RECADO DE UM GOVERNO DE ESQUERDA: “V I R E M - SE!”
Thomaz Bastos afirma que seu ministério “não é tesouraria”, em resposta a pedido de governadores tucanos de liberação de verbas para o combate ao crime; com isso, ministro tenta escapar do debate sobre um fato: a segurança pública está longe de ser prioridade do governo Lula; tanto é assim que liberou, até agora, para o Fundo Nacional de Segurança, 5%
do previsto; 15 Estados, inclusive SP, não receberam ainda um tostão do Orçamento da União para usar em ações contra a violência; os gastos se resumem à manutenção da máquina
O ministro Márcio Thomaz Bastos respondeu nesta quarta, publicamente, aos pedidos de governadores tucanos de liberação de verbas para o combate à violência: o Ministério da Justiça não é tesouraria, afirmou, ao empossar o delegado federal Luiz Fernando Corrêa como novo titular da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em substituição ao antropólogo Luiz Eduardo Soares. “Os governadores já perceberam que sozinhos não iremos longe. Esse estreitamento envolve transferência de recursos, mas não envolve só isso. A Senasp e o Ministério da Justiça não são apenas uma tesouraria. Nós somos parceiros, e essa é a nossa luta”, disse. Ele não tocou em temas sensíveis que indicam que a prioridade do governo Lula está longe de ser a segurança pública. Por exemplo, só a metade do Orçamento do seu ministério foi executado neste ano e ainda assim na tentativa de manter a máquina funcionando, já que, para investimentos, foram destinados só 6,84% do planejado. Outro ponto revelador diz respeito ao Fundo Nacional de Segurança Pública, que, em 2004, sofrerá um corte de 20% — aliás, neste ano, este Fundo trabalhou, até 22 de outubro, só com 5% do prometido pelo governo (veja quadros ao abaixo). Também é importante lembrar que a Polícia Federal permanece mergulhada numa crise financeira grave e cheia de dívidas. O ministro fez apenas uma vaga promessa de liberação de mais algum dinheiro entre novembro e dezembro. Corrêa, em seu discurso, também ficou na fácil retórica da união de forças. “Somando esforços com as forças dos Estados, com certeza nós vamos dar uma resposta à altura”, disse, sem lembrar outro dado interessante: 15 Estados, inclusive São Paulo, e mais o Distrito Federal não receberam, neste ano, nem um tostão do Orçamento da União para ajudar nas ações de combate ao crime. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, também nesta quarta, com um grupo de ministros e, segundo seu porta-voz, André Singer, pediu pressa na liberação de verbas para os Estados, por meio do Sistema Único de Segurança. Além de Thomaz Bastos, participaram José Viegas (Defesa), Antonio Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Guido Mantega (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da presidência) e Jorge Armando Félix (Segurança Institucional)."