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Artigos-->A EVOLUÇÃO DE UMA ESPÉCIE -- 26/07/2001 - 19:31 (Maurilio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A EVOLUÇÃO DE UMA ESPÉCIE



Quem chega ao Rio de Janeiro é tomado imediatamente pelo encanto que a cidade maravilhosa irradia. Deus com certeza caprichou na arte final . No entanto , em meio à tanta beleza natural cohabita uma classe de predadores que resiste ao tempo : O malandro carioca.

Quando falo em malandro, não estou falando desses marginais que assaltam `a mão armada ou pertencem à facçoes de comandos "x" ou " y". Éssa é uma outra história, uma outra tribo.

O malandro em questão teve sua orígem no Rio antigo, na lapa dos boêmios, das grande paixões e das brigas homéricas como as promovidas por "Madame Satã", um mulato que mais parecia um armário duplex , de dez portas, que ficava enfurecido quando algum macho desavisado rejeitava à sua intimação para uma noite de amor. Nesse caso só a intervenção de um pelotão completo conseguia abrandar os ânimos.

Para conseguir dinheiro, o malandro carioca usava dos mais variados artifícios. Havia um repertório de golpes espetaculares , como o conto do Vigário e o conto do Paco entre outros.

O alvo preferido da malandragem eram os mineiros. O caso mais famoso foi o de um mineiro que ao chegar à cidade, comprou um bonde da antiga CTC (Companhia de Transportes Coletivo ) das mãos de um "esperto" que se disse dono do veículo e que aceitaria qualquer quantia pelo mesmo, pois apesar de ser um bom negócio, não era o seu ramo. O mineiro só descobriu que não era o dono da geringonça, quando resolveu dar ordens a um camarada de boné que veio lhe cobrar a passagem. O antigo" proprietário" nesta hora já estava longe com toda a economia do incauto.

Certo dia fui abordado por uma mulher com uma criança aos prantos, e uma bolsa rasgada dizendo ter sido roubada em plena rodoviaria, perdendo todo o dinheiro que havia juntado para viajar para sua terra natal : "Pato Branco", no Paraná. Por sorte dela, eu esta naqueles dias de graça e acabei lhe doando cinco reais movido pelo nobre sentimento da solideriedade humana. Ato feito, me veio um alarme na consciência de que o pato branco em questão seria eu mesmo. Passado alguns meses fui abordado pela mesma mulher em outro local da cidade com a mesma história. Minha suspeita estava confirmada.

Há também o caso de uma turma que se aproximava dos visitantes da Quinta da Boa Vista, todos vestidos de branco, vendendo uns doces com preços exorbitantes, alegando que o valor arrecadado era para custear a formatura do grupo na faculdade de medicina, já que os mesmos eram de família humilde e conseguiram às duras penas concluir tão nobre curso. O pessoal comprava os docinhos com lágrimas nos olhos, até que alguém se aproximou e avisou: "- Eu conheço essa galera! Esse pessoal já está se formando há mais de dez anos." A decepção foi geral e quem chorava começou a rir de raiva.

Dia desses um amigo me apontou na Centro do Rio, um camarada impecávelmente vestido de médico, que se asiim trajado circula há anos e por lugares estratégicos ,arrebatando corações de mulheres desavisadas. Quando a pobre vítima descobre a verdadeira identidade do farsante, o rombo na conta já está feito.

Em São Paulo um elemento se apresentou em um quartel da PM, como Capitão do Exército americano, tendo sido hospedado com toda a pompa que o cargo inspira. O mais inacreditável era que o mesmo estava todo documentado. Depois de um contato com órgãos americanos descobriu-se que se tratava de um golpista e o mesmo foi convidado a permanecer hospedado no mesmo local, só que na condição de prisioneiro.

Circulam diáriamente pelas ruas do Rio, falsos Oficiais do Exército, da Marinha, falsos PMs, médicos e fiscais entre tantos outros. Esse pessoal não pega em arma, usam a palavra e a dissimulação como artifício. Têm uma conversa de derrubar urubú em vôo. São capazes de vender geladeira para esquimó, shampoo para carecas, walkman para surdo ,colírio para cego e outras façanhas.

Com o tempo o Rio fêz escola e esse know-how foi exportado para outros estados e hoje perdemos o monopólio da malandragem. A arte foi terceirizada. Mas o pior ainda estava para acontecer . O tal malandro evoluiu, fêz faculdade, se pós -graduou no exterior e se aventurou na política. Outros resoveram estudar para Pastor. Os estragos são visíveis por todas as partes.

Deus nos proteja!

Maurilio Silva - Silmaster@yahoo.com.br

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