BRASÍLIA - Além de ser governo, o que já é um abacaxi imenso, o PT se contorce com histórias mal contadas que podem comprometer o que o partido tem de melhor: a imagem.
História 1: O caso Santo André. Dez entre dez petistas da cúpula do governo e do partido encampavam a versão do assalto seguido de morte do prefeito Celso Daniel. Agora, procuradores paulistas suspeitam do braço direito dele, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra.
Com uma versão, o PT é mais uma vítima da violência. Com a outra, a ser confirmada oficialmente, o PT é réu. Réu de disputas internas cercadas de mistérios alimentados pelas circunstâncias do crime: Celso Daniel e Sombra numa caminhonete blindada e possante, com revólver e celular, abrindo singelamente a porta para assaltantes num lugar ermo.
História 2: O caso de Roraima. Enquanto o culpado pelo "escândalo dos gafanhotos" era o ex-governador Neudo Campos, tudo bem. Quando o atual governador, Flamarion Portela, entra na jogada, a coisa muda. Campos é de um partido qualquer, Portela é do PT.
Além dos "gafanhotos" -funcionários fantasmas que "comem" a folha de salários-, o petista Portela enfrenta quatro processos no TSE por fraude eleitoral. O PT não sabe o que fazer com ele. "Dizes-me com quem andas e eu te direi quem és."
História 3: O caso Heloísa Helena. Hoje é dia de manifestação em Brasília contra a expulsão da senadora alagoana - e até o vice José Alencar meteu a colher. Mas o sr. é do PL, não é mesmo, vice?
Dê no que dê, expulsão ou não, toda essa discussão não é boa para o partido do presidente. O desgaste é inevitável, porque sempre haverá centenas, milhares achando que ela (a senadora) é a vítima; ele, o partido, e ele, o governo, são os vilões.
Lula continua emocionando petistas e agregados, como ontem, na 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Mas ele não é o centro do universo. Nem isso dura para sempre."