pessoa à morte.





Deve-se evitar também gestos desordenados com os pés e as mãos, o que poderia atrair tubarões, que possuem um aguçado sistema de detecção de ruídos.

Apesar de existirem tubarões no litoral brasileiro, isso não significa que se você cair na água , será imediatamente atacado por um deles. Na segunda guerra, mundial vários náufragos ficaram dias no mar sem serem atacados. Outros não tiveram a mesma sorte.



Lembre-se que para que uma embarcação afunde são necessários alguns minutos ou mesmo horas, dependendo do grau da avaria e das medidas tomadas pelos tripulantes.

É tempo suficiente para vestir os coletes salva-vidas e outras medidas como pedir SOS através do rádio, passando a localização do naufrágio, número de pessoas em perigo e demais informações que possam auxiliar e agilizar o resgate.





O mais importante de tudo é que numa hora dessas, quem está no comando da embarcação deve tomar para si a liderança do grupo. Ele deve ser capaz de transmitir calma e confiança na coordenação das ações do abandono , transmitindo segurança e calma para evitar o pânico aos náufragos. Se esse profissional não possuir essas característica, as coisas se complicam e o resultado todos conhecemos.





Bem companheiros, continuarei este bate-papo em próximo trabalho e espero ter contribuído de alguma maneira para a melhoria de vossos conhecimentos sobre um assunto muito pouco difundido em meios de comunicação de massa.



Até a próxima!



Maurílio Silva













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