Não sou assinante, não faço parte do dileto universo usineiro - o Quadro de Avisos -, não figuro em antalogias, não reivindico meu pobre 2x2 ao sol, não discuto com o destino, nem me acho bacana, simpático ou divertido. Em resumo, não transo essas discussões metafísicas - ou seria o sexo dos anjos? - alimentadas e alentadas em ambos os QAs. Não pactuaria com isso, nem fudendo! Mas ficam algumas perguntas, enumeradas, para que nossos gênios de plantão não se confundam:
1 - O que interessa quantas leituras um autor ou um determinado texto podem ter quando a gente sabe, intimamente, que oferecem, eles todos, muitas palavras e nenhumas idéias?
2 - Em que mundo estamos que o vencedor dos cliques, das contagens, dos placares, dos números e das estatísticas é um pseudocaipira, auto-intitulado Jec@, do qual apenas a sábia, ancestral e intelegentíssima Milazul acha graça?
3 - Até que ponto uma criatura decente, digna e inteligente pode levar a sério as controversas discussões sobre o placar e os famigerados índices de leitura?
4 - Como é possível levar em consideração um lugar em que as supostas idéias são lançadas a partir do picadeiro, o que nos faz, humildes criaturas dedicadas a um humilde conhecimento, perguntar quem é o palhaço verdadeiro: nós ou nossos ilustres filósofos do entretenimento ou das idéias geniais, sempre prontas a nos salvaguardar de nós mesmos, de nossa questionável inteligência?
5 - Quando vamos superar essa puberdade eterna que grassa em cada comentário, artigo, frase, verso e prosa?
6- Quando vamos superar essa atitude canastrona que faz com que, alguns, continuem acreditando que o marcador - denominado placar - é o termômetro ideal do bem escrever, do bem pensar - ou seria do bem gorjear?
7 - Que tipo de veleidade move esses espíritos mais desavisados, que andam por aqui a regurgitar seus brados anta-capitalistas, anta-comunistas, anta-liberais, mas que, no fundo, só se preocupam mesmo é com quantos cliques seu textinho bem transado, rebelde, descolado e revolucionário terá?
8 - Que diferença faz a quantidade de leituras, no cômputo geral, se o nível artístico-estético e a validade da maioria das idéias postas a baila em artigos, contos, poesias, redações, cartas, teses-monólogos e nos famigerados QAs continuam mais baixo que, digamos, fiofó de cachorro?
9 - Por que, de repente, eu resolvo me imiscuir (gostaram dessa, não?) e sujar as mãos nessas questões tão polêmicas e essenciais à sobrevida do site? Questões que, vale ressaltar, deixam um odor desagradável na, como diria o ZPA, outrora poética esquina do Usina! Em suma, fedem!
10 - Por fim, uma pergunta: quantos governos, partidos, instituições, universos sociais, situações miseráveis, sistemas econômicos, etc. e tal caíram graças aos sistemáticos latidos que, de quando em quando, abalam as sólidas pilastras desse nosso cada vez mais essencial espaço de convivência e discussão? Sim, porque se contabilizarmos os cliques de nossas mais respeitáveis entidades e levarmos em consideração o inconteste poder de persuasão de suas idéias, daria para por abaixo e reduzir a escombros os frágeis tronos da terra, quer dizer, EUA, Rússia, a Europa toda, China e adjacências.
Quer saber, quem se importa se o mais lido do site é uma herança pernóstica e rediviva de Monteiro Lobato; quem se importa com as mensagens de amor, paz e solidariedade da Milazul, tiradas da folhinha da Seichô-No-Iê, estou certo disso, ou seu cinismo mal dissimulado, a la Ana Maria Braga ou Hebe Camargo; quem se importa com tantos latidos, com essa impostura que contamina tudo e vai fazendo do site um "espaço" para ridículos interregnos (hoje estou gastando o meu latim!); quem se importa com esse medíocre senso de humor - me incluo fora desta, ao menos - que não diz nada, que não tem graça ou leveza que se leva excessivamente a sério. Meu deus, quem se importa?