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Artigos-->O PT Acabou Ontem -- 15/12/2003 - 09:28 (Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior) |
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ATO DE MEDÍOCRE INTOLERÂNCIA
Laerte Braga
O PT acabou. A decisão de expulsar a senadora Heloísa Helena, os
deputados João Fontes, Babá e Luciana Genro selou a transformação de um
partido diferente em um partido igual a qualquer outro, exatamente no
que qualquer outro tem de pior.
É um engano supor que tenha existido passionalidade na expulsão. É
ridícula essa conversa que Lula chorou muito. Lula é um bocó, sem
caráter algum, deslumbrado com o poder e escravo de meia dúzia de
figuras como José Dirceu, ou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
Chico Oliveira, que se desligou do partido, foi claro e elegante em sua
fala no I Fórum Social Brasileiro, em Belo Horizonte, mês passado: não
discuto caráter, estou preocupado com o futuro da esquerda no Brasil.
Para bom entender pingo basta.
O PT não perdeu só Heloísa Helena e os três deputados. Além deles e de
Chico Oliveira, Milton Temer e Leandro Konder pediram desligamento. Vão
somar-se a Gabeira que, antevendo a pefelização do partido pulou fora.
A expulsão transcende às figuras dos expulsos. Sinaliza na necessidade
do conjunto de forças populares pensarem um novo partido, como na
organização. A verdade é que não temos forças suficientes para enfrentar
esses coelhos que a direita puxa da cartola, tipo Lula, Dirceu, etc.
José Dirceu, aliás, foi autor de uma frase lamentável: se a esquerda
não moderar as críticas vai acabar empurrando o governo para a direita.
Só se for para a extrema, na direita já está. Desde a boutade
irresponsável de Palocci e companhia, quando aumentaram o percentual de
superávit primário. Foram mais realistas que o rei, o FMI, por nada mais
que quererem dizer: contem conosco, somos de vocês.
A isso, a esse gesto de submissão, seguiram-se as reformas da
previdência, a tributária, a medida provisória que liberou transgênicos,
os acordos políticos espúrios, os primeiros sinais de corrupção
(Gushiken, Furlan, Rodrigues, Benedita) e neste domingo o jornalista
qualquer coisa Nunes, que mantém um plágio deliberado e descarado, no
Jornal do Brasil, da coluna de Élio Gaspari, já cumpriu seu papel:
chamou Celso Amorim de esquizofrênico, no melhor estilo de menino de
recado de Furlan e da turma, com pretensões a independente. Miriam
Leitão de calças.
Expulsar a senadora e os deputados, o ato, traz consigo a lógica de
tentar consolidar o controle sobre o partido, com vistas às eleições de
2004, quando serão eleitos prefeitos e vereadores. Estão sendo feitos
acordos absurdos que vão sendo impostos goela abaixo no melhor estilo
centralismo democrático. Seja o filho do ministro Dirceu, no Paraná,
seja a tentativa imoral de negociar com o governador de Minas, Aécio
Neves, um jogo de faz de contas para garantir que o Estado seja
repartido sem prejuízos para ninguém.
Esse acordo embute a reeleição. De Lula e de Aécio. Afasta Aécio de um
embate já em 2006, é novo, sinaliza para ele com a presidência em 2010.
Coisa de bandido. De coronel político.
O desafio das forças de esquerda, passa por perceber primeiro a
necessidade de discutir um novo partido sem que sejam significativas as
dispersões, é isso que a turma quer que aconteça. Há setores de alguns
partidos como o PSTU, dispostos a esse tipo de discussão. Cito como
exemplo. É saudável, sobretudo maduro.
Outro aspecto é que tanto faz que o prefeito de São Paulo seja Marta
Favre ou qualquer outro, o importante é avançar na organização, no
acúmulo de forças para que possamos enfrentar essa gente sem ter que
aceitar a ditadura dos que chegam ao poder pela esquerda e abraçam a
direita, como bem disse Millôr Fernandes. São Paulo, ou qualquer outra
cidade. A capital paulista é apenas um exemplo.
Os desdobramentos da violência cometida pelo Diretório Nacional serão
inevitáveis. Como vão ficar os deputados e senadores que se opuseram à
fogueira acesa pela inquisição petista?
A situação do Rio, por exemplo. Garotinho construiu um império naquele
Estado com a inestimável contribuição de José Dirceu, a partir de 1998.
Benedita é só um grande equívoco que começa a desnudar-se em cada passo
que dá. E assim em muitos estados.
As perspectivas para 2004 passam pela percepção que o grande papel é o
do movimento social. O de resistência e que tem que ser também o de
organização e formação. Eleições são meios e neste momento, inclusive
com o advento da urna eletrônica, aquela que dá o resultado que o poder
quer, passam a ser jogo de cena,
Sobre isso vem aí a reforma política para garantir o poder dos caciques
e a reforma trabalhista, mais um passo na direção do retorno da
escravidão lato senso, no projeto Brasil de volta ao século XIX.
O que o Brasil assistiu hoje foi um ato medíocre de intolerância, mas
pensado, planejado e portanto cínico. De deslavado cinismo.
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