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Artigos-->A ALEGRIA DOS LIBERTADORES -- 13/10/2003 - 17:56 ( Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jovem fuzileiro retorna do Iraque e é testemunha de que a mídia não diz exatamente o que acontece por lá



O jovem Lee Strange, de 21 anos, acabou de voltar do Iraque, onde passou 8 meses no Primeiro Batalhão da Quarta divisão de Infantaria que avançou do norte do Kuweit até Bagdá para derrubar o ditador socialista Saddam Hussein. Lá, Lee Strange enfrentou uma rotina de tiroteios no escuro, tempestades de areia, temperaturas diurnas de até 54 graus Celsius, mosquitos e trechos onde não era possível descansar e nem sequer cuidar da higiene pessoal.



Apesar do saudável medo de morrer, Strange diz que estava preparado para lutar. "Você pensa que já sabe tudo o que deve esperar, mas depois dos disparos começarem você rapidamente percebe que não há jeito de antecipar as situações com as quais você vai se deparar. E ao mesmo tempo, você não tem tempo de ficar assustado. Você acaba fazendo o serviço para o qual foi treinado."



"Em um momento você está sendo alvejado e dispara de volta. Mas depois, a umas poucas milhas de distância na estrada, você encontra pessoas iraquianas na beira da estrada incentivando você, felizes por você estar lá fazendo o serviço." Strange diz que foram esses últimos que o fizeram entender melhor que sua presença lá tinha um objetivo.



Embora Strange planeje frequentar a faculdade depois de completar seu serviço militar daqui a um ano, ele logo ressalta que já teve uma "incrível experiência educacional". Ele caminhou pelos pavilhões de um dos palácios ornamentados de Saddam, jantou nas casas de iraquianos e distribuiu doces e bolas de futebol para os membros da próxima geração de iraquianos. Com sua M-16 sempre ao alcance da mão, ele também lutou.



"Quando você ouve falar de um dos seus amigos fuzileiros morrendo, isso faz entender que a guerra na qual você está envolvido é muito real. Felizmente, tivemos bem poucas baixas", ele diz. "Embora encontrássemos muita resistência, principalmente nos primeiros dias do avanço, as batalhas nunca duravam muito."



Na maioria das vezes, os helicópteros limpavam a área e as rendições vinham rapidamente. "Até mesmo vários daqueles contra quem nós estavamos disparando pareciam contentes quando os levávamos prisioneiros, contentes de que a guerra tinha acabado para eles."



A guerra que Strange viu e participou difere do que muita gente no país tem lido e ouvido falar. "O moral [das tropas] não está baixo," ele insiste firmemente. "Na verdade, está muito bom." Por que? "Depois que você se torna consciente do quanto você está ajudando pessoas que não apenas precisam mas querem a sua ajuda," diz Strange, "você se sente bem com o que está fazendo. Eu vi muitas caras felizes no caminho onde passei. Esse é o tipo de coisa que nos incentivava."



Relutante em discutir o furor político que a guerra gerou em seu próprio país, o jovem fuzileiro diz que tem evitado ler jornais ou assistir o noticiário televisivo desde que voltou para casa. Somente quando instigado ele sugere que as reportagens da mídia que ele tem visto "têm mostrado coisas um tanto diferentes" do que ele viu e experienciou. Palavras usadas pela mídia para se referir à guerra tais como "quagmire" (brejo, lugar difícil de sair) não fazem parte de seu vocabulário.



Agora, recém-chegado ao mundo civil onde há eletricidade, água encanada e o aroma dos biscoitos feitos por sua mãe, é da "jornada" que Strange se lembra; dos momentos em que ficou detrás do volante de um Humvee blindado durante longos trechos, do revezamento com o atirador e, finalmente, de ter recebido ordens de ir para o final de uma longa fila de veículos militares a fim de tirar um cochilo breve e comer. Eles raramente paravam, exceto para cavar esconderijos no solo duro iraquiano e para entrar em combate.



Os nomes das cidades e vilarejos rapidamente ficam difíceis de lembrar - Al Nasiriyah, Ash Shatrah, cruzando o Eufrates para Ad Diwaniyah - à medida que eles avançavam para o norte. "Você conseguia ver," ele disse, "que aquilo lá uma vez foi um lindo país, antes de Saddam tomar todo a riqueza para si. Quando nós chegamos, as vilas estavam descuidadas e as condições de vida obviamente não eram mais o que foram antes."



E foi, de fato, as pessoas que ficaram na memória do jovem fuzileiro, foram os rostos das crianças acenando pos detrás dos vestidos de suas mães ou erguidas nos ombros de seus pais, à medida que a caravana de blindados passava. "Você percebe rapidamente que todas as crianças, independente de sua linguagem ou do país em que vivem, amam doces. E futebol é o principal esporte por lá, então quando nós jogávamos uma bola de futebol novinha para os garotos, os olhos deles se iluminavam."



Sua mãe, ele recorda, enviou uma pequena tartaruga de pelúcia com o pedido de que ele desse de presente à uma criança iraquiana. "Eu queria que ela visse o sorriso no rosto da menininha para quem eu dei," ele reflete.



Aqueles, ele disse, eram os bons momentos. "As pequenas coisas como essas é que me fazia me sentir bem quanto ao que estávamos fazendo. No início, ficamos surpresos com as boas vindas que estávamos recebendo. Mas logo se tornou óbvio que a vasta maioria dos iraquianos estavam felizes por estarmos ali, contentes de que os estávamos ajudando."



Strange não estava em Bagdá quando a estátua de Saddam foi derrubada e a capital foi tomada pelas tropas da coalizão. "Quando chegamos lá," ele se recorda, "Bagdá já estava bem segura, então fomos mandados para o leste na região Karbala-Babilônia." Lá eles rapidamente extinguiram pequenas rebeliões à medida que os principais combates diminuíam.



Foi na antiga e histórica cidade de Babilônia que o jovem oficial viu ao vivo a ganância de Saddam. "Haviam belas ruínas históricas datando dos dias de Alexandre, o Grande, e que obviamente significavam muito para o povo," ele disse, "e Saddam mandou construir um de seus palácios bem no meio delas. O lugar era absolutamente extraordinário, tão imenso e inacreditavelmente ornamentado. Quando eu caminhava lá, eu me vi imaginando como alguém poderia sentir necessidade de um lugar tão suntuoso."



Apenas depois de que o regime de Saddam caiu é que Strange pode conhecer algumas das pessoas que ele ajudou a libertar. Alocado para uma unidade que provia segurança para um coronel que visitava várias cidades para determinar as condições e a segurança, ele sempre era convidado a almoçar com os moradores. "Os iraquianos são ótimas pessoas. Eu comi muita carne de cordeiro e peixe durante os últimos meses de minha jornada," ele conta. Houve também muitos abraços e apertos de mão memoráveis e comoventes.



E, é claro, continuavam as batalhas isoladas contra pequenos grupos de soldados inimigos ainda leais ao regime de Saddam. "Todas as unidades experimentaram um pouco disso," ele admite. E, na sua ausência, continuam. A morte e o perigo continuam fazendo parte do cenário iraquiano.



Entretanto, para cada franco-atirador encontrado, haviam também novas amizades. "Havia um intérprete iraquiano que viajava conosco," ele disse, "e nos tornamos bons amigos. Ele falava um inglês excelente e queria saber tudo sobre a América, a música, a comida, os clubes, coisas assim. Ele quer muito vir aqui visitar."



E lições aprendidas. "Ficar lá abriu meus olhos para coisas que eu jamais pensaria a respeito; a liberdade que temos aqui para fazer o que quisermos e ir onde bem entendermos. E quando você está tão distante, você adquire uma nova apreciação da família e dos amigos."



E também houveram momentos ocasionais de bom humor. Nos primeiros dias de conflito, quando havia a grave expectativa de que o inimigo usaria armas químicas contra tropas americanas, Trina, um pombo-correio, ficava empoleirada em uma pequena gaiola presa no capô do Humvee que Strange dirigia.



"Na verdade," ele explicou com uma risada, "nós tínhamos dado um nome masculino para o pássaro até o dia em que ele botou um ovo." Mas o propósito do pombo era muito sério. Se ele morresse subitamente, seria o sinal para os soldados vestirem as máscaras contra gás que eles carregavam consigo.



"Felizmente, Trina sobreviveu, e não tivemos que usar as máscaras." Ela, no entanto, escapou. "Durante uma limpeza de gaiola, ela saiu e voou para longe. Eu acho que ela estava farta da guerra."





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