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Artigos-->Espetáculo do crescimento, galinha carijó e veado mocho -- 16/09/2003 - 16:52 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"O espetáculo do crescimento numa reunião de cúpula ululante entre uma galinha carijó, um que cantava de galo e outro que era um veado mocho.



José Luiz Dutra de Toledo (*)



“Santa Ignorância, Padroeira da Cultura, rogai por nós!” - invocação inspirada em obra do escritor paulista Uilcon Pereira. Na favela do pé sujo dancei forró até o sol raiar. Entrei no meio dos bundudos e dos paxás e me puz a esbaldar. Depois, num rumo in/certo, passeio de barco com a Ana Gleyre e pelo Aitzlaparraund, aprecio a coleção de botões do Hélio Lê-te (do Brazil Bank e amigo do falecido amigo comum e artista plástico capixaba/carioca Alberto Harrigan) e , em seguida, folheio e reconheço poemas de Glauco Mattoso (autor do Jornal Dobrabil dos anos 70 e 80 para o qual eu também colaborei). Releio com interesse Aricy Curvello, com Uilcon no coração, ao som de um samba-canção. Uma velha cadela desdentada ronca com desdém nas mil noites do sertão beautiful (onde hoje só vai ao cinema quem tem carro para se deslocar até os distantes shoppings e muitas vezes para ver aqueles filmes sangrentos que a televisão já mostra todas as noites). Além da gente topar por estes cerrados com freqüência com aqueles que apresentam como seus os escritos alheios, piores mesmo só as canjiquinhas com galinhas da vida(chamadas aqui de “galinhadas”, um horror!), as caspas e demais caqueiradas humanas!... Para maiores conhecimentos e reflexões sobre a desconhecida e rara obra de Uilcon leia este rigoroso livro que passo a indicar: CURVELLO, Aricy- Uilcon Pereira: no coração dos boatos – São Paulo- Editora Giordano / Porto Alegre- Editora AGE- Volume 27 da Coleção Memória- ano 2000- 200 páginas.



Relógios falsos não fazem passar as fomes brasileiras. Os tempos são outros e nada cai do céu. Só as bombas do Bush e dos terroristas.



Os ossos da virilha de Santa Teresa de Ávila ainda me servem de ampulheta mística/erótica. O cheiro de torresmos fritando num tacho fervilhante de gordura de porco acentua a minha sensual vontade de continuar vivo e de apreciar estes cheiros inesquecíveis (como os das basílicas e das catedrais). Enquanto menino, o meu amigo José Augusto entrava pela sacristia e saia pela porta da frente da igreja de São Domingos, em Lisboa, perto do Rocio, do Largo Martim Muniz, na qual, há quase 145 anos se casaram o rei Dom Luiz e Dona Maria Pia, a Rainha gastadeira, que viveu no maior conforto do mundo de então (e por quarenta anos) no Palácio da Ajuda (cuja construção foi iniciada por D. João VI antes deste Rei vir com toda a Corte para o Brasil), em 1802).



CABOTINO: palavra originária do nome de John Moors Cabot, assessor, em 1954, do Secretário de Estado dos EUA para Assuntos Interamericanos que ordenou a intervenção americana na Guatemala então presidida pelo nacionalista de esquerda Arbenz (no mesmo ano do suicídio de Getúlio Vargas). Confira no Dicionário de jargões anti-americanos (em elaboração) de José Luiz Dutra de Toledo(uma obra que terá muita saída em nossas livrarias, creio).



Foi lançado nos Estados Unidos e Canadá o People Finder’s Magazine , que se define como a primeira publicação de circulação nacional destinada às pessoas desesperadas e solitárias. Leia na edição de 18 de Janeiro de 1985 da Folha de S. Paulo . Something in Out: a nostalgia secreta. En plein Coeur, livro de arte de A. E. Marty – Nova Iorque – Lepade et al Dover Publications Inc. Pelo que aqui vemos é já muito antiga a insatisfação americana com o modo de vida americano. Veja outro fragmento a seguir: “Certa manhã de Abril eu acordei meio fissurado. Fiquei ali deitado , observando as sombras no teto de estuque branco. Me lembrei de um tempo muito remoto, quando eu deitava ao lado de minha mãe e ficava olhando as luzes deslizarem do teto pras paredes. Senti uma saudade aguda de apito de trem, som de piano ecoando na rua, folhas queimando...” (fragmento do livro JUNKYS de William Burroughs – escritor “beat” – editado em 1953). E ainda acrescento outra amostra: “O que há de melancólico na felicidade, não é ela não existir, e sim ela não durar.” (Edmund Wilson – 1895/1972 – em seu livro Rumo à Estação Finlândia ).



“Quando vou não quero chegar,/ quero dormir./ quando volto quero chegar, quero comer./ Quero ver Walter, / quero a minha casa./ Tanto indo como vindo,/ quero ver as ruas, as pessoas,/ os out-doors, os luminosos, as roupas e as caras das pessoas,/ a sensualidade e o perfume das pessoas,/ e pensar no mundo/ mergulhado nele/ e me ver nele./ Às vezes demora, às vezes é divertido./ Canto no ônibus quando estou à vontade/ Às vezes o ônibus é minha casa./ Às vezes o ônibus é uma lata de sardinha/ Às vezes o ônibus é um cinema, é um teatro,é uma dança./ Sempre o ônibus, todos os dias./ Horas de ônibus!.../ Às vezes o cobrador é o mesmo/ e com ele me sinto familiar, / conhecido, individualizado, pessoal./ Quando desconheço todos/ me sinto o outro/ que naquela confusão/ fica só observando, curtindo ou/ sofrendo porque é desconhecido./ Quem não me conhece,/ não sabe o que está perdendo./ Esta frase ficaria bem num out-door./ No out-door da minha vida.” (do poema Bus/ Out-door – de: José Luiz Dutra de Toledo- escrito em 5 de Maio de 1983.).



Perdoem a minha falta de amigos, mas ser escancarado me é fundamental. Germaine Greer já dizia há décadas que a nossa civilização não sólida só quer o aprimoramento dos orgasmos. Os ricos apodrecem drogados, os pobres apodrecem nas favelas. A maioria tenta esconder que é incapaz de pensar sem fichinhas e sem seus arquivos de micro-computador. E mais: o sexo não é necessário com a freqüência apregoada pela sociedade de consumo. Todos os primatas nascem inúteis, inclusive nós. Só que nós, diferentes dos demais, continuamos essencialmente inúteis no decorrer das nossas vidas. Aqui eu tenho uma blusinha que é a sua cara, Gláucia!... Muitos se foram , mas eu fiquei. Não adiantou insistir. Tive que entender. E sofrer. (...) Não existe elo sem eco. Self- leste- Ciao!... Celestial. (...) Em 1983 o papai morreu. Só a partir d’aí senti a morte dentro de mim. “A morte cozinhada/ ao alho e óleo/ (ao ódio e olho)/ retemperada/ com farto molho/ de sangue e lodo.” (fragmento poético do artista plástico mineiro Márcio Sampaio, um dos editores do boletim ARS MEDIA da Fundação Palácio das Artes Clóvis Salgado, de Belo Horizonte e hoje professor da UFMG).



Enquanto alguns morrem , a turma dos boquinhas vorazes aceita garotinhos à mesa, enquanto canta, com sucesso, o compositor tropicalista Tom Zé uma das suas sátiras à ditadura militar brasileira (1964/1985), uma das suas mais conhecidas canções: “”Em diversas cores, / veja que beleza!.../ Em vários sabores, a burrice está na mesa!.../ Ê bumba iê-iê-iê boi!...”. (22 de Agosto de 2003)”.



(*) José Luiz D. de Toledo - 51 anos e 8 meses; historiador e escritor; professor de escolas públicas e privadas (hoje aposentado por invalidez); Mestre em História pela UNESP de Franca/SP e Prêmio Clio-1992 da Academia Paulistana da História. Nunca ganhou um só centavo pelo que escreve e publica desde 1967.



jelidato@terra.com.br"









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