Sendo o holomundo uma realidade mais ou menos complexa, sempre problemática , ele traduz-se através de representações mentais, espirituais, anímicas: imagens, figuras, metáforas, parábolas e alegorias, assim como em
descrições escritas, auditivas e visuais.
A
mitologia representa-se pelo recurso oral ou escrito na descrição e narração in /enformado pela parábola e pela alegoria complementarizadas por representações iconográficas; e estas descrevem
na linguagem poética as experiências fundamentais vivenciadas pelo homem;
são estórias arquetípicas a relatar padrões universais existentes em
todas as civilizações, circunscritas a culturas específicas de certos momentos históricos, a questionar e equacionar numa tentativa de concretizar surrealisticamente, os
problemas e as angústias mais íntimas, como por exemplo a luta pelo poder, reflectida na
história de Zeus (rei dos deuses) e Cronos (o deus do tempo), ou o dilema da
escolha descrito na história de Páris, incumbido por Zeus para presidir a um
concurso de beleza entre as três deusas: Hera (a rainha das deusas),
Afrodite (a deusa do amor) e Palas Atena (a deusa da justiça). A história de
Prometeu - o titã que roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens para subsistirem à fome, e
por causa deste arrojo, foi punido por Zeus - representa a imagem do sacrifício ou a luta
entre pais e filhos. É a libertação da subjugação, uma natura que se repercute de geração em geração.
Como nas demais peças do grande trágico eleusiano, as
personagens do "Prometeu Acorrentado" são vítimas impotentes em relação à fatalidade
inexorável. O anúncio, porém, de um futuro melhor, uma forte brisa de
esperança, perpassa, finalmente, para conforto dos que sofrem os males do
destino. "Prometeu Acorrentado" é o primeiro episódio de uma majestosa
trilogia, da qual se perderam as outras partes. In Esquilo - Prometeu
Acorrentado, Trad. J.B. Mello e Souza, Ediouro, SP., evidencia mitologicamente que
Urano (o céu) e Géia (a terra) se uniram, e dessa união surgiu a primeira
raça: os titãs. Urano considerava seus filhos feios e imperfeitos, pois eram
feitos de carne e assim resolveu condená-los às trevas. Indignada Géia
traçou um plano de vingança, no qual contou com a colaboração de Crono, seu
filho mais novo. Géia retirou do próprio seio uma grande pedra e dela moldou
uma foice. Certa noite, enquanto Urano dormia ao lado de Géia, Crono usando uma
foice, cortou-lhe os testículos, e atirou-os ao mar. Em seguida libertou seus
irmãos e expulsou Urano; é este o exemplo da insubmissão e rebelião contra o poder paternal; e foi assim que Crono passou a reinar como soberano na
Terra. O período de seu reinado ficou conhecido como a "A Idade do Ouro",
tendo sido uma era de abundância e de fartura.
rezava uma profecia que Crono
seria destronado por um de seus filhos, confirmando as relações pela reacção de ricochete; e deste modo, temendo que a dita se cumprisse Crono irremediavelmente,
fez o melhor que soube e pôde - comeu os próprios filhos. Durante cinco anos Réia deu à luz
os filhos e filhas de Crono, e temerosamente este engolia-os para manter o poder. Grávida de seu sexto filho
Réia foge para a Arcádia e aí gera e dá à luz Zeus; astuciosamente ocultado de
Crono, o nascimento da criança, estimula mais tarde, e na altura em que já o poderia fazer, Zeus a eliminar o pai
(Crono).
Zeus disfarçado de copeiro dá a Crono uma poção que faz com que
este adoeça e vomite todos os filhos e filhas que comera. E então Zeus lidera uma
rebelião, que tem como o mais importante aliado, o seu primo Prometeu (filho
de Jápeto e irmão de Crono. Prometeu convenceu os ciclopes a emprestar o raio a
Zeus, e desta forma Zeus destronou Crono.
Alguns autores dizem que ele foi
banido para as trevas, outros crêem que ele foi para as Ilhas Abençoadas, onde
ainda dorme aguando o início da nova Era Dourada.
Assim se inicia o reinado de
Zeus; ele instala-se no monte Olimpo, onde fixa residência. Tendo como
símbolos de poder os raios e os coriscos ou trovões. E como defesa sua jamais devolveu o raio aos
ciclopes. Casado com Hera (a deusa do casamento e da fertilidade), ele gerou
muitos filhos e filhas; entre eles contam-se Palas Atena, as Moiras, as Musas e
Dique.
Zeus desconfiava dos seres humanos; definitivamente, estes representavam os
restos do antigo mundo, regido por Crono. Antes desta, na "Idade do Ouro" os
homens, os deuses e os animais viviam pacificamente, para Zeus isto era
inconcebível. Sua ideia era substituir a raça humana por outra da sua lavra e
criação. Para concretizar este seu objectivo, impediu que os homens encontrassem
alimento, e consequentemente estes morreriam de fome.
Prometeu então autorizou toda a
humanidade praticar a matança de animais e utilizá-los em seu sacrifício. Mas, Zeus então nega aos
homens essa hipótese concedida sem sua aprovação, e retira destes a possibilidade de preparar a carne, e de realizar
sacrifícios. É, deste modo, intolerável que o plano de Prometeu fracassa. E este, então, resolve
roubar da forja sagrada de Hefestos (o deus ferreiro ou das artes manuais)
um pouco de fogo, que esconde num caule vazio de funcho, para no momento mais oportuno
trazê-lo à terra.
Indignado, quando soube, e como vingança, Zeus decide castigar os homens enviando para a
terra uma linda mulher de nome Pandora, com uma caixa contendo todos os
males da humanidade. Para Prometeu reservou-lhe o castigo: ser banido para o Cáucaso,
onde foi acorrentado num rochedo, com a cabeça para baixo; Aí exposto aos depradadores, uma águia bicar-lhe-ia
o fígado continuamente.
Durante trinta anos, Prometeu teve seu fígado
dilacerado durante o dia, sendo reconstituído à noite; porém, mais tarde, Zeus permitiu que Héracles
libertasse o prisioneiro acorrentado, e este, no momento exacto, rompeu-lhe as correntes, e matou a
águia insaciável.
A humanidade agradecida, pela reconsideração de Zeus, edificou, posteriormente, altares em seu louvor, e desde
então usa anéis a simbolizar o rompimento dos elos da servidão.
As pessoas sábias discutem ideias, sistemas e psicarquétipos; as medianas dialogam sobre factos que acrescentam algo ao nosso aperfeiçoamento humano no Holomundo;
as medíocres discutem acontecimentos, que não acrescentam nada à nossa natureza evolutiva;
os estúpidos e os idiotas, ou sejam: os jactantes, os ressabiados e os invejosos maldizem das pessoas com quem inditosamente se cruzam.
Teste com estes pressupostos a sua potência intelectual! EUGÉNIO DE SÃO VICENTE