Hoje, 22 de agosto de 2001, completamos vinte anos sem Glauber Rocha.
Gostaria de deixar registrado aqui na Usina o meu "encontro" com ele. Claro que, por impossibilidades etárias, só pude me encontrar com sua obra e a de alguns glauberianos.
Já o Zé Pedro Antunes, que de agora em diante chamarei carinhosamente de ZPA, conseguiu o privilégio de encontrar-se pessoalmente com o gênio.
Claro que essa palavra gênio é problemática, romântica, etc. Em vida, Glauber devolveu a genialidade e a burrice de seus comentaristas:
"Não me causam os crepúsculos a mesma dor da adolescência, devolvo traqüilo à paisagem os vômitos da experiência".
É fantástico como a poesia fala da nossa vida. Eu hoje estou vivendo isso, este diálogo de Terra em Transe.
Eu vou tirar da Usina o meu texto "Discutindo com Roberto Schwarz", embora eu insista em desdobrar os pontos de vista do cineasta para criticar o crítico. É sempre um prazer criticar o crítico, e o pessoal aqui da Usina não me deixa mentir.
Descobri Glauber a partir de um especial de 50 anos de Caetano Veloso. Mas Caetas hoje em dia afrouxou o arco e caiu de boca na geléia geral. Na Folha de São Paulo, o glauberiano Gilberto Vasconcellos, que antes elogiava a tropicália em seu livro De Olho na Fresta, passou a fanático detrator, desiludido com a postura oportunista de Caetano, que apoiou FHC, ACM e quejandos.
Bem que Glauber insinuava, nas Cartas ao Mundo, que com a preguiça que tinha, Caetano acabaria comendo poeira da história. Glauber dizia, e eu assino embaixo: nesse papo da tropicália, Glauber é o pai, Caetano é o filho, Gilberto Freyre e Oswald de Andrade são o Espírito Santo.
Fica esse recado para a moçada abrilhantada que curte tropicália, como o Bruno Freitas. E para quem pensa que eu sou o ESPÍRITO SANTO.