Os principais noticiários nacionais bombardeiam a nossa ingênua mente com animadoras notícias sobre a economia virtual brasileira. As bolsas Dow Jones e Nasdaq dos EUA em consonância com as melhores economias mundiais, a bolsa de São Paulo em alta, o dólar estável perante o real, o superávit primário com ótimo desempenho, o risco Brasil no mais baixo patamar dos últimos 5 anos. O FMI oferecendo mais empréstimo ao governo. E daí?
Até setembro de 2003, a dívida total do país: interna, externa, pública e privada era da ordem de R$ 1.559,1 bilhões equivalente a 106,61% do PIB. Isto é, devemos mais do que produzimos, é como um sujeito que se diz bem de vida, morando em condomínio fechado, com carro do ano importado, ganhando 10 mil reais/mês mas devendo ao agiota da esquina todo este salário mensal. Este agiota, num rasgo de generosidade empresta algum dinheiro para que o infeliz continue ostentando falsa imagem de "bom vivant" . É assim, a enrascada em que enrolaram o Brasil.
Que país estranho é este que canta otimismo, tendo as estradas esburacadas por onde escoa toda a sua riqueza, tendo a estrutura energética ainda do tempo dos governos militares, 70% da população famélica, nível de desemprego perigoso, que dá calote nos funcionários públicos e, ainda, tendo essa assombrosa dívida para pagar?
O Presidente já viajou, nesses 10 meses, mais do que muitos presidentes em seus mandatos completos. Recentemente, o nosso maior mandatário viajou para a Paraíba para inaugurar duas cisternas. Ao menos, se fossem duas hidrelétricas, dois viadutos, dois açudes, ainda se justificaria. Duas cisternas é muito retrocesso.