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Artigos-->Bate-boca sem futuro -- 28/10/2003 - 10:35 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Bate-boca sem futuro



José Nêumanne (*)

Jornal da Tarde – 28/10/2003



José Dirceu e Fernando Henrique têm razão, mas a perdem porque isso de nada lhes serve nem muito menos a nós O interessante no bate-boca travado no fim da semana passada pelos jornais entre o ex-presidente Fernando Henrique e o chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu, é que os dois têm razão, mas as circunstâncias tornam a polêmica inútil e, o mais grave, sem razão alguma.



Em entrevista ao diário espanhol El País, o ex-presidente criticou o governo Lula pela falta de uma política social inovadora. “Pensei que Lula tinha um projeto para o país diferente do meu. Vejo que não”, disse Fernando Henrique. Os fatos confirmam essas críticas. Em primeiro lugar, quem acompanha com alguma atenção o noticiário já percebeu faz tempo que a nova administração petista desembarcou no poder sem saber bem o que fazer com a crise econômica que se prenunciava pelo pânico manifestado pelo mercado financeiro ante a eventualidade de serem cumpridas suas ameaças de romper com o modelo econômico vigente. Ao entregar o comando da equipe econômica ao sanitarista Antônio Palocci, e não a seu guru econômico do passado, Aloizio Mercadante, Lula sinalizou que só queria romper com o discurso de ruptura. A equipe, com Palocci no ministério e o banqueiro Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, deu ao mercado a impressão de que encontrou numa gaveta o programa econômico do governo anterior, derrotado nas urnas, e o aplicou.



E daí? Melhor para todos. Para o novo governo, que afastou a perspectiva de crise e teve fôlego para assumir o poder sem muitas dores de cabeça, a não ser as provocadas por companheiros de jornada como Benedita da Silva, Agnelo Queiroz, Anderson Adauto, Luiz Eduardo Soares, etc. Para o País, porque, apesar da estagnação e do desemprego, não ocorreu o pior que se previa. E para os tucanos, que obtiveram do PT um atestado de que seu modelo não era, afinal, tão ruim assim. Fernando Henrique não tinha, então, por que reclamar.



O ministro José Dirceu, do quarteto que de fato manda (ao lado de Palocci, Luiz Gushiken e Luiz Dulci), com a deselegância que lhe é peculiar, aconselhou o ex-presidente a cuidar de livros e netos. “Ele teve oito anos para fazer a reforma previdenciária e tributária. Não fez. Teve oito anos para aprovar a lei de falências não aprovou. Teve quase seis anos para unificar os programas sociais. Não unificou. Teve muito tempo para fazer muita coisa. Agora ele tem que ser tolerante, democrático, tem que esperar pelo menos a metade do governo Lula.”



Vamos por partes, como diria Jack o Estripador, cujo método de manejar facas lembra o estilo cirúrgico do ministro. (1) O governo anterior não conseguiu fazer as reformas porque o PT, partido que Dirceu presidia, as sabotou no Congresso. (2) Ocorreu o mesmo com a lei das falências. (3) A unificação dos programas sociais é um passa-moleque ao qual o governo Lula recorre para mascarar, com um golpe de marketing, a incapacidade que teve de fazer andar seu projeto prioritário, o Fome Zero. Se o governo anterior foi reprovado nas urnas por causa do social, o atual até agora não se pode orgulhar de nenhum êxito nesse setor. (4) Nas democracias, não é a oposição que tem de ser tolerante com o governo, mas este que tem de esbanjar tolerância com aquela. E (5) de onde Dirceu tirou essa história de que se tem de esperar pela metade de uma gestão para cobrar alguma coisa dela?



José Dirceu tem razão quando exige do ex-presidente uma postura política “sem ressentimentos”. De fato, não fica bem ao professor ficar falando mal de um grupo político que soterrou seu candidato sob uma avalanche de votos. Ainda mais quando ele fez essas críticas no exterior, dando a impressão de que por aqui ninguém lhe pediu opinião alguma. Mas Sua Excelência bem que podia ter engolido a arrogância apressada com que manifesta suas irritações para não ter de deglutir a crítica correta, inclusive do ponto de vista histórico, que lhe foi feita pelo adversário: “Eu fui cerceado em meus direitos no passado, por um regime autoritário e não vou ser cerceado agora por um ministro de um regime que parece democrático.”



No popular: o poderoso ministro - que tem exibido um pavio curto demais para exercer o cargo estratégico que lhe foi confiado num regime que exige habilidade, paciência e humildade - bem que poderia ter dormido sem essa, não é mesmo?



(*) José Neumanne é jornalista, escritor e editorialista"











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