Diz um antigo ditado que o Diabo, quando não vem, manda o secretário. Pois não é que o secretário de Comunicação e Informação Social da Dona Marta, José Américo Dias, mandou publicar hoje no Diário do Comércio , de São Paulo, jornal onde regularmente tenho publicado alguns textos, nota (“Marta, pesquisa e PT ”) em que contesta o meu artigo “Terminando o Suplício ”. Para quem não lembra, nesse artigo eu apenas registrava dados da pesquisa do Datafolha, pela qual a aprovação da prefeita caiu para apenas 20% do eleitorado, a sua pior situação desde que assumiu o governo (dados pesquisados no mês de abril). De lá para cá a situação, a meu ver, só piorou.
A minha intuição é que as próximas pesquisas confirmarão o descenso da popularidade da prefeita. Não podemos esquecer que a imagem do governo federal, do PT, está em forte declínio, em função de múltiplos fatores: recessão, desemprego, reforma da Previdência, reforma tributária, promessas não cumpridas do tipo Fome Zero, sem esquecer as invasões do MST. O eleitor não é bobo e sabe que foi enganado pela retórica eleitoral de Lula. E, é sempre útil lembrar, a Dona Marta recebeu o estigma de Martaxa. Seu nome está indissoluvelmente ligado ao abuso estatal de tributar para quem mora em São Paulo.
A prefeita apostou na surrada fórmula de fazer oba-oba com a educação, a mesma utilizada por Collor de Melo e por Leonel Brizola, construindo grandes complexos arquitetônicos para servir de escola. Está chamando o eleitorado de tolo. Ainda no final do ano passado os jornais de São Paulo informavam que a rede pública de ensino municipal não dispunha de professores na quantidade suficiente nas cadeiras científicas, como física, química e biologia, de maneira que os alunos concluíam seus cursos com sérias lacunas de formação. Isso sem contar o nocivo método de aprovar alunos com rendimento acadêmico insuficiente, prestando um desserviço ao próprio. O método é um céu para os vagabundos e um inferno para os professores e colegas de sala, que são obrigados a carregar peso morto.
O CEU da Dona Marta, além de ser uma fórmula requentada, deveria servir de alerta pelo fato de que seus criadores (Collor e Brizola) não terem chegado a lugar algum com eles. Um foi cassado e o outro derrotado nas urnas. A lição é: não existe solução arquitetônica para o problema da educação. Meus filhos estudam em um ótimo colégio, o Bandeirantes, que não dispõe de estrutura de clube, com piscinas e que tais, mas coloca quase todos os seus alunos nas melhores escolas dos cursos superiores. Banho de piscina não serve como instrumento de aprendizado.
O secretário não precisa me convencer da boa administração da sua patroa. Não conseguirá jamais. Deve tentar convencer a maioria dos munícipes, que estão muito insatisfeitos com ela. Essa tarefa, creio eu, é ingrata. Dona Marta deveria mesmo é ir curtir a sua lua-de-mel prolongada e deixar em paz a população paulistana.
