Uma pesquisa, um resultado e várias interpretações conflitantes e tendenciosas. A pesquisa da OAB, quando menos, expôs o comportamento duvidoso de parte da imprensa, que aposta no desgaste do Judiciário. A começar pelos números.
O Correio Braziliense, optou pelo índice de confiança da população nas instituições brasileiras e aponta, para a Presidência da República, 58%; para o Judiciário, 39%; e para o Congresso Nacional, 34%; Na manchete de rosto, entretanto, enfatiza, apenas, que “a população não confia no Judiciário”.
O Jornal de Brasília, por sua vez, valendo-se do índice de (des)confiança, nos dá conta da seguinte seqüência: Congresso Nacional, 30,9%; Poder Judiciário, 23,0%; Presidência da República, 17,0%. Mas, na manchete, inverte a ordem natural dos resultados: “Judiciário e Legislativo em baixa”.
As duas reportagens indicam que mais da metade dos entrevistados não diferem as atividades de um juiz , de um promotor e de um advogado.
De outra parte, ao utilizar a expressão “Presidência da República”, a pesquisa dissociou os escândalos praticados em diversos ministérios, superintendências e outros órgãos que compõem o Poder Executivo fato que, no meu entender, contribuiu para distorcer os resultados da enquete.
Faltou, finalmente, perguntar à população consultada, se ela acredita em pesquisa. De qualquer modo, é como disse um antigo ministro da Educação: “Estatística é como mulher de biquine: mostra quase tudo, mas esconde o essencial”.
