Uma reportagem muito interessante publicada no jornal Gazeta do Povo, da cidade de Curitiba(PR), relata que os carrinheiros(novo termo politicamente correto para os catadores de papel) estão sendo duramente atingidos pela crise econômica.
Os carrinheiros reclamam que seu nicho de trabalho foi tomado de assalto por pequenos depósitos de papel que possuem kombis e outros veículos capazes de recolher material reciclável com muito mais eficiência e a matéria prima já não está tão fácil de ser encontrada na frente das residências e lojas como antigamente.
Entre os concorrentes dos carrinheiros estão condomínios, entidades assistenciais e recém desempregados que perceberam a possibilidade de trabalhar e participar do imenso mercado.
Para os carrinheiros(muitos deles moradores das favelas), a situação ficou bastante difícil. Os carrinheiros chegam a percorrer vinte quilômetros ou mais pela cidade para conseguir cargas que no máximo atingem um volume equivalente a 200 quilos. Recolhem vidros, plásticos, papelões, jornais, e a população de Curitiba já separa os materiais do lixo orgânico para facilitar o trabalho dos catadores.
A prefeitura de Curitiba também recolhe o material reciclável em caminhões especiais, e houve queda de 28% no recolhimento, já que o número de pessoas na atividade de recicláveis cresceu.
O panorama de Curitiba é bastante diverso de Porto Velho, onde ainda não existe uma política de reciclagem adequada para outros materiais, apenas para as latinhas de alumínio.
Enquanto não se define pela reciclagem dos plásticos, o rio Madeira recebe parte dos detritos da população da Capital. Uns poucos raizeiros aproveitam garrafas vazias de refrigerantes do tipo pet. As demais vão para o caminhão de lixo, somando-se ainda garrafas e metais ao saturado lixão da Vila Princesa.
Não há fábricas de vidros nas proximidades para aproveitar as sobras, os papéis e papelões acabam sendo jogados fora ou queimados também.
Desde o ano 2000 já tentou se implantar um programa para a reciclagem de plástico, mas não funciona direito. A cooperativa dos catadores não conseguiu atingir ainda os objetivos iniciais para abrir uma nova oportunidade de trabalho a centenas de desempregados.
Programas sem resultado e a falta de interesse de empresários estão transformando o rio Madeira no rio das almas, pois, se não houver cuidado com os recursos hídricos, o Tietê será logo ali.