Caminhando pelas ruas desertas, agora à noite, apenas vejo o silêncio fúnebre que predomina. Aqui e acolá se destacam palavras apressadas de ébrio ou boêmios . Alguns até cantam com voz desentoadas já vítimas da ação do álcool que os impulsionam, tal carro com tanque quase vazio. Caminho em direção à praça Marco Zero, local hoje de destaque. Antes, zonas de prostituições, onde os marinheiros descarregavam as suas emoções. Lá havia ainda um pequeno movimento, dos que trocam a noite pelo dia. Em frente ao Bar e Restaurante Antônio Maria, sentados às mesas, casais trocavam carícias ao som do seresteiro que desabafava em frente com seu grave tentando valorizar o tango. Ocupei uma das mesas e solicitei uma garrafa de vinho.
No balde com gelo, veio o vinho Botticelli, safra 2000, produção pernambucana das uvas do Rio São Francisco. Também veio um tábua com variados queijos. Aos poucos, foram chegando outros freqüentadores da noite e o ambiente ficou mais animado. Também apareceu mais um seresteiro e o vinho começou a descer com sofreguidão. O ponto alto da ocasião, foi um fado interpretado por uma turística de Buenos Aires, que se fizera presente. E ela não conhecia Portugal!...Sob o efeito do vinho, também me fiz presente: Recitei o poema “Noite de Perdição” de minha autoria. Fiz mal, pois debaixo de aplausos, fui quase obrigado a declamar outros. Para agradar aos ouvintes apresentei o “Vivendo por ti”, também agraciado com palmas.
Conseqüência, fui obrigado a sorver nova garrafa de vinho. Não sei que hora regressei, mas sei que os raios solares iluminava o espaço em minha volta e eram anuviados pelas emoções!... E as aragens marítimas deixava-me o corpo frio e meu olhar turvo!...
Todo esse acontecimento se passou há alguns dias em Recife. Se o relembro aqui na Itália , é motivado por emoções iguais e coincidentemente, alguém, também uma jovem, da Argentina, cantou um fado. Apenas o vinho foi diferente. Mas as emoções foram idênticas.
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