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Artigos-->Religião em discussão -- 22/09/2003 - 17:48 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Política e religião não se discutem. Como toda sentença peremptória, é questionável. Por que não discutir religião? Ou, por outra, por que discuti-la? Sua influência na vida das pessoas é notável. Existem os que assumem os preceitos religiosos e não se permitem questionamentos. Existem os que têm lá suas dúvidas. E, ai meu Deus!, existem as normas religiosas que se tornam ditames de Estado ou de uma época, e quem as contrariar será castigado.

O Estado sionista de Israel quer eliminar fisicamente o líder palestino Yasser Arafat (ao mesmo tempo, a Liga Anti-Difamação, organização judaica de Nova York, resolveu dar ao premier italiano, Silvio Berlusconi, o Prêmio Homem de Estado Especial. Embora seja defensor do anti-semita fascista Benito Mussolini, ele apóia a política racista de Israel contra os palestinos e saudou a invasão do Iraque, o que também é bem visto pela liga judaico-fascista. Berlusconi "é um bom amigo, mas que tem defeitos", disse o diretor da Liga Anti-Difamação, Abraham Foxman.); o Estado islâmico do Irã condenou à morte o escritor Salman Rushdie porque escreveu um livro chamado Versos Satânicos (a condenação ao livro foi apoiada pela Congregação de Defesa da Fé, a instituição do Vaticano que substituiu o Santo Ofício católico que, por sua vez, por séculos, condenou e executou artistas, cientistas, escritores, pensadores e pensadoras por não rezarem de acordo com sua cartilha). Os exemplos são muitos e vários. Anatole France se perguntou: "Como pensar que as idéias religiosas são essencialmente moralizadoras, quando se vê que a história dos povos cristãos é tecida de guerras, de matanças e de suplícios?".

Além dos exemplos extremos, há ainda a condenação cotidiana de quem se confessa ateu, cético ou materialista: não haveria bondade, fraternidade, solidariedade fora da religião ou da crença nos deuses, segundo o pensamento corrente entre os fideístas. "Não crês, logo és impuro. Na verdade, adoras ao Satã, ao demo, ao mau, e te escondes no ateísmo para não revelar tua verdadeira crença no Senhor das Trevas!" O absurdo é apresentado como obviedade: se não crês em Deus, não és capaz de amar. "Se Deus não existe, tudo é permitido", bradou um angustiado personagem de Dostoievski num cenário com a presença onipresente de Deus.

Ufa! Realmente, discutir religião é um risco — dependendo do local, da situação, da época, um perigo de vida. Sobre isso, crentes e incréus colocam-se de acordo, embora sem fazer as pazes.

A voz do povo é a voz de Deus: a maioria da humanidade crê na existência de divindades — embora nem todos os crédulos professem uma determinada religião. São muitos os que elaboram uma crença própria, num deus próprio, que atende às suas necessidades e anseios particulares, fora das religiões oficialmente organizadas. Nos seus Pensamentos, Voltaire lucubrou: "Convém ter uma religião e não crer nos padres, assim como convém seguir um regime e não crer nos médicos". Mesmo entre os adeptos da ciência, grande número perfila-se entre os idealistas — brilhantes na investigação da natureza e da sociedade, são, no entanto, inconseqüentes na filosofia.

Porém, o que leva alguns materialistas empedernidos a discutir a religião, denunciando-a como "ópio do povo", como Karl Marx? Para o pensador alemão e seus adeptos, as religiões não surgiram sem causas. Atendem a interesses, correspondem a objetivos de setores da sociedade. Lenin, marxista confesso, concordava, escrevendo que "não é de modo nenhum por acaso que nas condições atuais se mantêm" as religiões "na massa do povo".

O povo é embrutecido com um ideário preconceituoso, que o leva a identificar a autoridade, o status quo, com o plano divino, enquanto o questionamento, a busca da alternativa é a porta dos infernos ("Mas Deus sabe que, no dia em que vocês comerem o fruto, os olhos de vocês vão se abrir, e vocês se tornarão como deuses, conhecedores do bem e do mal", disse a serpente, tentando Eva a adquirir discernimento e a seduzir Adão com o mesmo propósito, conforme Gênesis, 3,4-6).

Levando para os domínios etéreos a discussão sobre poder, vantagem econômica, interesses financeiros e hegemonistas, disputas de riquezas etc., uns acusam George W. Bush de liderar o império de Satã, assim denominando aos Estados Unidos; já o secretário da Justiça norte-americano, John Ashcroft, não deixa por menos e afirma: "Deus, que concedeu aos EUA a responsabilidade de liderar e conduzir o mundo no caminho da liberdade, também deu ao país uma grande tarefa: prover a segurança que assegura a liberdade".

No meio dessas disputas nada celestiais, somos bombardeados pelas teorias mais reacionárias, pelas atitudes mais preconceituosas, pelas agressões mais desmesuradas. Um bom motivo para se discutir religião.

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